Capítulo XVIII

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Na calçada do café, notei pelas vidraças um fluxo considerável de clientes, do lado de dentro.

Abri a porta, fazendo ressoar o sininho acima da minha cabeça. Hannah Creek, nossa atendente, corria de um lado para o outro na demanda de atender tantas pessoas.

Passei pela cancela, indo para o lado de dentro do balcão.

— Oi, Hannah! — cumprimentei.

Fazendo o registro no caixa, ela parou os movimentos para olhar em minha direção. Ao me ver, a aflição em seu rosto deu lugar a um sorriso.

— Annie! Que ótimo ver você!

— Vou me trocar — falei, indo até a sala da despensa para pegar uma touca e um avental.

O café de tia Margot recebia gente de todo o tipo e de diversas partes da cidade, estando no centro de uma área empresarial.

Costumávamos ver homens e mulheres bem vestidos em seus trajes de trabalho e, vez ou outra, pessoas que estavam a passeio.

Aquele dia em específico era um dos muitos movimentados, que nos faziam suar. Voltando para o balcão, comecei a recolher os pedidos.

— Hoje foi cheio assim o tempo inteiro — Hannah disse, caminhando para a bancada de doces.

— Você deve estar exausta — observei.

— Para você deve ser ainda pior depois de um dia de aula.

Coloquei um donut com calda de morango dentro de um saco plástico e o entreguei para uma mulher à minha frente, no balcão.

— Nem se compara a ficar aqui sozinha — respondi.

Hannah fez o registro no caixa e então ajeitou os fios de cabelo, que escapavam pela touca.

— Você está gostando da nova escola? — ela perguntou.

— É desafiador, mas sim. Agora estou em um projeto de créditos extras, por isso não posso vir nas segundas.

— Isso é ótimo, aproveite — ela retrucou, caminhando até o outro lado da bancada para atender o próximo cliente. — Não consegui entrar em uma boa faculdade por isso, meu currículo sempre foi mediano demais — e sorriu, parecendo tentar disfarçar uma feição de tristeza.

— O que você queria fazer? — questionei.

— Bem, sempre gostei da administração, queria poder abrir um grande restaurante.

Ao entregar mais um pedido, percebi que nos olhos de Hannah, havia um quê de desesperança.

Ela tinha um pouco mais de idade do que eu, mas sempre concentrou seus esforços em trabalhar como forma de ajudar a família, embora isso custasse seus estudos.

Pelo que Margot havia contado, seu pai era um alcoólatra, incapaz de manter o sustento da casa, e a mãe tinha um emprego como camareira de um hotel no Condado de Westchester, que lhe rendia muito pouco.

Para alguns, a história de Hannah era motivo de inspiração, mas eu não podia deixar de ver o quão deprimente era uma jovem abrir mão de seu futuro para manter uma realidade tão disfuncional. Naqueles momentos, eu me sentia privilegiada. A sorte de se ter um provedor era rara e mudava todo um destino.

Era por isto que tia Margot a recebia muito mais do que como uma simples funcionária. Ela a tinha como uma segunda filha desde que começara a trabalhar no café.

No fim do expediente, após todos os clientes saírem, nos pusemos a juntar as mesas e cadeiras. Do lado de fora, vi o Zafira de Lohan Smith estacionar próximo à calçada.

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⏰ Última atualização: Sep 11 ⏰

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