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Billie

-- O que achou?-- Pergunto para Lea, após ajuda-la no banho. Ela esta enrolada em seu roupão. S/n foi embora a pouco tempo -- Gostou dela?

-- Ela é legal... Mas... Eu não sei...-- Ela responde um pouco insegura

-- Você pode ser totalmente sincera comigo. Não vou te julgar por seus sentimentos, tudo o que você sente ou pensa é completamente válido para mim. Como se sente em relação a ela?-- Pergunto e ela pensa por alguns segundos

-- Tempo -- fala simplesmente

-- Tempo?-- Pergunto e ela concorda

-- Preciso de tempo... Ainda não sinto como se ela fosse uma mãe... Acho que ela também não sente isso ainda -- ela responde com uma maturidade além da esperada para uma criança de quatro anos

-- Certamente... Acho que vocês duas precisam de tempo. Ela esta disposta pelo menos... Com o tempo, talvez, você possa conseguir ver ela como uma mãe. Você não precisa chama-la de mãe de imediato se não se sentir pronta para isso -- ela concorda com a cabeça -- Ela esta disposta a tentar. Mas quero saber de você, você se sente disposta? Se não quiser isso, não precisaremos iniciar com isso

Lea me olha pensativa, absorvendo cada palavra com seriedade, considerando suas opções. É impressionante ver como, mesmo sendo tão jovem, ela já entende a complexidade das emoções humanas e a importância das decisões que tomamos.

-- Sim, eu quero tentar... Eu acho -- ela começa devagar, suas palavras cuidadosas. -- Mas eu quero que seja devagar. Como quando você está aprendendo a nadar. Primeiro, você só coloca os pés na água, depois um pouco mais, até você estar nadando.-- Sua analogia é tão perfeita que me faz sorrir.

-- Isso faz todo o sentido, pequena. Podemos ir devagar. Ninguém precisa se apressar. Como você disse, é como aprender a nadar. Vamos dar um passo de cada vez, juntas. -- Eu reafirmo, garantindo que ela entenda que tem todo o apoio e compreensão necessários nessa nova fase.

Lea sorri, parecendo aliviada e mais confiante com a abordagem sugerida.

-- Ok, mamãe. Eu acho que posso tentar isso. Mas... podemos ter mais dias com pipoca e filmes? Só eu e você também?-- Ela pergunta, um pouco tímida.

-- Claro, minha querida. Teremos muitos dias assim, só eu e você. Isso nunca vai mudar.-- Eu asseguro, puxando-a para mais um abraço. É fundamental para ela saber que, independentemente de qualquer nova dinâmica familiar, nossa conexão e nossos momentos especiais permanecerão inalterados.

-- Que tal fazermos isso agora? Podemos colocar nossos pijamas de dinossauro, pegar a Cools e sua casinha, fazermos pipoca, colocar nossos cobertores no sofá e assistir encanto! -- Sugiro animada para a pequena ainda enrolada em seu roupão de unicórnio

Os olhos de Lea se iluminam com a sugestão, um brilho de pura felicidade e excitação dançando neles.

-- Sim, sim! Vamos fazer isso, mamãe!-- Ela pula de alegria, o roupão de unicórnio se agitando com seus movimentos. -- Vou buscar a Cools!-- Ela diz, já correndo em direção ao seu quarto antes de parar abruptamente e olhar para trás. -- Mamãe, você pega a pipoca e os cobertores? Eu vou colocar meu pijama de dinossauro!

Com um aceno, concordo, sentindo meu próprio coração leve com a perspectiva de nossa pequena festa do pijama.

-- Combinado, pequena. Vamos ter a melhor noite de todas.

Enquanto preparo a pipoca e busco os cobertores mais fofos que temos, não posso deixar de sorrir, pensando em como momentos simples como este são os verdadeiros tesouros da vida. A casa logo se enche com o cheiro convidativo de pipoca fresca, e os cobertores estão prontos para nos acolher em um abraço quente.

Quando Lea retorna, vestida em seu pijama de dinossauro, segurando a casinha portátil de Cools com um sorriso gigante, sinto uma onda de gratidão. Por mais que a vida nos apresente desafios, são esses momentos de pura conexão e alegria que nos lembram do que realmente importa.

-- Estamos prontas, mamãe!-- Ela anuncia orgulhosamente, colocando Cools em um lugar seguro perto do sofá.

Juntas, nos aconchegamos sob os cobertores, com a pipoca entre nós e Cools por perto, prontas para entrar no mundo mágico de "Encanto". Nesse instante, com o coração cheio de amor, sei que não há outro lugar no mundo onde eu preferiria estar.

(...)

-- Ela disse que precisa de tempo para assimilar isso... Achamos que vocês duas precisam disso. As coisas não se resolvem em um passe de mágica. Ela primeiro precisa que você conquiste a confiança dela, ai sim, talvez receba o privilégio de ser chamada de mãe por ela... -- Explico calmamente para S/n, enquanto limpo o balcão do restaurante. Ela pega o pano que estava em meu ombro é começa a me ajudar, limpando a outra ponta do balcão

-- Eu entendo ela perfeitamente, e nem espero que ela me chame ou me considere sua mãe assim, no primeiro momento... Quero que seja no tempo dela, e estou disposta a esperar o tempo dela... Ansiosa, porém esperarei quando tempo for necessário -- ela diz simplesmente -- Mas... Ela gostou de mim?

Eu paro por um momento, pensando na melhor maneira de transmitir os sentimentos de Lea sem desencorajar S/n. Finalmente, respondo, buscando capturar a essência da reação de Lea.

-- Ela achou você legal, mas está um pouco insegura, o que é totalmente compreensível dadas as circunstâncias -- digo, oferecendo a ela um sorriso reconfortante. -- Ela precisa desse tempo para processar as coisas, mas o fato de você estar disposta a esperar, a dar esse espaço para ela, isso já diz muito. Você já está começando a construir essa ponte de confiança.

S/n parece absorver minhas palavras, um lampejo de alívio e determinação passando por seus olhos. Ela assente, uma determinação calma estampada em seu rosto.

-- Isso é tudo o que posso pedir agora -- ela diz, retornando ao trabalho com o pano. -- Tempo e paciência. E, claro, fazer tudo que estiver ao meu alcance para garantir que ela saiba que estou aqui para ela, não importa quanto tempo leve.

Ao vê-la tão genuinamente comprometida, não posso deixar de sentir um fio de esperança. Talvez, apenas talvez, com tempo e cuidado, as coisas possam se ajeitar de uma maneira que seja saudável e feliz para todas nós, especialmente para Lea.

-- Obrigada, S/n. Por estar disposta a fazer isso do jeito certo. Isso significa muito -- digo, reconhecendo o esforço que ela está disposta a fazer.

Com o balcão limpo e a conversa encerrada, sinto que um novo capítulo está começando para nós, um cheio de desafios, mas também de possíveis alegrias e crescimento. Resta-nos navegar por essas águas desconhecidas com cuidado e compreensão, esperando alcançar um porto seguro para todas.

Acaso (Billie/You Gp)Onde histórias criam vida. Descubra agora