S/n
Já tinha uma semana desde o dia no shopping. A doutora Danielle pediu para conversar com Billie após a consulta de hoje. Billie se manteve quieta desde o momento em que saímos do consultório.
-- Podemos conversar? -- Billie perguntou quando chegamos em casa.
Eu concordei com a cabeça, colocando Caleb sentado no sofá. Ele parecia mais calmo agora, distraído com um de seus brinquedos favoritos.
-- Aconteceu alguma coisa? -- perguntei, preocupada com o tom sério de Billie.
-- A doutora Danielle me chamou para conversar hoje... Ela disse que suspeita que Caleb tenha autismo... -- Billie começou a explicar, visivelmente aflita. Eu senti um aperto no peito, mas me esforcei para manter a calma e ouvir tudo que ela tinha a dizer. -- Ela disse que pode ser um nível de suporte um, o que é aquele dito pejorativamente de 'grau leve'... -- continuou Billie, olhando para Caleb que agora estava alheio ao nosso mundo, concentrado em alinhar seus brinquedos. -- Ela disse que precisa de mais um tempo para dizer algo com precisão, até aumentou a quantidade de consultas dele...
Tomei um momento para digerir a informação. As palavras de Billie ecoavam em minha mente enquanto olhava para nosso filho, tão inocente e alheio à conversa séria que estávamos tendo sobre ele.
-- Ok... -- comecei, respirando fundo uma vez, tentando encontrar as palavras certas. -- Vamos fazer o que for preciso para ajudar o Caleb a compreender a si mesmo e a nós compreendê-lo. Se a doutora Danielle acha que aumentar as consultas vai ajudar, então vamos seguir com isso.
Billie me olhou, os olhos brilhando com uma mistura de alívio e preocupação. Eu me aproximei dela, segurando suas mãos com firmeza.
-- Vamos passar por isso juntas. Vamos dar ao Caleb todo o apoio e amor que ele precisa -- disse, tentando transmitir confiança. -- E se for autismo, nós vamos aprender, nos adaptar, e fazer o que for necessário para que ele tenha uma vida plena e feliz.
Billie assentiu, um pequeno sorriso se formando em seus lábios. Ela parecia um pouco mais tranquila agora, sabendo que estamos juntas nessa jornada.
-- Eu amo você -- ela disse, e eu retribuí o sorriso.
-- Eu também amo você -- respondi, puxando-a para um abraço apertado. Juntas, olhamos para Caleb, sabendo que vamos enfrentar tudo como uma família.
-- Mami! -- Caleb chamou, me encarando e apontando para a televisão.
Eu olhei para Billie, que explicou:
-- Ela disse para incentivar ele a falar, diminuir isso de interpretar o que ele aponta e pedir que ele diga o que quer.
Concordei com a cabeça, entendendo a importância de seguir a orientação da doutora Danielle.
-- Mamiiii -- Caleb chamou mais uma vez, insistente, ainda apontando para a televisão.
Ajoelhei-me ao lado dele, tentando usar um tom encorajador.
-- Caleb, você quer assistir algo na televisão? -- perguntei, tentando guiar suas palavras.
Ele olhou para mim, hesitante, mas então balbuciou:
-- Titi... Desenho...
Sorri, feliz por ele ter feito um esforço para falar.
-- Muito bem, Caleb! -- elogiei, pegando o controle remoto e ligando a televisão. -- Vamos assistir um desenho, então.
Enquanto eu procurava o canal dos desenhos, senti o olhar orgulhoso de Billie sobre nós. Ela se aproximou e acariciou os cabelos de Caleb.
-- Estamos juntos nisso, meu amor -- disse ela, baixinho, mas com firmeza.
Eu acenei, sentindo uma onda de determinação. Nossa jornada estava apenas começando, e estávamos prontos para enfrentar qualquer desafio juntos, como uma família.
(...)
Durante a noite, decidimos fazer um pequeno cinema em casa. Nós organizamos o sofá-cama para que ficasse confortável para todos. Caleb estava sentado em uma das pontas do sofá, com um pedaço de maçã em mãos, Lea estava na outra ponta com um balde de pipoca, e Billie e eu estávamos no centro.
-- O que querem assistir? -- perguntei, zapeando as opções de filmes.
-- Garfield! -- Lea falou animada.
-- Sulivan -- Caleb disse simplista.
-- Vamos assistir a um filme novo, Caleb. Garfield parece legal -- sugeri, enquanto Billie acariciava os cabelos do pequenino.
-- Sulivan -- ele repetiu.
-- Podemos assistir ao Sulivan depois, o que acha? -- Billie sugeriu. No entanto, Caleb parecia não estar escutando o que ela dizia, repetindo "Sulivan" diversas vezes.
Respirei fundo, lembrando-me do que a doutora Danielle havia dito sobre tentar desviar suavemente sua atenção quando ele estivesse fixado em algo.
-- Caleb, vamos assistir ao Garfield agora e depois assistimos ao Sulivan, ok? -- falei, tentando manter a voz calma e firme.
Ele continuou repetindo "Sulivan" algumas vezes, mas então, de repente, parou e olhou para a tela da televisão, talvez intrigado pela capa colorida do filme do Garfield que estava exibindo.
-- Olha, Caleb, o gatinho engraçado -- disse Billie, apontando para a imagem de Garfield. -- Vamos assistir a este primeiro, e depois vemos o Sulivan.
Caleb olhou para a imagem por um momento e, embora ainda estivesse relutante, começou a mastigar a maçã novamente, seu olhar preso na tela.
-- Isso, vamos assistir juntos -- eu disse, apertando o play. Lea estava já sorrindo animada com a escolha e eu senti uma sensação de alívio ao ver Caleb se acomodando um pouco mais, ainda que não estivesse completamente feliz com a mudança de plano.
Enquanto o filme começava, eu olhei para Billie e trocamos um sorriso. Sabíamos que essa jornada seria cheia de pequenos desafios e vitórias, e essa era apenas mais uma etapa para enfrentarmos juntas.
Caleb parecia ter sido cativado pelo gatinho laranja do filme. Seu olhar estava atento a cada pequeno movimento do gato. Em dado momento, ele colocou sua mãozinha em seu potinho de maçãs e franziu as sobrancelhas.
-- Abo... -- ele disse, me estendendo o pote já vazio.
-- Acabou? -- questionei, e ele concordou com a cabeça. -- Vou pegar mais para você, pequeno -- disse, levantando-me do sofá e indo para a cozinha. Peguei algumas maçãs frescas e rapidamente cortei em pequenos pedaços, colocando-as de volta no potinho de Caleb.
Quando voltei para a sala, ele me olhou com um sorriso e pegou o pote de minhas mãos, retomando sua atenção ao filme.
-- Aqui está, aproveite -- disse, sentando-me de volta ao lado de Billie. Lea estava rindo de uma das piadas do Garfield, completamente imersa no filme.
Billie me olhou e sussurrou:
-- Obrigada por ser tão paciente com ele.
Eu sorri e dei um leve beijo em sua testa.
-- Estamos juntas nisso -- respondi.
Caleb, agora feliz com seu pote de maçãs renovado, continuou a assistir ao filme com os olhos brilhando. Momentos como esse, embora simples, eram lembranças preciosas de nosso esforço e amor como família.
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Acaso (Billie/You Gp)
Fanfiction-- Billie, do que está falando? eu juro que não faço ideia do porque está tão irritada, achei que estivessemos bem -- eu reviro meus olhos com sua fala -- Como consegue ser tão dissimulada? Você some por anos, não atende minhas ligações, não vê minh...