S/n

-- Eu ainda não sabo andar de bicicleta -- Lea comenta colorindo o desenho do peixinho dourado que ela fez, se parecia mais com um conjunto de rabiscos, mas ainda assim era lindo e perfeito aos meus olhos. -- Droga, falei errado de novo -- ela diz claramente frustrada com um pequeno errinho de pronuncia

Olhando para o desenho colorido de Lea, sinto uma onda de orgulho por sua criatividade e esforço, mesmo quando ela se frustra com um pequeno deslize na fala.

-- Ei -- digo, com um tom encorajador -- todo mundo comete erros quando está aprendendo algo novo. É assim que crescemos e melhoramos. E sobre andar de bicicleta, isso é algo que podemos começar a aprender juntas, se você quiser.

Eu dou uma pausa, permitindo que a ideia se acomode nela, antes de acrescentar:

-- E não se preocupe com pequenos erros ao falar. O importante é que você está tentando, e isso já é algo muito bom. Além disso, cada vez que você tenta, você fica um pouquinho melhor.

Ela olha para mim, ainda um pouco frustrada, mas consigo ver um brilho de interesse em seus olhos quando menciono a bicicleta.

-- Você me ajudaria a aprender?-- ela pergunta, um misto de esperança e incerteza na voz.

-- Claro -- respondo com um sorriso, -- vai ser uma aventura para nós duas. E vou estar lá com você em cada passo do caminho, garantindo que você esteja segura enquanto aprende. Vamos cair algumas vezes, mas isso faz parte do processo. O importante é levantar e tentar novamente.

Lea sorri, colocando de lado o desenho e os lápis de cor, sua frustração momentânea esquecida ante a perspectiva de aprender algo novo e emocionante.

-- Ok, vamos tentar então. Mas não hoje, certo? Estou cansada.

-- Quando você quiser -- eu digo, pegando o desenho e olhando para ele novamente. -- Este vai para a geladeira. Precisamos lembrar do nosso amigo Clovis e do dia em que decidimos aprender a andar de bicicleta juntos.

Ela ri, satisfeita, e eu sinto uma imensa felicidade por poder compartilhar esses momentos com ela, ensinando-a a lidar com as pequenas frustrações da vida e a encarar novos desafios com entusiasmo e coragem.

-- O que estão aprontando? -- Billie chega em casa no exato momento em que estavamos prendendo o desenho de Lea na geladeira.

Olho para Billie com um sorriso, enquanto seguro o desenho de Lea, prestes a colocá-lo na geladeira.

-- Estamos apenas adicionando um pouco de arte à decoração da cozinha -- respondo, indicando o colorido, ainda que abstrato, desenho de um peixinho dourado. -- Lea fez um desenho em memória do peixinho da sala dela, que infelizmente nos deixou.

Lea se aproxima, um pouco tímida, mas orgulhosa de seu trabalho, olhando para Billie com expectativa.

-- E também decidimos que vou aprender a andar de bicicleta -- ela adiciona rapidamente, um brilho de excitação em seus olhos pela nova aventura que a aguarda.

-- Isso soa maravilhoso -- diz Billie, se aproximando para dar uma olhada mais de perto no desenho. Ela se abaixa para ficar na altura dos olhos de Lea, sorrindo. -- Este desenho está incrível, Lea. Vai deixar nossa cozinha muito mais alegre. E sobre a bicicleta, estou muito orgulhosa de você por querer aprender. Vai ser muito divertido, e eu quero ver você se tornando uma expert.

Billie se levanta, olhando para mim e para o desenho com uma expressão de afeto.

-- Vocês duas estão sempre aprontando algo, hein? Fico feliz em ver essa energia positiva em nossa casa. É o que a torna um lar, afinal.

-- Sim -- concordo, finalmente prendendo o desenho com um imã na geladeira. -- Cada pequeno momento, cada nova aventura, nos ajuda a crescer e nos aproximar. E, quem sabe, talvez até eu reaprenda algumas coisas no processo, como a alegria de andar de bicicleta sem preocupações.

(...)

-- Ai... Não me solta -- Lea pede em um tom assustado, enquanto começa a pedalar a bicicleta de forma desajeitada. Billie deixou que eu trouxesse ela ao parque

-- So vou te soltar quando se sentir pronta -- asseguro a pequena

Ela segura o guidão com mais força. O parque está cheio de famílias e crianças correndo por todos os lados, mas meu foco está na pequena bicicleta vermelha e na determinação de Lea.

-- N-Não me solta -- ela repete, com um misto de excitação e nervosismo enquanto suas perninhas pedalam desajeitadamente.

-- Eu estou aqui, não vou soltar -- eu prometo, mantendo uma mão firme na parte de trás do selim. Sinto a responsabilidade pesar sobre mim; quero que ela se sinta segura e apoiada, quero ser a figura de estabilidade que ela precisa neste momento de aprendizado.

Observo-a tentar equilibrar-se, e cada pequeno ajuste que faz nos guidões me deixa um pouco mais orgulhosa.

-- Você está indo muito bem, Lea. Continue assim. Eu só vou te soltar quando você se sentir pronta, tá bom?

Ela assente com a cabeça, concentrada, e eu me sinto inundada de carinho por essa pequena que tão rapidamente se tornou uma parte essencial da minha vida.

-Solta!-- Ela pede após algumas pedaladas um pouco mais segura dessa vez. Ela percorre alguns metros antes de desequilibrar um pouco e tombar para o lado eu corro em sua direção, ajudando-a a se levantar

-- Você esta bem?-- Pergunto e ela concorda limpando a poeira. E então me encara

-- Acho que eu ralei meu joelho, ta ardendo -- ela diz e ri fraquinho -- mas eu andei bastantão mamãe!-- Diz entusiasmada. Escuta-la me chamando de mamãe pela primeira vez foi a melhor sensação do universo

Eu sorrio, sentindo uma alegria imensa por dentro ao ouvi-la me chamar de mamãe. É um título que eu jamais esperava receber, mas agora que ela o diz, parece o som mais doce e importante do mundo.

-- Você andou mesmo, meu amor! Foi incrível -- respondo, igualmente entusiasmada, enquanto me abaixo para examinar seu joelho. -- Vamos ver esse machucado, tá bom?-- Cuidadosamente, limpo o pequeno arranhão, assegurando que está tudo bem. -- Um verdadeiro ciclista tem que estar preparado para alguns tombos, não é?

Lea acena com a cabeça, a dor do machucado já esquecida pelo orgulho de sua pequena conquista.

-- Eu quero tentar de novo, posso?

-- Claro que pode -- digo, ajudando-a a subir de novo na bicicleta. -- Eu estou aqui com você, vamos tentar de novo até você se sentir como a maior ciclista do parque.

Enquanto a acompanho novamente, desta vez mantendo uma distância segura para dar-lhe espaço mas pronta para intervir se necessário, penso sobre como minha vida mudou. Estar aqui, com Lea, ensinando-a a andar de bicicleta, me faz pensar em todos os outros momentos que ainda vamos compartilhar. Me sinto grata por Billie confiar em mim para ser parte da vida de Lea, para ser mais do que apenas uma amiga ou uma conhecida, mas uma mãe.

Cada pedalada dela, cada risada, cada pequeno triunfo, acrescenta algo indescritível ao meu mundo, preenchendo-o de calor e propósito. Eu observo orgulhosa, pronta para apoiá-la em cada nova aventura, em cada novo desafio, assim como ela, sem saber, me apoia e me ensina o verdadeiro significado de família.

Acaso (Billie/You Gp)Onde histórias criam vida. Descubra agora