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Billie

-- O que vai fazer em relação a isso?-- Minha melhor amiga, Zoe, pergunta e eu dou de ombros

-- Eu não sei... Não faço ideia de como Lea reagiria ao descobrir sobre S/n, não sei se posso acreditar nela... Eu simplesmente não sei -- respondo sincera. Estamos em minha casa, Lea ja está dormindo.

Zoe me olha com compreensão, seus olhos transbordando de apoio. Ela sempre teve essa habilidade de oferecer conforto sem precisar dizer muito.

-- Billie, é uma situação complicada, mas qualquer que seja sua decisão, você não estará sozinha. Estarei aqui com você. -- Ela faz uma pausa, parecendo escolher as próximas palavras cuidadosamente. -- Talvez começar devagar seja a chave. Você não precisa decidir tudo agora. Podem se encontrar em lugares neutros, conversar mais... Ver como as coisas evoluem. E quanto a Lea, você a conhece melhor do que ninguém. Vai saber o momento certo de contar pra ela, se decidir que é o que quer fazer.

-- Você acha que devo dar a ela a chance de explicar? Mesmo depois de tudo?-- A ideia de confiar em S/n novamente, de abrir essa porta, parece tão arriscada.

-- Eu acho que as pessoas podem mudar, ou pelo menos, merecem a chance de mostrar que mudaram. Mas isso não significa que você tem que confiar nela de imediato ou colocar você ou a Lea em uma posição vulnerável. Proteja-se, Billie. Proteja a Lea. Mas talvez... talvez haja espaço para a esperança, mesmo que seja pequeno.

Seu conselho ecoa dentro de mim, um lembrete de que o caminho à frente não precisa ser percorrido com pressa.

-- Obrigada, Zoe -- digo, sentindo um pouco de peso se levantar dos meus ombros. -- Eu só quero fazer o que é melhor para a Lea.

-- Eu sei que quer, e você vai. Você é a melhor mãe que ela poderia ter.-- Zoe sorri, e em seu sorriso, encontro um pouco da coragem que me faltava.

Conversar com Zoe sempre me traz clareza. Saber que tenho seu apoio incondicional me dá força. A ideia de permitir que S/n explique sua versão dos fatos, sob minhas condições e em meu próprio tempo, começa a parecer menos assustadora. Talvez haja espaço para diálogo, espaço para entender o passado e, quem sabe, olhar para um futuro onde Lea possa conhecer todas as partes de sua história, com todas as proteções possíveis ao redor de seu coração.

-- Mamãe... Eu tive um pesadelo muito feio -- Lea entra na sala, vindo ate mim com as bochechas banhadas por lagrimas

-- Mamãe ta aqui minha princesa... Foi só um sonho ruim, apenas isso... -- Digo acariciando seus cabelos, e beijando o topo de sua cabeça -- Quer falar sobre isso?

-- Foi só um pesadelo chato, pequenina -- Zoe fala se aproximando e sentando ao nosso lado

Lea olha para Zoe, encontrando mais um rosto amigável e acolhedor, o que parece lhe dar um pouco mais de coragem.

-- Eu sonhei que estava sozinha em um lugar muito escuro... e eu chamava por você, mamãe, mas você não vinha. Eu corria e corria, mas não conseguia te encontrar. -- Meu coração se aperta ao ouvir a angústia em sua voz.

-- Oh, meu amor, deve ter sido assustador -- digo, apertando-a mais forte contra mim. -- Mas você nunca vai estar sozinha de verdade, tá? A mamãe, a Zoe, a vovó, o vovô... todos nós estamos aqui por você, sempre.-- Zoe acena, concordando.

-- É isso mesmo. E sabe, Lea, quando eu era mais nova e tinha pesadelos, eu imaginava um lugar feliz, como um superpoder que me ajudava a enfrentá-los. Você tem um lugar assim? Um lugar feliz onde se sente segura?

Lea pensa por um momento, seus olhos ainda um pouco marejados secando lentamente.

-- Acho que sim... como quando a gente vai ao parque, e eu brinco no balanço, e vocês estão lá comigo.

-- Então, sempre que tiver um pesadelo, você pode se imaginar nesse lugar, com todos nós lá, te protegendo -- Zoe sugere, esperando que essa pequena ferramenta a ajude a lidar com os medos noturnos.

--Isso mesmo, e se precisar, a mamãe está sempre aqui para te dar um abraço apertado e te fazer se sentir segura novamente -- digo, oferecendo-lhe mais um beijo no topo da cabeça.

Lea se aconchega mais entre nós, e posso sentir sua respiração se tornando mais regular, sinal de que a conversa a acalmou.

-- Obrigada, mamãe... obrigada, Zoe -- murmura ela, um pequeno sorriso começando a se formar em seus lábios, afastando as sombras do pesadelo com a luz do amor e do apoio familiar.

-- Agora... Que tal tomarmos um sorvete de morango assistindo Frozen?!-- Zoe sugere animada

-- Siiiim!-- Lea e eu respondemos animadas

-- Vou buscar o sorvete e algumas colheres. Vocês colocam o filme -- Zoe diz se levantando e indo em direção a cozinha

Lea rapidamente se anima com a ideia, o brilho em seus olhos substituindo rapidamente qualquer vestígio de tristeza anterior.

-- Vamos, mamãe! Vou escolher onde a gente senta! -- Ela corre em direção ao sofá, pegando o controle remoto e já procurando pelo filme.

Eu a sigo, ainda processando a montanha-russa de emoções do dia, mas sorrindo com a rápida mudança de humor de Lea.

-- Ótima escolha, querida. Frozen é perfeito para hoje.

Enquanto Lea se ajeita no melhor lugar do sofá, pego um cobertor leve para nos cobrir. A sensação de normalidade e a simples alegria de um filme em família trazem uma paz bem-vinda.

-- Estou pronta! Vem, mamãe!

Zoe retorna da cozinha com uma grande tigela de sorvete de morango e várias colheres.

-- Preparadas para cantar até não poder mais?-- Ela pergunta, sorrindo enquanto se acomoda ao nosso lado.

Lea assente empolgadamente, pegando sua colher e se preparando para o filme. A tela ilumina a sala com as primeiras cenas, e por um momento, todos os problemas e preocupações parecem desaparecer. Estamos apenas nós, compartilhando sorvete e risadas, envoltas na magia de um momento perfeitamente simples e feliz.

Esses são os momentos que fortalecem nossos laços e nos lembram da beleza encontrada nas pequenas coisas, uma lição valiosa tanto para mim quanto para Lea. E, por enquanto, é tudo de que precisamos.

Acaso (Billie/You Gp)Onde histórias criam vida. Descubra agora