Eijiro sempre foi agraciada pela natureza no quesito beleza.
E amaldiçoada no quesito sorte.
De todas as desilusões, contudo, nenhuma foi tão desolador quanto descobrir o que Bakugou secretamente pensava dela.
Eu tô feliz de ter vocês aqui. Hoje foi um dia de cão e eu consegui uma merreca de tempo para escrever um tiquin. Obrigada por acompanhar e pelos comentários animadores, estão trazendo um pouco de serotonina para o meu dia ❤️✨🤌
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O início da manhã tinha sido uma verdadeira odisseia para Eijiro.
A única torneira do kitnet onde morava quebrou durante a madrugada transformando uma goteira em um fluxo constante de água que em pouco tempo transbordou da pequena cuba, molhando o chão e escorrendo para baixo do colchão fino no qual dormia, o encharcando. Estava tão cansada dos expedientes puxados que sequer percebeu até que o incomodo de estar molhada o sentindo frio a forçou a transformar os breves momentos de lucidez em um despertar completo.
E assim sua manhã se iniciou duas horas antes do usual.
Após praguejar a má sorte, ela se resignou e começou a enxugar o local. Afastou a mochila com as poucas roupas que tinha, selecionou os itens molhados e os secou o melhor que pode antes de pendurar para secar. Os demais itens que podiam molhar era colocou sobre alguma superfície mais alta.
O uniforme estava um pouco úmido, mas não tinha como o secar nem substituir, então ela tentou o melhor para tirar o excesso de umidade antes de o colocar. A sensação foi incômoda e a fez cogitar mais de uma vez a possibilidade de não ir trabalhar. Não fosse o salário, faltaria.
Esperava em breve conseguir alugar algo melhor, não podia ficar morando em um lugar que mais parecia um cativeiro para sempre. Ela tinha prometido a si mesma que era provisório, por isso estava trabalhando em dois turnos na esperança de juntar o máximo de dinheiro possível para os meses que viveria depois do nascimento do bebê.
Para uma garota sem eira nem beira, ela estava se dando muito bem e se virando com o que tinha, obrigada.
Apesar do salário parecer uma esmola que mal dava para o básico, ela estava conseguindo economizar para guardar um pouco.
Sorte Eijiro saber se virar desde pequena.
O bairro em que estava morando era perigoso então tinha que andar atenta a cada viela. Assim que via um herói patrulhando, ela corria para pedir escolta até o trabalho. Bem mais seguro que se arriscar sozinha, tinha de ser precavida, afinal.
Não demorou para encontrar um apoio e se adiantou, segurando sua bolsa o mais próximo possível do corpo. O sol ainda não tinha nascido e ela estava cansada pelas horas que não descansou direito.
Para a sua infelicidade, assim que reconheceu o uniforme do herói seus passos diminuíram de intensidade. Sem dúvida preferia ser encurralada por algum meliante a ter que lidar com a insistência do ex-namorado àquela hora da madrugada.
Diminuindo os passos, ela esperou que ele se afastasse. Bakugou parecia ainda mais bonito de costas, o uniforme o vestia muito bem. Por um momento fugaz se pegou pensando em como gostava de apertar a bunda dele apenas para o ver resmungar inconformado. Antes dele se mostrar um babaca completo. Tempos felizes e distantes.
