8 - Perturbações

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Cheguei para alegrar a noite.

Mentira, não foi não.

Ou foi? 

A manhã de trabalho estava um tanto agitada

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A manhã de trabalho estava um tanto agitada. Clientes chegavam a cada minuto, a maioria sem nenhum tato ou consideração pelas garçonetes. Haviam os que assobiavam, lançavam cantadas horríveis ou tentavam a sorte com uma mão mais ousada. Eijiro desviou da maioria das tentativas. Quando não conseguia evitar, tentava se esquivar lançando um olhar ameaçador que era interpretado por alguns como um incentivo. 

Trabalhar em uma lanchonete não seria fácil, ela sabia. Os assédios seriam parte do seu dia a dia e ela teria que acostumar. E em alguns dias chegava a imaginar que tinha se acostumado aquela realidade. Não é como se fosse a primeira vez. Desde pequena ela tinha que lidar com o olhar e mãos desejosas de homens abusivos sobre si. Aprendeu a ignorar com o tempo. Ou ao menos a abstrair. 

Também não era como se pudesse escolher uma profissão melhor dado seu currículo. Eijiro tinha poucas recomendações e muitos inimigos por causa de seu envolvimento com Bakugou. Mesmo sendo um herói de personalidade horrível ele conseguiu cativar a muitos malucos. Por sorte nenhum deles tentava mais do que palavras ou gestos obscenos em sua direção. Eijiro poderia lidar com um dedo ou outro, cusparada ou dedo médio em riste. O país suspeitava de sua fidelidade, afinal. 

Ainda assim, as vezes ela se permitia sentir. E naquele dia suas emoções estavam em cacos e ela desolada. 

"Tudo o que os outros procuram em você é um pouco de diversão. Eijiro." a voz do diretor do orfanato ressoou em sua memória enquanto ela mantinha o sorriso falso para um dos clientes "Ninguém é maluco de assumir uma vadia para a vida toda"

Aquele desgraçado tinha fodido sua mente e autoestima. Depois de escutar Eijiro comentar com uma das garotas do orfanato que sonhava um dia se casar, ele decidiu que a humilhar seria uma de suas tarefas do dia. Tudo porque ele a odiava. Eijiro nunca foi compassiva, tinha asco dele e não escondia apesar de não o atacar diretamente. 

Era o sorriso persistente dela que o irritava. 

"Um dia alguém vai arrancar esse sorriso da sua cara" ameaçava. 

Eijiro continuava sorrindo. 

E ainda o fez quando ele a disciplinou. 

Naquela época ela se apegava a pouca esperança de que a vida não poderia ser apenas aquela merda que ela vivia dia após dia. 

E ela estava certa. 

Por um tempo, pelo menos. 

Encontrou e casou com seu ídolo com quem compartilhou momentos maravilhosos. Tinha sido uma fase muito boa da sua vida. A melhor. A única em que não precisava se importar com pequenas ou grandes coisas porque tinha a certeza de que tinha encontrado um companheiro para a vida toda. 

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