KimTaeVampi [KTH - JJK]

32 - Deságuo em você, oceano [불바다]

Esse capítulo é todo narrado pela visão do Taehyung, e eu amei TANTO escrever através dos olhos e sentimentos dele que provavelmente eu farei isso mais vezes kkkkkkkk

peço desculpas pela demora, mas garanto que a espera valeu a pena meus amores.

beijos e boa leitura :)

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Dar as mãos não era mais a mesma coisa.

Por mais que pintar em tela com inspirações vazias por anos a fio tenha me tornado um artista decente, no fim das contas, havia me especializado em borrões. Era disto que minha memória sempre viveu: borrões no meio do nada. O calor de minhas memórias sempre trazia o frio de uma vida que ajudei a findar, tal como o sabor do sangue morno que mantinha meu corpo funcionando por todo este tempo.

Eu já não tinha mais noção da sensação de duas fontes de vida se conectando, tocando uma a outra, se misturando como toda aquela tinta que desperdicei em meus quadros. Tudo que podia experimentar era o arrepio de uma fonte de calor pulsante em contato com meu sistema morto, que me causava uma espécie de pane confuso e cheio de ilusões. Claro, não havia confusão maior em meu corpo do que aquela que Jeongguk trouxe. Sempre foi como... um pane maior do que qualquer outro que estes mil anos de existência puderam me proporcionar.

Dar as mãos com Jeongguk sempre fora diferente. Suas palmas nem sempre eram quentes, mesmo que o choque de nossas peles continuasse ali. Sua boca tinha gosto de passado e perdição, de uma maneira assustadora. Mesmo quando julguei estar completamente no controle, me via rendido á sua hipnose, como se contrariar suas intenções fosse sinônimo de ir á forca. Era desse jeito. Sempre foi diferente.

Mas vê-lo depois de tudo... não havia comparação.

Ali, parado contra um raio de sol que fazia minha pele formigar, eu senti. Senti tudo. Senti um frio medonho no meu estômago e uma fraqueza nas pernas. Minha audição estava mais fraca, mas pude ouvir o ritmo bagunçado de sempre dos seus passos subindo as escadas. Sentia o chão ameaçando ceder sob meus pés, tamanha era a ansiedade e medo de algo que eu sequer sabia ao certo o que era. Rejeição, talvez? Bem... pode ser. Em que mundo eu não teria medo de perdê-lo, afinal? Absolutamente nenhum.

O ar que tentava ser meu novo amigo neste mesmo corpo tropeçou por uns segundos quando finalmente o vi. Mesmo que nem toda aquela bagunça de sentidos animais tivesse sumido por completo, eu já não o via mais como um aglomerado de veias antes de conseguir focar nas maçãs perfeitas de seu rosto. Poder enxergar aquele que mudou minha existência depois de experimentar uma tormenta como a que carreguei não havia preço. Seria muito caro, caso houvesse.

- Oi, querido.

Eu disse assim que senti ter controle de qualquer corda vocal novamente. Eu estava apaixonado por aquele apelido. Mesmo que parecesse uma grande mentira, nunca o usei com ninguém em meus mais de mil anos de existência nesta terra. Era para ser só dele, assim como tudo que há em mim. Para que ele fizesse o que bem entendesse.