[LIVRO FÍSICO PELA EDITORA SINGULARITY] 📚
Kim Taehyung era um vampiro milenar. Sendo condenado à vida eterna - mesmo estando morto - escolheu o isolamento como o próprio destino, se mudando de grandes mansões e mantendo distância de todo e qualquer...
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Rafaelle sentiu o mundo girar rápido demais. O chão rígido virando água sob seus pés.
Ele não conseguia acreditar. Não, ele sequer conseguia compreender. Anos e anos de ódio e escassez, vagando pelo limbo entre a vida e a morte, fazendo acordos frustrados para dar vez e voz a qualquer um de seus planos. Ele teve apenas um motivo para insistir tanto em continuar na terra. Se Henilda havia renascido como Jeongguk, ele conseguiria trazê-la de volta, mesmo que isso significasse roubar um corpo humano para si e que vivessem além das regras naturais. Ele não se importava com tais detalhes, se estes, significassem ter Henilda de volta. Fosse como fosse.
Mas ele estava errado.
- Eu... eu não consigo entender - sua cabeça negou em confusão, por mais que no fundo, ele conseguisse sim entender - Você- eu a via sempre que olhava para ele. Estive preso a alma dele assim que esse garoto nasceu. Até mesmo Taehyung pensa que vocês são o mesmo então... então como...?
Sua voz saía em pedaços sussurrados enquanto Rafaelle tentava negar o que já estava claro.
- Todos me vêem nele. Eu estou sempre com Jeongguk, sempre estarei. Fizemos este acordo antes dele voltar à terra.
- Mas... por quê? Era sua primeira vida, Henilda. Por que você simplesmente não escolheu tentar de novo? Por que... por que você não teve outra chance?!
Ela sorriu. De fato, seres humanos eram muito tolos. Rafaelle ainda era um, por mais que não parecesse, ainda era. Ele ainda estava apegado a tudo que faz a experiência humana fazer sentido. A revolta de não conseguir mudar o imutável. O tipo de ingenuidade que movia a vida.
- Quando você o beijou, conseguiu me sentir?
A pergunta pareceu morrer no ar úmido, fazendo os pelos do braço de Rafaelle arrepiarem.
- Você sentiu que era eu?
Ela já sabia a resposta. Ainda assim, ele a deu de qualquer maneira.
- Não.
Uma onda majestosa se quebrou na maré, espalhando a água salgada pela areia na direção dos amantes. O mar pereceu reagir ao coração emprestado de Rafaelle, que partiu-se em dois num golpe de uma espada afiada. A dor era certeira, lancinante.
Henilda fechou a distância entre ambos, alcançando a face pálida de Rafaelle. Seus olhos derramavam lágrimas livres e aliviadas, escorrendo pela seu rosto. Pelo rosto de Jeongguk. O rosto de seu bem mais precioso. Era hora de parar.
- Hoje é o fim, tesoro. Depois de hoje, você não poderá fazer mais acordos nem explorar o desespero de mais ninguém. Você precisa seguir em frente.
Seu queixo tremeu, mas ele recusava-se chorar. Recusava-se a deixar a raiva ir embora, a desistir sem destruir tudo pela frente. Ele vagou pela escuridão por tanto, tanto tempo. Como ele poderia simplesmente seguir em frente?