Capítulo 01

414 30 3
                                    

O seu corpo tremia pela adrenalina ainda correndo pelas suas veias. Benjamim, a ferida perto do abdômen latejando poderia ter o incomodado mas a sensação era tão familiar que acabou se habituando.

Tirou a camisa deixando o seu dorso nu a vista, as marcas rochas espalhadas pelos seus braços, resultado da semana atarefada que teve.

A água morna tocando as suas mãos que deslizava mesclada ao líquido carmesim com o qual estava muito bem acostumado.


Os olhos azuis sem vida encaravam o reflexo no espelho, o rosto neutro, sem emoções refletindo a sua alma há muito fria, nada simplesmente nada conseguia acende-la.

O loiro pegou derramou um pouco de álcool na esponja antes de passar pela ferida próxima ao seu umbigo.

Passou o pano humedecido no seu ombro ensanguentado, limpou o lugar sem se importar com tamanha dor que sentia.

— Jones? — Ergueu os olhos em direcção da voz totalmente sem ânimo e viu a pessoa que o pôs naquele maldito mundo que destestava.

— Quem é o próximo? — A mulher trajada num terno azul marinho cruzou os braços indiferente a frieza do homem loiro, o trabalho dela exigia não possuir emoções então aquilo apenas o tornava perfeito.





— Ninguém por agora. A última missão foi um sucesso e pelo o seu estado duvido que vá conseguir trabalhar assim — Disse jogando uma toalha branca para ele.




— Me encontre em cinco minutos — O loiro nada disse, somente enfaixou as feridas e depois de terminar tudo desceu para encontrar a sua chefe.



Benjamim desceu as escadas tranquilamente até encontrar a senhora de meia idade que tomava um pouco de chá por causa do clima frio do inverno.

A mulher de idade, ergueu os olhos para encarar o homem que sentou ao seu lado e começou a procurar por um cigarro.


— Não é uma opção inteligente considerando o seu ramo de trabalho — Rose, a sua chefe comentou para o loiro que a ignorou e continuou acendendo o cigarro.




Benjamim fechou os olhos sentindo o seu corpo relaxar ao inalar o fumo do tabaco, uma das poucas formas que havia encontrado para não enlouquecer era fumar pelo menos funcionava e não iria parar por causa disso.


— Estarei como novo para a próxima missão seja ela qual for — Jones respondeu soltando o fumo pela sua boca.



— Gostaria que você tivesse mais tempo para se recuperar mas a missão é importante — Rose mencionou entregando um arquivo que o loiro não demorou a receber.



— Há uns dias mandamos um agente numa missão para recuperar os seus arquivos hackeados na nossa sede — Explicou enquanto o loiro lia os documentos sem deixar de tragar o seu cigarro.



— Vocês têm um dos sistemas mais avançados do mundo como ele foi hackeado? — Questionou a medida que ia folheando os papéis e uma foto chamou a sua atenção.



— Andrew Scott. Ele é o última pessoa que que o hacker contactou antes de sumir com arquivos estritamente confidenciais, Jones — Rose informou cruzando as pernas enquanto falava.



— A sua missão é encontrar o hacker e recuperar o arquivos, são altamente confidenciais e se vazarem muitos do nossos agentes incluindo você serão alvos dos nossos inimigos — Jones, tragou o cigarro pela última vez antes de pegar o isqueiro para queima-los.

A mulher de idade olhou ao redor da casa, tinha pratos sujos, o fedor de comida estragada inudava o ambiente sombrio, as luzes estavam mal acesas.

— Devia arranjar uma esposa — Sugeriu tapando o nariz entretanto o loiro somente pegou outro cigarro.

— Amanhã contrato alguém para vir limpar a casa — Respondeu fugindo da pergunta da sua chefe que não quis continuar o assunto.

Benjamim mesmo sendo bissexual nunca procurou alguém para casar por simplesmente sentir que alguém que tira vidas mesmo por um bem maior não merecia tamanha benção.

— Descanse por hoje, Jones — A mulher levantou-se indo em direcção a saída, o barulho nos seus saltos contra o chão que ecoavam pelo ambiente silencioso cessou assim que escutou a porta sendo fechada.




Benjamim arrastou o seu corpo para o quarto, pegou a sua arma antes de ir deitar na cama, mesmo exausto o seu corpo continuava em altera e assim caiu no sono.




No dia seguinte, o loiro somente tomou um banho e desceu para procurar alguma coisa que acabasse com a sua fome.

Benjamin não encontrou nada dentro da sua geladeira por isso decidiu fazer algo que normalmente não faria.

Aprontou-se, pegou a sua carteira, respirou profundamente antes de girar a maçaneta deixando o frio entrar em contacto com a sua pele mesmo estando coberto pelo casaco.

O seu rosto pálido entrou com a luz do sol que brilhava ínfima naquela manhã, caminhou pela rua movimentada, ficou grato por ninguém estar dando importância a sua presença no lugar.

— Para o restaurante mais próximo, por favor — Falou entrando no táxi pegou a sua carteira pronto para pagar as suas contas.



O loiro suspirou profundamente assim que desceu do carro, as pessoas ao redor o encaravam intrigadas por um homem alto trajando o seu terno além da aparência extremamente atraente.




Ignorando os olhares curiosos fez menção de entrar no restaurante e estava tão concentrado na sua tarefa que não percebeu que alguém vinha correndo em sua direcção.


O loiro sentiu algo ou alguém colidir contra o seu corpo e as suas costas doendo o fizeram perceber que tinha ido contra o chão.

Franziu o cenho ao sentir a dor tomando conta do seu corpo por causa da missão da noite anterior e empurrou o corpo em cima de si.


— Desculpa! Te machuquei? Não, Max! — Benjamin sentou-se recompondo e encarou a pessoa que falava apontando para o chão onde o pastor alemão balançava a cauda com a língua de fora.


Jones intrigado por alguém conseguir dizer tantas palavras de uma só vez e ficou o encarando esperando que ele se calasse.

Ergueu o seu grande corpo fazendo o seu melhor para não tocar o seu abdômen enfaixado através do terno.

— O Max se soltou da coleira e acabei não te vendo no caminho. Você tá bem? — Os olhos azuis sem brilho encaravam o homem que acariciava o pêlo do cão que mostrava a língua antes de latir.


O homem estendeu a mão direita para o loiro que baixou os olhos para encarar a mão antes de voltar para a faceta alegre do desconhecido.

Benjamin não pode deixar de notar a beleza dele, a pele retina, com os olhos castanhos repletos de vida algo que faltava nele, colocou as mãos nos bolsos o ignorando completamente.

SOMBRA E LUZOnde histórias criam vida. Descubra agora