↳ III. Feridas Invisíveis

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"Estou preso dentro de mim,Eu estou morrendo"

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"Estou preso dentro de mim,
Eu estou morrendo"

- Save Me ( BTS )

Fui despertado por lambidas e por patinhas que afagavam levemente a minha cabeça. Era como se ele estivesse cuidando de mim. Me mexi, tentando me ajeitar na cama e as dores se apossaram novamente do meu corpo fazendo-me relembrar de ontem. Puxei Tanie em minha direção e o abracei enquanto ele se deitava ao meu lado e me encarava com seus olhinhos de burca.

— Você está bem, garotão? — Perguntei preocupado, passeando com minhas mãos pelos seus pelos sedosos o vendo abanar o rabinho — Não vou deixar ele tocar em você nunca mais, tá bom? Eu prometo! — Garanti o olhando fixamente e ele me deu uma lambida em resposta me fazendo sorrir — O papai trouxe o seu presente — Divaguei e ele latiu, pulando em cima de mim e voltando a me lamber, todo afobado — Eu também te amo Tanie! Muito — O abracei novamente e me permiti chorar mais uma vez.

Após alguns minutos, me levantei da cama com dificuldade. O ar pesado parecia comprimir cada célula do meu corpo enquanto caminhava até o banheiro. Cada passo era um esforço sobre-humano, como se o peso do mundo repousasse sobre meus ombros já curvados pela dor. Meu corpo doía, cada músculo, cada articulação, como se tivesse sido arrancado de minha própria carne. E, de certa forma, fora.

Diante do espelho, eu me encarei. O reflexo mostrava olhos vazios, manchas roxas e cortes ainda frescos marcando minha pele agora, pálida. Sentia-se vazio por dentro, como se o abuso tivesse sugado todo o resto da essência que eu ainda tinha, deixando apenas uma casca quebrada para trás. A repulsa inundou minha mente ao me olhar, uma mistura de ódio e desespero. Eu não reconhecia mais a pessoa refletida no espelho. Aquele não era eu. Não podia ser. Mas era.

O pensamento de que eu estava morrendo aos poucos me consumia. Não apenas meu corpo físico, mas minha alma, minha vontade de viver. Sentia-me aprisionado dentro de mim mesmo, incapaz de encontrar uma saída, uma luz no fim do túnel. Ninguém podia ouvir meus gritos silenciosos, meus pedidos de ajuda abafados pelas paredes que construí ao redor. Não havia ninguém para estender a mão e guiar-me para fora da escuridão, não podia haver.

Era apenas eu por mim mesmo!

Com um pouco de dificuldade terminei o banho e todas minhas higienes matinais. Enrolei-me na toalha e me retirei indo em direção ao closet já que havia esquecido de pegar minhas roupas antes. Optei por um conjunto largo de moletom preto. Não estava com ânimo para nada hoje e acho que isso seria bem perceptível por mais que eu tente disfarçar.

Caminhei em direção à cozinha, procurando por um remédio pra dor e o tomei logo em seguida, com um pouco de água. Ouvi os latidos de Tanie pelo Jardim e me lembrei de pegar o presentinho dele. A sacola ainda se encontrava caída perto da porta. Agachei com certa dificuldade e a peguei, indo em direção ao meu peludinho.

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