10 ─ Arte.

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Algumas horas antes.
Soobin's version.

De manhã, a claridade da janela fez perfeitamente seu trabalho: incomodar meus olhos e consequentemente meu sono e meu humor

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De manhã, a claridade da janela fez perfeitamente seu trabalho: incomodar meus olhos e consequentemente meu sono e meu humor.

Acordei com um peso em minha cintura, dificultando minha respiração. Olhei para o braço que me abraçava e lentamente, as lembranças da noite anterior começaram a voltar. Com cuidado, afastei o braço de Yeonjun, permitindo-me virar na cama e encará-lo. Ele ainda dormia tranquilamente, com a respiração calma e baixinha. Aproveitei para observa-lo melhor e mais uma vez me vi preso naquela cicatriz em seu peito.

── Devem ter sido tempos difíceis. ─ pensei.

Me levantei da cama macia e agarrei o cobertor para cobrir seu tronco nu. Aquela situação parecia mentira pra mim. No aeroporto, a alguns dias atrás, mesmo o achando perdidamente atraente e irritante, jamais imaginei que isso fosse acontecer.

Estava cheio de confusão dentro de mim, mas, felizmente ou infelizmente, eu não tava sentindo arrependimentos.

Acima da escrivaninha havia um pequeno caderno de anotações, me aproximei com cuidado e agarrei o objeto. Minhas mãos tremiam enquanto eu pegava um pedaço de papel e uma caneta, estava com medo de Yeonjun acordar. Mesmo sem arrependimentos, algo em mim dizia que não era pra ter acontecido, pelo menos não por agora.

── Ele estava fragilizado, eu deveria ter me contido. ── Era o que rondava em meus pensamentos.

Escrevi um bilhete rápido, as palavras saindo de mim quase automaticamente.

"Sinto muito pelo que aconteceu ontem à noite. Foi um acidente e não vai se repetir."

Saí com passos rápidos e largos do quarto do Choi, desci as escadas quase que correndo e saí pela porta da frente, caminhando até a rua e torcendo para que um táxi aparecesse. Enquanto isso, retirei o celular do bolso e digitei o nome de Beomgyu, esperando ansioso para que ele atendesse.

── Oi, estou vivo e prestes a fazer merda, tchau. ── Atendeu e falou rápido, atropelando as próprias palavras antes de desligar.

Finalmente um táxi havia aparecido e após dar o meu endereço, retornei a ligação para Beomgyu, já imaginando a tal "merda" que ele estava prestes a fazer.

── Choi Beomgyu, você não vai ter outra recaída com ex! Um marmanjo desse tamanho, formado em psicologia e sendo manipulado por um ex namorado de três anos? ── disse irritado, antes de ouvir seu suspiro pelo telefone.

── Soosoo, isso é conversa pra outra hora. ── murmurou decidido. ── Seu pai me ligou e disse que você não dormiu em casa. O que diabos vocês fez?

Contei até três mentalmente e cheguei a rápida conclusão de que se eu não contar isso pra alguém, ficarei louco.

── Quer a resposta de forma explícita ou implícita? ── Indaguei medroso.

── Diga da forma mais explícita possível. ── Pediu ansioso.

Aproveitei que eu já me encontrava na porta de casa e entrei correndo, subi as escadas feito um louco e entrei no quarto enquanto Beomgyu respirava profundamente na chamada.

Se passaram longos minutos enquanto eu contava detalhe por detalhe. E quando eu digo que contei mais do que deveria, eu posso provar:

── Os lábios dele tem gosto de melancia Beomgyu, o que eu faço? ── Questionei sem realmente saber o que fazer.

── Quer mesmo que eu responda? É só beijar de novo, não é simples? ── Respondeu como se fosse a coisa mais óbvia possível.

── Eu vou pra galeria, você não ajudou em nada. ── Murmurei e desliguei a chamada.

Senti a ansiedade se acumulando dentro de mim, uma bola de nervosismo no meu estômago que parecia crescer a cada segundo. Respirei fundo, tentando acalmar meus pensamentos tumultuados.

── Nada que um clonazepam não resolva. ── pensei, enquanto alcançava a embalagem do medicamento, buscando alívio temporário para minha agitação.

Depois de tomar o medicamento, sentei-me na beira da cama, deixando fazer seu efeito gradualmente. Minha mente ainda estava em turbilhão, os pensamentos voando de um lado para o outro como folhas levadas pelo vento.

Não é tão ruim assim, né? A gente só não se suportava e de repente do dia pra noite eu taquei um beijão nele. É assim que os jovens devem viver, certo?

Errado! Crianças, não repitam isso em casa. Um único beijo de dez segundos pode transferir até 80 milhões de bactérias. Como eu não pensei nisso antes de praticamente atacá-lo?

Levantei-me com determinação, troquei de roupa rapidamente e peguei as chaves do carro do meu pai.
Dirigi até a galeria com a mente cheia de pensamentos confusos, tentando preparar minha mente para pintar algo e esquecer as coisas que aconteceram.

Chegando lá, respirei fundo e entrei. Caminhei pelos corredores silenciosos da galeria, meus pensamentos foram se perdendo em meio às obras de arte que me rodeavam.

O ambiente claramente estava vazio. Voltei para a Coréia justamente para isso, para tentar reerguer o lugar.

Após um pequeno pico de energia, caminhei para os fundos do local e organizei todos os materiais necessários para criar alguma peça. Coloquei um pequeno avental e fui separando os pincéis e tintas para tentar pintar algo.

Comecei a esboçar uma figura abstrata, permitindo que minha mente vagasse livremente enquanto dava forma às cores e às linhas.

À medida que a pintura ganhava vida, uma onda de surpresa percorreu meu corpo. Os traços começaram a se harmonizar, revelando os contornos familiares de um rosto. Meus olhos se arregalaram com incredulidade diante da imagem que emergia diante de mim.

Era o rosto de Yeonjun, retratado com uma precisão impressionante.

Recuei alguns passos, observando a pintura com uma mistura de fascínio e desconcerto. Como eu havia conseguido capturar cada detalhe daquele rosto com tanta precisão? Passei anos estudando e mesmo assim nunca havia conseguido fazer um simples esboço, e agora, de repente, consigo fazer uma pintura desse porte.

Uma sensação estranha se instalou em meu peito, uma mistura de admiração e inquietação. Por um momento, fiquei hipnotizado pela imagem diante de mim, absorvendo cada traço. Mas logo a realidade se fez presente, trazendo consigo uma onda de emoções conflitantes. Aquela pintura não era apenas uma expressão artística; era um reflexo vívido da confusão interna de meus pensamentos por Yeonjun.

Após um suspiro profundo, uma voz grave se fez presente a alguns passos de mim, me assustando e me tirando do transe.

── Têm certeza que não quer que aquele incidente se repita?


Continua...

Continua

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Starboy  ─  Yeonbin.Onde histórias criam vida. Descubra agora