05:00 da manhã
1 semana depoisAcordo com uma movimentação estranha ao meu lado, conseguia ouvir Marcos falando baixinho "não, por favor solte ela e leve a mim". Seus pesadelos vem se tornando constantes, eu não sei ao certo o motivo, mas ele sempre acorda assustado e chorando muito. As vezes eu só gostaria de tirar toda a dor instaurada em seu peito e trazê-la para mim. Ele é meu melhor amigo, uma boa pessoa então por que somente as pessoas boas sofrem?
— Ei, acorde! Está tudo bem. — chamo o baixinho fazendo ele acordar assustado. — Relaxa, está tudo bem.
— Tive outro pesadelo não é? — pergunta enquanto pega um lenço na mesa de cabeceira para secar o suor em seu rosto.
— Teve. — acaricio seus cabelos. — Quer me contar sobre eles? — pergunto, me deitando de novo.
— Às vezes são com a minha mãe — responde enquanto se aconchega em meu peito. — e outras vezes são com... — ele pausa, aparentemente tenso.
— Com o que? — faço cafune em seus cabelos.
— Com você... — sussura.
— Comigo? — pergunto confusa.
— Sim. — respira fundo. — Às vezes vejo uma mulher loira com muita raiva de você e até o padre aparece algumas vezes, eu não sei muito bem quem ela é por que mal consigo ver seu rosto, mas ela sente tanta raiva de você que acaba atentando contra sua vida.— sussura.
Que estranho.
— Relaxa meu bem, são só pesadelos e não vai me acontecer nada.
— Espero que seja mesmo, não posso te perder Sara, seria demais pra mim. — diz, já não conseguindo segurar as lágrimas.
— Ei, nada vai me acontecer e você não vai me perder. — o abraço apertado, aconchegando o mesmo em meus braços.
— Promete? — pergunta, secando as lágrimas.
— Prometo. — sorrio para ele.
Desde o ocorrido na semana passada descobri sobre esses pesadelos de Marcos, segundo ele antes não era algo constante, mas faz dois meses que seus sonhos vem o atormentando. Sempre que posso venho dormir com ele ou ele vai dormir comigo, escondido dos meus pais é claro.
Eu jamais o deixaria sozinho.— Filha, vem logo se não iremos nos atrasar pra missa. — minha mãe grita.
Segunda-feira, dia da missa de falecimento do meu avô materno, era para ter sido a algumas semanas atrás, mas minha mãe insistia para que padre Christian ministransse. Fazia dois dias que ele havia chegado na cidade, eu mal o vi ou falei com ele, desde a sua última ligação não tivemos mais contato e talvez aquilo que eu tanto acreditei não ser verdade estava acontecendo, ele havia se arrependido, ou melhor, ele havia caído em si de que tudo o fez foi errado e que de alguma forma ele manchou com pecado a sua batina.
Talvez eu devesse seguir os conselhos de padre Antônio e deixar que Christian siga seu caminho como assim escolheu. Quem sou eu para desviar um homem virtuoso como ele? O que eu tinha na cabeça quando tive essa ideia absurda?
Termino de passar perfume e desço as escadas indo de encontro aos meus pais.
— Estou pronta. — digo assim que desço os últimos degraus da escada.
— Você está linda, filha. — minha mãe diz com um sorriso caloroso em seu rosto.
Agradeço e assim saímos de casa, enquanto meu pai dirigia pelas ruas dessa pequenas cidade eu pensava somente em uma coisa, ou melhor, em uma única pessoa. Quão mal eu pude ter feito para esse homem? Ele veste uma roupa sagrada, ele fez votos diante de Deus, como eu pude ter feito tais coisas?
Confesso que antes foi apenas um desejo, um ego ferido, mas com o passar do tempo tudo isso mudou, o que antes era um desejo se tornou paixão e meu ego ferido talvez tenha se transformado em amor...— Sara! Ei! Já chegamos, acorda menina. — diz minha mãe despertando-me de meus pensamentos. — Está no mundo da lua?
— Desculpa, já estou indo. — respondo, saindo do carro.
Cumprimentamos algumas pessoas adentramos a pequena igreja da cidade, ela estava decorada com flores brancas. Eu nunca fui muito próxima do meu avô materno, mas gostaria de tê-lo conhecido melhor, de ter ouvido suas histórias, suas aventuras.
Acredito que a morte e a vida não são contrárias, são levemente iguais. A "reverência pela vida" exige que sejamos sábios para permitir que a morte chegue quando a vida deseja ir, quando o seu ciclo nesta terra se encerra. A morte põe um olho no passado e outro no futuro e deixa a gente cego na hora, no encontro do que foi e do que será, na tortura do que poderia ter sido e do que não aproveitamos.
Eu não tenho medo da morte, tenho medo do que acontece após ela.
O que vem depois da morte? Céu? Inferno? Ou apenas renascemos de novo e assim começamos uma nova vida?Existem 5 estágios da morte: negação, raiva, negociação, depressão e aceitação, ver a vida passando diante dos meus olhos, saber que não irei mais estar aqui daqui um tempo, como as pessoas irão ficar depois que eu não estiver mais aqui?
Vão superar e seguir suas vidas?
Lembrarão de mim com carinho?Como dizia Chico Xavier: "Ninguém morre. O aperfeiçoamento prossegue em toda parte. A vida renova e eleva os quadros múltiplos de seus servidores, conduzindo-os, vitoriosa e bela, à União suprema com a Divindade."
A missa ainda não havia começado, poucas pessoas chegaram. Por mais que tenha sido a 1 ano a morte de meu avô, eu ainda vejo um olhar de tristeza nos olhos de minha mãe sempre que conta algo sobre ele, eles eram bastante próximos e minha mãe era sua filha preferida, mas desde que ela casou com meu pai eles acabaram perdendo um pouco de contato.
Bom, acredito que com a morte vem a paz daquele que em terra estava sofrendo, mas a dor é o preço de quem ficou vivendo.Como o amor, é assim que sabemos que estamos vivo!
Espero que tenham gostado do capítulo, não esqueçam de votar e comentar pra eu saber se estão gostando da história e pra saber no que eu posso melhorar nela.
Vou tentar postar outro capítulo hoje a noite ou amanhã pela noite.
Bjs e até o próximo capítulo :)
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Desejo Profano
Romansa🔞 ROMANCE ERÓTICO (conto) Sara é uma jovem de 19 anos, filha de pais conservadores e extremamente religiosos, em sua pequena cidade, Sara é conhecida por seus trabalhados comunitários e o seu extremo amor ao próximo. O que todos não sabem é que p...