𝐶𝑎𝑝𝑖́𝑡𝑢𝑙𝑜 1

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𝐸𝑙𝑜𝑤𝑦𝑛

  — Eu vou me casar.
     — Então eu vou me matar!

     Não conseguia acreditar nas palavras que saiam da sua boca, ele não amava minha mãe? Ele já tinha esquecido dela? Só haviam se passado um ano, eu ainda tinha pesadelos com a morte dela e ele já estava com o terreno adubado para outra mulher.

     — Pare de ser tão mimada Elowyn, achou que eu passaria o resto da vida deitado na cama sofrendo? Eu não tenho o direito de viver também?
     — A quanto tempo você está com ela? — Questionei.
     — Nos conhecemos em um bar de Nova Orleans.
     — Aí meu Deus! — Minha voz saiu mais alta do que esperava, meus olhos marejados agora estavam como uma barragem rachada. — Você disse que ia para Nova Orleans para espairecer, você olhou nos meus olhos e disse que me amava, mas que precisava de um tempo para lidar com a morte da mamãe e ao invés disso você ficou com uma vagabunda qualquer de um bar? — Bufei, levei as mãos na cintura tentando me manter equilibrada em meio a tanto estresse.

     Me afastei do balcão de madeira clara e mármore branco da cozinha onde estava estava sentada e fui até a lareira, por um instante encarei a foto onde estávamos meu pai, eu e minha mãe.

     Ainda me lembro daquele dia, tínhamos ido fazer um piquenique em Sunset Lake, mamãe tinha acordado bem cedo naquele dia, desci as escadas e vi seus cabelos ruivos como os meus em pé na cozinha, seus dedos pálidos cortavam pedaços de maçã e depois os colocava em um pote de vidro, depois em uma cesta, seus olhos verdes como um gramado recém cortado me encarou e seu sorriso inundou aquela manhã ensolarada, eu me orgulhava em ser tão parecida com ela, tanto fisicamente quanto nossas personalidades fortes, que segundo meu pai era um ponte forte, mesmo que muitos não concordassem.

     — Filha...
     — Essa é a mulher que você amava. — Peguei a foto e fui para perto do meu pai, seu rosto estava triste, mas não tinha certeza se por nossa briga ou pela foto que eu segurava em frente ao seu rosto.— Seu sofrimento durou um mês até que encontrasse uma substituta, mas se fosse o contrário mamãe estaria até hoje aos prantos no sofá, e essa é a diferença entre vocês dois, ela realmente amava você.
     — Eu amava sua mãe Elowyn, eu sinto falta dela todos os dias, ainda vejo suas fotos antes de dormir, ainda sinto o cheiro no vestido que ela usou no nosso primeiro encontro. — Ele deu uma pausa quase longa, usou para segurar as lágrimas que estava segurando a muito tempo. — E quando eu vi Diana a dor de perder sua mãe me deu trégua, eu á amo.
     — Mais do que amava a minha mãe? — Chorei encarando seus olhos castanhos que a um ano atrás parecia vazio e agora me mostravam vontade de viver.

     Talvez eu realmente seja mimada, talvez essa mulher o faça feliz, mas ela nunca seria uma substituta de Eleonor Kothen Shepherd.

     — Eu nunca nessa vida vou amar alguém mais do que amo você e amei a sua mãe, mas eu amo Diana, e a maior prova do meu amor é ter passado um ano guardando isso para ter certeza se eu seria um bom marido, se ela seria uma boa esposa e um bom exemplo para você.

     Suas duas mãos seguravam meu rosto com carinho, podia sentir o medo em seu toque, eu sabia que ele queria minha aprovação, afinal de contas depois da morte da minha mãe eu ocupei o lugar de mulher mais importante da vida do meu pai.

     — Eu marquei um jantar no seu restaurante favorito para você poder conhecer eles antes de virem morar aqui.
     — Eles?
     — Diana tem dois filhos, um deles é da sua idade e a outra é uma garota muito fofa e gentil, tenho certeza que você vai adorar mostrar seus vestidos para ela, você vivia pedindo uma irmã a sua mãe. — Seus lábios tocaram minha testa e então me acalmei. — Se no final do jantar você não aprovar meu noivado eu termino com Diana, mas eu peço com todo meu coração para que se esforce, por mim.

𝑺𝒖𝒏𝒔𝒆𝒕 - 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑜𝑠 𝑝𝑒𝑙𝑜 𝑐𝑎𝑜𝑠Onde histórias criam vida. Descubra agora