𝐶𝑎𝑝𝑖́𝑡𝑢𝑙𝑜 10

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𝐶𝑎𝑙𝑒𝑏 𝐶𝑜ℎ𝑒𝑛

   As malas estavam no banco de trás, Elowyn olhava para fora tentando ignorar as mensagens que vibravam em seu celular.

   — Pode ser seu pai.
   — Por isso mesmo não quero saber. — Ela secou uma lágrima e virou a tela para si, por um lado acho que ela queria que seu pai fosse seu apoio, mas ela não pode ter o motivo de seu colapso, como seu amigo.

   — É o Henry... — Completou. — Disse que estão todos na casa do Malik, preocupados e querem que eu vá lá.

   — Podemos dar a volta. — Desacelerei pela estrada vazia pronto para fazer o retorno.

   — Não... Vamos para o lago. — Sua voz saiu como um sussurro, e então voltou a olhar pela janela.
   Seguimos por mais algum minutos até passarmos por uma pequena ponte estreita, debaixo de nós um riacho corria, dando a volta no que parecia ser um grande jardim, e no meio dele uma grande casa de madeira escura e janelas do chão ao teto.

   Estacionei o carro logo depois da placa que dizia "propriedade dos Shepherd", Elowyn desceu do carro e foi até a beirada do pequeno barranco até o lago, a paisagem ali era linda, montanhas quase cobrindo o céu, flores por todos os lados, e a brisa era fria, não o suficiente para me fazer arrepiar, mas sabia que pela noite o frio tomaria conta do lugar.

   — Pode entrar, já vou te fazer um curativo.
   — Um curativo? — Franzindo a testa senti a pontada que me fez lembrar o porquê, meu rosto ainda estava esfolado pela briga com Oliver. — Entendi.

   Peguei as duas bolsas e segui pra a casa, a porta não estava trancada, se isso fosse em Nova Orleans a casa já estaria vazia. As coloquei no sofá marrom, aparentemente da mesma cor do resto dos móveis, dos armários e até... Do urso? Um enorme urso empalhado no canto da sala ao lado da lareira, parecia encarar diretamente meus olhos, o que me fez questionar quem foi o doido que colocou isso lá.

   — Meu tio caçou esse urso seis anos atrás, estava empalhado na casa dele até começar a se tornar o terror das crianças, então para não acabar com sua conquista ele nos presenteou quando a reforma da cabana começou.

   — Eu entendo as crianças. — Sorri.
   Elowyn pegou minha mão, seu toque fez meu corpo queimar, tudo parecia errado depois do que aconteceu no hospital, estar aqui sozinho com ela... Mesmo que bom, me fazia sentir como um aproveitador.

  Eu queria estar a sós com ela, queria sentir sua pele de novo, abraçar, a ouvir sussurrar o meu nome... Caralho! Ela sussurrando meu nome...

   — Prometo tentar o meu melhor. — Ela me sentou no braço do sofá e da mesinha ao lado do abajur puxou uma pequena maleta vermelha com bandagens dentro.

   Seu toque era suave mesmo nos cortes abertos com sangue seco, o líquido marrom no meu supercílio me fez estremecer de dor e o verde brilhante dos seus olhos pareciam agora preocupados, sua mão se afastou assustada. Mesmo com o mundo caindo em sua volta ela tinha me dado sua atenção, estava ali cuidando de mim, algo que eu fácilmente poderia fazer na frente de um espelho, mas não... Ela queria estar ali... Comigo. Segurei sua mão que se afastava lentamente e a puxei para perto fazendo seu corpo cair sob o meu, se sentando no meu colo.

   Pousei sua mão em minha bochecha, suas maçãs do rosto coraram em um sorriso quase imperceptível, dei um beijo em sua palma ignorando a dor no meu lábio cortado. Elowyn não recuou, não me negou, ela me queria assim como eu a queria, seu calor, seu toque, seu corpo tão perto do meu, ela era minha perdição, eu soube no momento que a vi que ela seria meu fim.

   Mas tudo bem, eu aceitaria por uma noite provar do paraíso que ela era... Mesmo sabendo que viveria o resto da vida no inferno.

    — Obrigada Caleb. — Sussurraram seus lábios vermelhos pelo choro a minutos atrás, sua mão continuava em meu rosto, seu polegar acariciava minha pele como se não quisesse que eu partisse. — Por me salvar, por cuidar de mim... Por estar aqui. — Sua voz ficou ainda mais baixa assim como suas mãos, que agora, ambas estavam na curva do meu pescoço, seus olhos olhavam atentos para seu polegar que acariciava o corte no meu lábio inferior. — Por me defender...

𝑺𝒖𝒏𝒔𝒆𝒕 - 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑜𝑠 𝑝𝑒𝑙𝑜 𝑐𝑎𝑜𝑠Onde histórias criam vida. Descubra agora