𝐶𝑎𝑝𝑖́𝑡𝑢𝑙𝑜 6 | 𝑃𝑎𝑟𝑡. 𝐼𝐼

27 8 0
                                    

     Caleb estava sentado na areia, longe da multidão, estava solitário usando uma rocha como apoio, olhava a imensidão de água à nossa frente enquanto tragava um cigarro pela metade.

      Fui até ele e me sentei ao seu lado.
      — Porque saiu correndo?
Soltou a fumaça.

      — Caleb, eu preciso saber o que aconteceu.
      — Porquê isso é tão importante? Porque só não me deixa em paz.

      — Nós temos os nossos problemas Caleb, principalmente um com o outro, mas a realidade é que estamos passando pela mesma coisa...

      E parecia que tínhamos voltado ao estacionamento no dia do jantar beneficente, tentando esconder seus olhos marejados focando no horizonte, falando pouco para não se perder em palavras profundas demais.

     — Por favor, Caleb... Me diz.
     — Theo me chamou de filho... - Sua voz trêmula deixava claro que uma lágrima ameaçava cair, mas não me parecia por felicidade ou orgulho, era apenas triste.
     — Foi cedo demais?

     — Não é esse o problema Elowyn!
     — Então qual é Caleb?

     — Meu pai está morto Elowyn, dói ouvir que sou "filho" de alguém que não é meu pai... — Em uma pausa breve Caleb levou o cigarro até a boca, mas desistiu, jogou a bituca na areia e colocou as mãos no rosto procurando um espaço seguro para deixar que as lágrimas escorressem, mas ao invés disso apenas respirou fundo.

     — Minha mãe nos abandonou quando eu tinha sete anos, aos dez recebemos uma ligação da prisão dizendo que ela tinha sido assassinada em uma guerra de gangues enquanto limpava o pátio, aos doze meu pai se matou na minha frente... Sem tios, sem avós, só eu e Diana e...
Suas mãos tremiam e mesmo tentando esconder no bolso da bermuda, via o tecido tremer junto a elas.

      — E... — Coloquei a mão dentro do seu bolso e entrelacei os dedos no seu, elas ainda tremiam, mas o ritmo se acalmava aos poucos. — Está tudo bem.

      — E por mais que considere Diana como minha mãe, eu vivo todos os dias com medo de decepcionar ela e no final ficar sem ninguém, eu tentei ser bom com o pai da Lia, mesmo ele sendo um filho da puta... E mesmo assim... Ele também foi embora... Eu poderia ter perdido ela no processo.

     Sua mão apertava a minha com força, e mesmo com os nós dos dedos queimando em dor, ignorei. Ele precisava daquilo, e eu sabia que quando eu precisasse haveria grande chance dele também estar lá para fazer o mesmo por mim.

      — Se eu decepcionar o Theo também... Não vai me restar ninguém... Ninguém Elowyn. 
 
      — Você é difícil, é confuso, às vezes me tira do sério... Na verdade, você constantemente me tira do sério. — Enfim consigo tirar um mísero sorriso de seu rosto triste. — Mas você não precisa ter medo de nos decepcionar, nem mesmo de ficar sozinho... Eu não vou te deixar sozinho, Caleb.

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
𝑺𝒖𝒏𝒔𝒆𝒕 - 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑜𝑠 𝑝𝑒𝑙𝑜 𝑐𝑎𝑜𝑠Onde histórias criam vida. Descubra agora