𝐶𝑎𝑝𝑖́𝑡𝑢𝑙𝑜 5 | 𝑃𝑎𝑟𝑡. 𝐼

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     𝐸𝑙𝑜𝑤𝑦𝑛

     Passei o resto da madrugada em claro, porque me sentia tão estranha perto de Caleb? O que era esse efeito que ele tinha sobre mim?

     Talvez a vida sem aventuras tenha me trazido falta de adrenalina, e nada desperta mais adrenalina do que um sentimento proibido.
     No primeiro dia que o vi a primeira coisa que senti foi a curiosidade, seu silêncio quase matador. No dia seguinte sua marra sem precedentes, com um total de zero motivos, ele parecia querer me provocar, me irritar, mas me seduzir.

     Isso foi óbvio no ateliê, quando seu corpo forte e rabiscado estava tão perto que por um segundo eu senti o desejo de ir além de um toque. Eu sabia quantos passos errados eu tinha dado naquele dia, sendo prometida a Henry e sentindo desejos confusos pelo meu novo meio irmão.

     Em dois dias Caleb tinha trazido para minha vida mais adrenalina do que senti a vida toda, e isso me deixava confusa, confusa a ponto de esquecer que já eram oito da manhã e eu tinha obrigações como, até então, última descendente Shepherd.

     Na poltrona rubi a alguns metros de distância minha roupa já estava organizada e dobrada, me levantei esfregando os olhos exaustos.
     A rotina de sempre, na mesma ordem desde quando tinha treze anos.
Acordar, tomar uma ducha morna, escovar os dentes, escovar os cabelos, me trocar e enfim me olhar no espelho até sentir que estou perfeita para começar o dia.

     Um dia quente pedia um conjunto de verão, short jeans claro junto a uma camisa social azul bebê, com os três primeiros botões abertos expondo o tope branco rendado tão sensual quanto moderno, mocassins brancos com detalhes em dourado, estava quase perfeita.
     Na prateleira ao lado do espelho, um porta jóias em forma de concha onde anéis, pulseiras e alguns colares dourados pareciam complementar perfeitamente.

     Eu queria estar linda, era um dia importante e eu precisava estar a altura. Fiz um meio rabo de cavalo alto e em cima prendi um laço branco, agora estava pronta para começar o dia.

      — Bom dia! — Uma voz gentil me cumprimenta quando meus pés tocam o último degrau da escada.
      Diana está na mesa de jantar com pilhas de revistas à sua frente, chegando mais perto vejo vestidos de noiva, arranjos de mesa, buquês, cardápios e muitos outros que são esquecidos de baixo de pilha e mais pilhas de papel couchê.

       — Pela quantidade de opções, acho que não vai ser um bom dia. — Brinco, sobre as várias opções de lembrancinhas na revista em sua mão.
       — Parece mais fácil nos filmes.
       — É bagunçado agora, mas você vai gostar de poder fazer escolhas, papai não é muito de planejar festas então ele vai gostar de tudo que você escolher. — Faço um sanduíche de Brie com Parma e me junto a Diana na mesa.

       — O que acha desse? — Diana me mostra um buquê em uma das revistas, com lírios e peônias, algumas folhas verdes e outras flores menores e pronto, cores vibrantes em lindo buquê de verão.
       — Se continuar gostando de coisas assim, acho que vai ser um casamento lindo. — Sorri dando uma grande mordida no sanduíche. Ainda estava faminta da noite passada.

       — Elowyn... — Ela parecia hesitante, mas empenhada em tentar. — Obrigada... Obrigada por estar abrindo espaço para meus filhos... — Ela finalmente sente coragem para me olhar nos olhos, as revistas agora não tem mais sua atenção.

       — Lia gosta muito de você e de como você tem sido gentil com ela, e Caleb... Caleb parece seguro... se sentir seguro, eu sei que você saiu com ele do jantar... — Ela respira fundo antes de continuar.

       — Ele não é de conversar, não é de se abrir... Desde a morte do pai ele se fechou para o mundo, mas eu vi pela janela como ele conversava com você, ele não se afastou e nem se retraiu... E isso me deixou tão feliz. — Hesitou novamente. — Como o avanço dele foi grande, vou ignorar o fato de andar por ai pendurado em maços de cigarro. — Sorri, como se achasse que Caleb fumar fizesse dele uma causa perdida.

𝑺𝒖𝒏𝒔𝒆𝒕 - 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑜𝑠 𝑝𝑒𝑙𝑜 𝑐𝑎𝑜𝑠Onde histórias criam vida. Descubra agora