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EMMA CONWAY

Abri as cortinas da janela do meu quarto, fechando os olhos para apreciar os raios de sol discretos e a brisa marítima da manhã suave.

Era muito cedo para um domingo. Não chegava nem às oito horas, mas com o costume de trabalhar, não conseguia ficar até tão tarde rolando na cama.

Levantei as pálpebras agora sendo recebida por uma das visões mais lindas que eu poderia ter o prazer de ver na vida. As ondas do mar; a areia clarinha; a grama em um verde vivo; a árvore de cerejeira, sem nenhuma flor; o céu da recém manhã de verão com poucas nuvens, no entanto já num azul intenso para mostrar que teremos mais um dos dias quentes.

Eu estava amando esta cidade. Neste bairro em específico tinha um toque preciso de interior, mas era possível estar perto do centro da cidade a poucos minutos. Não era tão barulhento; era aconchegante e delicioso, mas também tinha aquela vibração da cidade grande. Uma verdadeira cidade dos sonhos. Um privilégio de se viver.

Não sabia explicar como consegui ficar presa em Portland por tanto tempo sem conseguir apreciar o que mais de belo há nesse mundão. Foram anos difíceis, no entanto, foi bom o bastante para me fazer amadurecer e perceber o que eu queria para a minha vida.

Fui ao banheiro escovar os dentes e lavar o rosto e caminhei até a sala com as energias renovadas após uma dose desse espetáculo. Vi Muse, minha cachorra, deitada em sua caminha habitual, estava ainda mais desanimada em compensação aos outros dias. Acho que ando a cansando muito nessas semanas nos nossos passeios diários e isso parece estar esgotando as suas forças.

O fato de que também saímos de um estado completamente diferente da Califórnia, esteja alterando o seu estado.

Fui até ela.
— Você parece cansada, peludinha — passei a mão em seus pelos amarelados, sorrindo para ela.

Ela cheirou a minha mão um pouco, mas logo voltou a se aconchegar no cobertor da sua caminha. Me afastei e dirigi meus passos até a cozinha. Coloquei uma playlist nos fones de ouvido com minhas músicas favoritas e guardei as louças que usei na noite anterior e peguei um pedaço de pizza na geladeira para esquentar no microondas.

Eu tinha o péssimo hábito de comer porcarias em horários não recomendáveis, mas quem ligava para isso? Eu, certamente, não estava dando a mínima.

Chamei Muse algumas vezes, mas minha cachorra decidiu que estava com preguiça o suficiente para vir tentar me roubar qualquer migalha que eu deixasse escapar.

— Você está mesmo cansada, filha — dei-lhe mais um pouquinho de carinho quando terminei de comer e fui até ela novamente, e depois me afastei, tinha um compromisso hoje e não podia me atrasar.

Parei no momento em que vi uma sombra passar na janela pela visão periférica. James e Mia estavam correndo no quintal um atrás do outro e rindo como se não houvesse amanhã e Beatriz estava sentada em uma cadeira com uma cara péssima de quem estava com uma ressaca desgramada.

Fiquei olhando aquela cena repleta de felicidade dos dois que corriam e meu sorriso aos poucos foi se formando no meu rosto. Ele cresceu ainda mais quando, tentando fugir do pai, Mia não foi tão rápida e acabou sendo pega, eles foram ao chão e rolaram alguns metros no gramado e logo em seguida James parou em cima dela, fazendo cócegas na menina que estava deitada e se contorcendo. Pude ouvir as risadas altas de ambos.

ℰ𝓈𝒸𝑜𝓁𝒽𝒶 𝒞𝑒𝓇𝓉𝒶Onde histórias criam vida. Descubra agora