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EMMA CONWAY

Eu estava na praia, sentada com Muse, minha cachorra, uma Golden Retriever, na areia fofinha, insistindo para que ela se levantasse e fosse embora comigo. Mas para o meu completo desespero, a peludinha não queria levantar do seu conforto ao sair da área quente e para de tomar o seu banho de sol.

Como ela estava muito quietinha esses dias, ficando sempre deitada na sua cama, levantando apenas para comer e beber água, fazer algo ao ar livre me parecia uma ótima ideia no começo, mas minha cachorra deitou neste lugar e não quis mais levantar.

— Vamos, Muse, estamos aqui há quase uma hora — tentei chamá-la novamente, puxando de leve a coleira, porém, nada do que eu fizesse faria com que a minha cachorra saísse do lugar.

Decidi ficar aqui sentada com ela por mais um tempo, admirando o céu, o mar e o vento fresco do fim da tarde. Meus pés se afundavam na areia fofinha e quentinha, a brisa bagunçando meus cabelos, raspando no meu rosto e me fazendo fechar os olhos para aproveitar. Fazia tempo que eu não ia até a praia, não até eu me mudar para cá. E eu sentia saudade de dar um mergulho, de admirar as estrelas a noite, ou ler um livro tomando sol, pintar o mar...

Fazia uma semana que eu tinha me mudado para Los Angeles e, mesmo que eu morasse em uma cidade que não dormia por tamanha agitação, minha residência ficava em um bairro um pouco afastado do centro, uns trinta minutos, o que me permitia uma tranquilidade que eu não sabia que essa cidade paradisíaca poderia prometer. E eu amava essa calmaria.

Aqui, as pessoas eram tranquilas e sem alvoroços, não tinha tantas movimentações de carros e trânsitos loucos e as praias, apesar de belíssimas e convidativas, não era frequentada por muitas pessoas, apenas pelos moradores locais que pude concluir nesse pouco tempo de moradia.

Meu noivo, já morava nesta cidade antes de eu me mudar para cá. Antes, eu morava em uma cidadezinha fria e pacata em Minnesota, mas quando consegui uma bolsa para estudar na melhor faculdade de Artes dos Estados Unidos, que ficava em Portland, não pensei em outra coisa a não ser deixar minha vida solitária e nada agradável para trás e correr atrás do meu sonho de me tornar artista.

Não posso dizer que foi fácil, que foi perfeito, muitas coisas aconteceram no decorrer dos anos até conseguir, com vinte e seis anos, chegar até aqui e isso graças ao meu noivo, Nolan, que conheci na faculdade. Ele me ajudou muito, me levou a eventos, apresentou pessoas importantes, e foi como uma jogada de mestre conseguir vir para Los Angeles por conseguir uma assessora no ramo artístico e morar na mesma cidade que o cara com quem irei me casar em poucos meses.

Olhei para Muse, que se remexeu ao ouvir o barulho de um carro se aproximando, notei ser o carro dos vizinhos que moravam ao lado da minha casa.

— Agora você levanta? — perguntei, balançando a cabeça em negativa e começamos a caminhar devagar em direção a nossa casa, passando pelo calçadão que rondava a areia da praia e a rua asfaltada que tinha apenas alguns carros estacionados para enfeitá-la.

Eu ainda não conhecia as pessoas que moravam naquela casa enorme, muito bem estruturada e que exalava mais dinheiro do que se era possível imaginar. Não tive tempo para apresentações formais por conta da organização da mudança, apenas lembrava do momento nada convencional com um certo homem no meu primeiro dia aqui e do dia em que nos vimos pelas janelas dos nossos quartos que ficavam bem em frente uma à outra.

Fora esses dois dias, apenas vi uma criança correndo pelo gramado e uma mulher de cabelos curtos e escuros, iguais ao da menina e também do homem. Provavelmente, pelas teorias formadas pela minha cabeça, poderiam ser uma família e os três moravam naquele casarão lindo e magnífico.

ℰ𝓈𝒸𝑜𝓁𝒽𝒶 𝒞𝑒𝓇𝓉𝒶Onde histórias criam vida. Descubra agora