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JAMES GRIFFIN

Fazia quase um mês que eu não via Emma. Quase um mês desde que ela perdeu Muse e quase um mês desde que eu vou todos os dias na porta dela deixar uma mensagem em um pequeno pedaço de papel rasgado alguma coisa que a faça se sentir minimamente melhor pela sua perda.

E eu entendo perfeitamente ela, mesmo que eu implorasse internamente a cada minuto do meu dia para que ela ficasse bem logo, sabia o quanto uma perda pode ser difícil, ainda mais quando você não tem mais aonde se agarrar para não afundar em uma eterna tristeza.

Olhei para o papel, decidindo o que eu iria escrever daquela vez, alguma coisa que a fizesse se sentir tão amada quanto se era possível e depois de pensar alguns minutos, finalmente coloquei as palavras no papel.

"Mesmo se criassem milhares de pinturas retratando a sua beleza, nada chegaria aos pés do que é te ver ao vivo. Saudades de te admirar quando eu achava que não estava olhando."

Dobrei o papel dias vezes e saí de casa, indo até a porta ao lado e o enfiando debaixo da madeira clara. Bati na intenção de chamar a sua atenção, mas novamente não fui atendido, então não demorei muito para me virar de costas e ir embora.

— Papai! — Melissa veio correndo na minha direção, pulando em mim. Agachei-me para pegá-la no colo e minha filha deitou a cabeça no meu ombro.

— Oi, pacotinho — alisei suas costas.

— Papai, porque a titia Emy não está mais vindo ficar com a gente? — perguntou, sua voz saindo abafada por conta do seu rosto pressionado contra o tecido da minha camisa. — Será que ela não gosta mais da gente e vai embora igual a mamãe?

Respirei fundo sabendo que aquilo era uma questão muito complicada e pensando como explicaria toda aquela situação para uma criança de quatro anos.

Fui até a sala, caminhando até o sofá, onde me sentei com ela ainda no meu colo e a fiz me olhar.

— Filha, a Emma ama muito você, ok? Sabe disso, não é?

— Então puque ela não quer mais vê eu, papai? — sua expressão denotava bastante tristeza e isso partia meu coração.

— Lembra sobre aquela conversa que tivemos, quando contamos que a Muse queria descansar? — Fez que sim com a cabeça. — Então, ela descansou, pacotinho. Foi para o céu ficar junto com a sua mamãe Valerin e isso deixou a Tia Emy muito triste, é por isso que faz um tempinho que ela não vem aqui.

— A Muse foi embora, papai? Pra sempre? Nunca mais eu vou blincar com ela? — seus olhinhos se encheram de lágrimas, fazendo o meu se igualar.

— Sim, pequena, mas ela estava doente, como a mamãe, sabe? Então era o melhor para ela. Você entende? — coloquei uma mexa do seu cabelo para trás da orelha.

— Mas papai, a titia não precisa ficar triste, ela tem a gente, assim como a Muse vai ficar com a mamãe. Eu vou sentir muita saudade dela, mas é só nós nunca esquecemos dela, não é?

— Isso mesmo, meu amor. Vamos guardá-la para sempre no nosso coração, no mesmo espacinho que guardamos a mamãe.

— Isso, aí elas ficam juntinhas e podem cuidar uma da outra.

ℰ𝓈𝒸𝑜𝓁𝒽𝒶 𝒞𝑒𝓇𝓉𝒶Onde histórias criam vida. Descubra agora