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JAMES GRIFFIN

Avisei para Emma que iria apenas falar com Beatriz que iria passar a noite lá na sua casa e para pedir que ficasse de olho em Mia caso ela acordasse e acabasse me chamando no meio da noite e rapidamente fiz isso, colocando uma calça de moletom e camiseta e não demorando muito para retornar e bater na porta da sua casa.

Eu não sabia o que esperar, não depois da discussão nada convencional para um relacionamento como o nosso ter acontecido no meio do quintal, um lugar ainda menos inapropriado para que ocorresse.

Eu estava nervoso, com as emoções a flor da pele, não sabendo discernir corretamente e separar o meu lado racional — que foi o meu lado comandante durante anos — do meu lado emocional.

Mas decidi que, por hora, ignoraria tudo o que estava acontecendo e a forma como as coisas estavam começando a ficarem complicadas, para aproveitar o tempo que eu podia ao lado dela. Afinal, eu não sabia quando isso iria acabar, e sim, quando, porque eu sabia que tinha um fim, mesmo que pensar nisso me matasse aos poucos.

Ela abriu a porta, agraciando-me ao me atender com nada mais e nada menos que um pijaminha pra lá de indecente com o tecido de seda; o shorts curto e a blusa com um decote em "v" e rendinha nas bordas, deixava muito pouco para a minha imaginação, que vem se mostrando muito fértil como a de um adolescente cheio de hormônios e não de um cara de trinta e cinco anos.

— Pode entrar — deu um passo para o lado, indicando para que eu fizesse o que pediu, mas era difícil me concentrar quando os seus mamilos e os piercings marcavam o tecido leve.

Soltei uma risada fraca e balancei a cabeça em negativa. Como eu iria passar a noite com ela desse jeito? Era um tipo de teste de resistência, porra? Porque se fosse eu já estava começando muito mal.

Passei por ela, e foi involuntário não respirar um pouco mais fundo para sentir o cheiro delicioso de baunilha e flores que emanava dela como um idiota. Porra! Eu estava atrás de cada migalha que era possível, por mais patético que fosse.

Nos direcionamos até o quarto dela em silêncio. Eu não sabia o que dizer para começar um assunto, estávamos estagnados e eu não gostava nem um pouco disso, foi por isso que decidi abrir a boca após sentarmos encostados na cabeceira um ao lado do outro.

— Como está a Muse? — era um assunto seguro.

Retirou os olhos das mãos inquietas para me fitar.

— Está bem, na medida do possível — começou a contar, um sorriso genuíno despontando na sua boca. — Eles trataram muito bem a minha cachorra lá no HVG. Voltou até melhor do que tinha ido, acho que a convivência com outros animais, mesmo que também doentes, a fez bem.

— Nossa... isso é... maravilhoso, Emma. — não aguentei não sorrir também.

— Pois é — concordou. — Julie, a técnica em veterinária me mandou muitas fotos dela andando pelo gramado do hospital, interagindo com os outros cachorros, foi tão bom, James... Vê-la assim, sabe?

— Eu tenho certeza que sim. Os remédios estão ajudando muito nesse processo e ter esse contato com algo que a faça bem é realmente muito importante. Ela tem que se sentir uma cachorra normal, mesmo que com uma doença.

— Todos os créditos a você. Foi ideia sua, aliás — tombou um pouco a cabeça para o lado, fitando-me.

— Sim, mas eu estava apenas fazendo o meu trabalho — dei de ombros.

ℰ𝓈𝒸𝑜𝓁𝒽𝒶 𝒞𝑒𝓇𝓉𝒶Onde histórias criam vida. Descubra agora