Capítulo I

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       Mais uma vez Apuh se encontrava sentado nas travessas da grande janela existentes em seu quarto, escrevendo seus poemas em um caderno de capa de couro surrada que, apesar dos muito anos de uso, ainda cumpria muito bem sua função, abrigar os sentimentos confusos daquela alma tão inocente e pura, que as vezes se pegava olhando de relance pela janela a floresta que havia próxima do gigantesco castelo, mas mesmo que quisesse não poderia passear por ele por estar muito tarde, o que ele achava um absurdo, mas ele não podia opinar contra as vontades dos pais.

       Esquecendo os devaneios que o levaram à escrever em tal caderno, o ruivo suspirou alto pensando em como estariam os preparativos para sua coroação que, estava mais perto do que o mesmo sequer imaginara algum dia, roupas justas e apertadas demais, segurança redobrada e além de tudo, decorações caras, pois por mais que soubesse que dinheiro não era problema para seus pais, o ruivo detestava que gastassem muito por sua causa, então digamos que, a situação em que o pobre príncipe se encontrava, não era tão favorável quanto o mesmo desejava.

       O ruivo rapidamente largou a pena que havia em seus dedos entre as páginas do caderno aberto em suas coxas, e tombou a cabeça para trás recostando-a sobre a parede, o mesmo se permitiu ficar assim por alguns segundos antes que uma empregada, um pouco mais baixa que si de cabelos esbranquiçados não pela idade mas sim devido à genética, adentrasse o cômodo:

-Senhor,- o ruivo rapidamente virou a cabeça em direção a voz para escuta-la com atenção- eu vim para avisá-lo que o jantar será servido em menos de 3 minutos, então se apresse e venha para a sala de jantar, seus pais o aguardam.- o ruivo assentiu agradecendo em seguida e, com um breve sorriso a empregada saiu do quarto.

        Logo, o ruivo se levantou e ao sair do quarto e fechar a porta, o mesmo começou a caminhar por entre os imensos corredores que aquele lugar abrigava mesmo após tanto tempo, o que fez com que o ruivo obrigatoriamente decorasse todos os cantos existentes naquele castelo, logo ele adentrou o salão de jantar, olhou vagamente para alguns objetos já postos para o dia da comemoração do ruivo, mas apenas ignorou e se sentou em uma das várias cadeiras que haviam ao redor da grande mesa retangular, que caso fosse medida deveria possuir uns 5o metros.

       Ao perceber sua presença, a mãe do ruivo lhe dirigiu um sorriso singelo, seguido de seu pai que lhe desejou um "boa noite" mas logo a monotonia se permitiu instalar-se no lugar, que fora quebrada apenas ao que o jantar foi servido.


O garoto ligeiramente se serviu, igualmente aos pais, e alguns minutos depois, a mãe se permitiu iniciar uma conversa com o jovem príncipe:

- Então querido, eu iria lhe questionar sobre isso amanhã, mas pelo que vejo nos falta assunto então preciso perguntar, quais cores você deseja em relação as cortinas e flores da sua coroação?

-Ah, na verdade mãe eu não tenho muito o que opinar sobre isso, o que você escolher estará ótimo- era notável que o ruivo estava inseguro quanto a tudo que estava acontecendo consigo, mas preferiu não dizer à mulher.

-Então, o que acha de vermelho e dourado?- a mãe sugeriu.

-Perfeito- respondeu simplório, pegando o copo à sua frente e bebendo um pouco do liquido que havia dentro.

-Ei, filho- a mãe chamou a atenção do ruivo, que a fitou em resposta- percebi que está meio tenso, que tal se você passasse o dia na floresta procurando pelas flores que usaremos na sua coroação, ouvi dizer que as flores da floresta são as mais belas.- a mãe disse não esperando pela dose e animação que tomaria o filho, ao concordar entusiasmado com a proposta da mãe.

       E, em muito tempo o ruivo finalmente sentiu que dormiria bem aquela noite, por saber que o dia seguinte seria algo a mais do que apenas obrigações entediantes que, no final do dia apenas ganhavam em deixar o ruivo deprimido, mas diferene das outras aquela noite, ele dormiria aliviado.

       No dia seguinte, o ruivo acordara sonolento, mas animado, se passava pouco das sete ele se levantou prendeu levemente os cabelos e lavou bem o rosto, em seguida adentrando a banheira para um banho quente, pondo ao sair da mesma uma blusa preta e uma saia vermelha com um listra branca na barra que lhe caia até a metade de suas coxas grossas e fartas, e por mais que não pudesse parecer, os pais do ruivo não se importavam talvez, até mesmo agradecessem pela orientação sexual do filho não envolver meninas, seria um problema a menos, e apesar de não ser muito comum com relação à monarquia  daqueles tempos, a família real de Amerytia era considerada fortemente por seus aliados como inovadora em todos os arredores.

       Após colocar a roupa que julgava confortável, o mesmo foi avisado de que o café estava prestes a ser servido, o ruivo penteou rapidamente os cabelos ainda bagunçados, por mais que não fizesse muita diferença pois seu cabelo sempre fora meio contra os padrões de beleza, e saiu rapidamente até o salão onde fitou alegremente os pais com um sorriso alegre e radiante.

-Acordou de bom-humor, querido?- a mãe foi a primeira a se pronunciar, ao perceber a feição alegre do ruivo.

-Acho que sim, mãe- o ruivo colocou uma boa quantidade de bacon e ovos em seu prato, seguido de algumas torradas e uma xícara de café- vou comer rápido e ir para floresta, talvez eu não volte até o anoitecer, tudo bem?- o príncipe disse e viu a mãe assentir.

       O ruivo se despediu do pais com um pequeno beijo na bochecha de cada um e saiu, levando consigo apenas uma cesta de madeira trançada para as flores que, no momento apenas abrigava um sanduíche. Ao se perder do castelo, que agora não alcançava sua visão por estar entre as árvores da floresta, o ruivo não se impediu de dar um pequeno saltinho de excitação com o passeio.

     Mas ao lembrar-se do porque estava ali, suspirou brevemente acalmando-se e começando a caminhar por entre as belas e altas árvores que ali haviam, mas parou drasticamente ao ouvir um barulho alto atrás de si, seguido de uma respiração densa, e ao se virar para observar tal criatura, ele se encontrou vibrado em tal olhar rosado vibrante, que brilhava devido a pouca iluminação que havia ali...



Continua.......




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