Capítulo V

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       Visões inebriadas

       Em asas abrigava

       Algo tão impuro

       O rei se dizia inseguro

       Pedidos inegáveis,

       O levaram a sua ruína.

       E ele não negaria,

       que gostava de lá.

       Ao perceber a estranha movimentação em seu próprio quarto, Apuh se encontrava em pânico, mas ao cruzar brevemente olhares com seu sequestrador ele sentira a mesma estranha sensação de dias atrás, ao se deparar com aquele alfa na floresta, porém tal sentimento era quase imperceptível, pois o medo se sobrepunha totalmente ao corpo do ruivo.

       Então, mesmo que o desespero houvesse bloqueado totalmente sua capacidade de dizer algo, o ruivo se permitira gritar o mais alto possível para tentar fugir daquilo, mas antes que os guardas que paravam em sua porta, pudessem fazer algo sua visão já se esvaíra drasticamente, e certamente ele não estaria mais em seu quarto ao acordar.

*   *   *

       Aos poucos, o ruivo abria os olhos tendo certa dificuldade ao perceber a luz forte que inundava o ambiente, o rei estava rodeado por algo completamente branco, então ele permitiu-se cair sobre os próprios joelhos, e deixando que as lágrimas corressem por seu rosto.

- Apuh.- algo o chamara, e apesar da visão embaçada, o ruivo pode ter um vislumbre de asas pretas e cabelos escuros ao poucos se aproximando- oh, meu querido por favor não chore- a voz, apesar de masculina, era doce e tentava levar a si o máximo de conforto para acalmá-lo, aos poucos Apuh sentia mãos serem postas delicadamente sobre seus rosto, segurando-o de forma gentil e, novamente o ruivo sentia como se não precisasse fugir, do contrário, ao sentir o toque do outro o ruivo se jogara aos braços do estranho anjo à sua frente.

-Não se esqueça ruivinho, eu estou mais perto do que imagina e eu lhe prometo- o outro colocara o rosto do ruivo entre as mãos e, apesar da visão embaçada o menor procurava ouvi-lo atentamente- que o protegerei deste mundo cruel e destruirei tudo em nosso caminho- o anjo deixara um breve selar na testa do ruivo e então, estilhaçou como se fosse vidro, e uma brisa o levou para longe, deixando Apuh ali, paralisado.

       E, então da mesma forma que ele entrou ali, o ruivo saiu com a visão sendo totalmente escurecida, abrindo os olhos em um sobressalto.

       De forma diferente, agora o ruivo se encontrava era um quarto grande com paredes em tons escuros por todo o cômodo e um grande lustre acima de si, Apuh se encontrava sobre uma cama incrivelmente macia com lençóis em tons rosados e luzes amareladas o cercando, mas antes que Apuh pudesse fazer mais do que reparar em detalhes fúteis, um homem alto adentra o quarto, um homem de cabelos pretos e olhos rosa.
"Certamente um belo rapaz" por um momento, foi este o pensamento que invadiu a mente de Apuh, mas que logo se afastou ao que o ruivo percebeu que o tal homem se sentara à uma das poltronas que havia ali e começou a encará-lo.

       Aquele momento tenso parecia não ter fim, ttanto quanto a intensa troca de olhares entre ambos:

-Nunca pensei- o moreno começou fazendo o menor estremecer ao ouvir tal voz - que o futuro rei daquele seu reinozinho de merda fosse tão atraente, certamente eles não o merecem- o moreno repuxava os lábios em um sorriso malicioso- se eu soubesse disso, teria o sequestrado há anos.- subitamente o medo que preencha o corpo do ruivo foi sobreposto pela raiva.

- FOI VOCÊ!? ME LEVE DE VOLTA AGORA À MINHA CASA AGORA! - o ruivo exclamava para o outro, furiosamente.

- Casa?- o moreno ria freneticamente de forma cínica- você chama aquele bando de pessoas cruéis de família!? Por favor não me faça rir- os olhos do ruivo agora se encontravam totalmente arregalados, mas ele não conseguia montar uma sequer frase, mesmo que abrisse a boca para dizer algo, ele logo a fechava novamente, e agora algo queimavam em seus olhos e ele sabia o que era, lágrimas.

- POR QUE ESTÁ CHORANDO PORRA!? EU TE SALVEI DE UM BANDO DE CRIMINOSOS!- o moreno gritava enquanto, o ruivo procurava se encolher cada vez mais enquanto abraçava as próprias pernas.

- Eu não me importo com o que eles supostamente "são", mas não elimina o fato de que, eles continuam sendo minha família- ele sinaliza aspas ao se referir ao que o outro disse.

       "Eles não eram aquilo", ele estava tentando manipulá-lo" era o que o ruivo dizia a si mesmo.

O rei de Amerytia respirou e acalmou o olhar, voltando-o para o maior:

- Para que estou aqui, afinal?- o menor perguntara.

-Você- o moreno se levantou indo até o ômega, segurando seu queixo para que o ruivo lhe encarrasse, já que o mesmo parecia encarar qualquer coisa, exceto o alfa- vai me ajudar a acabar com Albert II- o ruivo sentia o coração acelerar ao ouvir o nome do pai sair da boca do moreno e, instintivamente o menor qual antes se encontrava na beira do colchão, agora recuava até se recostar a parede do quarto.

-Eu não vou fazer isso.- o ruivo disse, porém sua voz soou mais baixa do que realmente deveria.

-Como é!?- o maior exclamou com raiva-COMO NÃO, PORRA!?

-Entende a gravidade do que está me pedindo!? ELE É MEU PAI- o ruivo gritava e aos poucos, aquilo se tornava uma batalha de gritos sentindo o medo pelo alfa se esvair, enquanto a raiva o preenchia de forma desafiadora.

-Eu não estou lhe pedindo nada, estou dizendo que você vai fazê-lo, Apuh, ou pode ir se despedindo do seu amiguinho, como é mesmo o nome dele? ah é mesmo, Tuguim.

Como ele sabia? era o que o jovem rei se perguntava.
Ele não poderia deiar que isso acontecesse pois, além de ser considerado da família, Tuguim era um inocente em meio a tudo aquilo, ele não seria capaz de fazer aquilo ao amigo.

-É apenas isso?- com pesar na voz o ruivo o perguntara ao alfa, mas o moreno apenas o olhou confuso- é só isso que quer de mim? que eu ajude a acabar com me pai?

-Sinto lhe dizer, docinho, mas vou precisar de mais uma coisinha.

-O que é?- o ruivo já estava impaciente, mas o tom de sua voz permanecia ameno.

-Você irá se casar comigo- o alfa proferiu enquanto as bochechas do ruivo tornavam-se facilmente tons próximos de rubro, sentindo que a vergonha o invadira por completo.

-O-o quê?- o ruivo quase não dissera algo , mas devido ao silêncio que os rondava o moreno o ouviu.

- Nós iremos nos casar para que eu tenha total poder sobre o seu reino e me vingue daquele monstro que chama de pai- o ruivo não entendia porque o ruivo se referia daquela forma à seu pai, mas questionamentos não teriam espaço dada a situação.

-E-eu não posso- o ruivo tentou dizer sentindo as mãos do alfa sobre seu queixo

- Vamos lá docinho, eu não quero ter que destruir seu reino para conseguir minha vingança, eu gostaria de fazê-lo de uma forma mais gentil, vai me ajudar ou terei que mandar meus guardas atrás do seu amiguinho?

       Por um momento, o ruivo viu a vida inteira rodar em sua própria mente, ms que logo foi substituída por outra "Tuguim seria machucado, ou pior até mesmo morto por sua culpa se o ruivo se recusasse a fazer aquilo.
Então, o pesar voltou com força, mas analisando a situação em que se encontrava, ele fez algo que jamais imaginara:

-Sim, eu me casarei com você.- aquelas palavras pareciam dilacerar seu estômago.


Continua.....

Bound to Fall in LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora