Capítulo 1

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A mudança é uma merda necessária

Na vida de quem não quer morrer morando com os pais

Os anjos gritaram amém.

Os pássaros cantaram no ritmo do "aleluia, aleluia", e o meu sorriso evidente quase fez as minhas bochechas arderem de tão esticada que ficou a minha pele. Desci do carro bem devagarzinho, como que para saborear lentamente o gostinho doce da mudança. Lembro-me

até de ter fechado os olhos e inspirado profundamente.

O vento era fresco, e soprava com uma tranquilidade que invadia o meu peito. Havia muitas

árvores na rua, nada de gás carbônico em demasia. Crianças brincavam de queimada mais adiante.

Uma casinha estilo Barbie bem bonitinha estava diante de mim, parecida com a que eu implorei para que a minha mãe comprasse quando tinha sete anos (ela não comprou, que isso fique claro).

Estava tudo mais do que perfeito. O bairro era perfeito, a rua era perfeita, a casa era perfeita, a vida era perfeita, o mundo era perfeito, e eu Kornkamon Phetpailin finalmente estava livre de toda aquela gente doida que compunha a minha família. Nada contra, só que não dá para viver em um lugar onde não se sabe quando exatamente estão conversando ou discutindo.

Foram vinte e oito anos, Vinte e oito anos de muitos: Mon vai lavar os pratos!

Mon passa pano na casa! Para onde pensa que vai a essa hora, mon? Mon já disse que não gosto dessa sua amiga.

mon esse seu namorado é irritante. mon cuida da Clarinha, ela é tão pequena! Mon você não pode dormir tão tarde. Mon sai deste computador! mon sua aula é daqui a uma hora e

você ainda está aí? mon você só pode estar louca se pensa que vai comer chocolate no jantar!

Mon ,Mon ,Mon, Mon !

Na moral, naquele instante, esperava nunca mais ouvir o meu nome de novo. Eu ia morar

sozinha (ops, deixe-me repetir: sozinha! Mais uma vez: sozinha! Outra: SOZINHA! Ok, ok... Acho que me empolguei) e muita coisa iria mudar. Teria as minhas próprias regras, planos, horários e responsabilidades. Pagaria todas as contas, precisaria lavar meus pratos, fazer a minha comida e lavar a minha roupa, mas cara... O preço da paz não pode ser quitado com um cartão de crédito. Tudo vale apena quando é a liberdade e a privacidade que está em jogo. Só de pensar que teria um banheiro só meu, a felicidade era tão grande que dava vontade de chorar.

Nunca queira morar com pais malucos, uma avó com amnésia, uma irmã solteira com uma

filha pequena e um irmão adolescente em plena ascensão da puberdade. Só da confusão.

A minha antiga casa devia ter um alerta do Ministério da Saúde bem na placa de boas-vindas. Tenho certeza de que, depois de vinte e oito anos de doideira, o meu cérebro não funcionava como o das pessoas normais.

A minha única esperança era aquela nova fase da minha vida, que estava começando com

estilo. E, claro, com um emprego novo (e bom), casa nova (e linda), tranquilidade, calmaria... Seria quase como se eu tivesse me mudado para a montanha dos monges, no Tibete. Já me sentia bem mais zen enquanto percorria o pequeno jardim da frente. Podia ouvir até o "aaaaummmmmmmm"

ressoando ao longe, provavelmente alguém meditava diante do silêncio da rua. Ou era apenas o meu cérebro perturbado imaginando coisas.

Querendo ou não, este é o começo da minha história. Havia uma Mon radiante, sorrindo para

A safada Mora ao LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora