Capítulo 9

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Não posso me esquecer de que o minha vizinha safada é uma safada

Acordei cedo só para não perder o costume, e acabei não me arrependendo porque as minhas

entregas começaram a chegar a partir das oito horas. Nem eu tinha consciência de que havia comprado tantas coisas novas; sofás, aparelho de jantar (mesa e quatro cadeiras), mesinha de centro, um rack para sala, um para o meu computador e uma mesinha menor para cozinha.

Nem sinal da minha vizinha. Estava com vergonha de chamá-la para me ajudar na montagem. O que aconteceu durante a madrugada estava me enchendo de angústia; o aperto no peito não queria passar, e o frio na barriga, idem. Meu cérebro tentava dar explicações malucas para justificar as minhas atitudes (acredite quando eu digo que a minha mente fértil elaborou todas as artimanhas mirabolantes possíveis), mas a verdade é que me arrependi de ter feito aquilo. Devia ter ficado na minha.

Por mais que eu quisesse ter este poder, nada faria o tempo voltar, então tentava não pensar muito. Só precisava erguer a cabeça e sobreviver a uma manhã inteira com a safada do 105 soltando as suas indiretas diretas. Precisava ser forte e, acima de tudo, controlada. Os meus hormônios à flor da pele não podiam ser mais fortes que a minha razão (embora tenha a certeza de que são).

Estava tentando, sem sucesso, montar o rack da sala (acocorada no chão, suada e estressada por não estar entendendo porcaria nenhuma) quando ouvi batidinhas na porta. Ela estava aberta, por isso apenas olhei para o lado. a vizinha estava sorrindo (como sempre), seminu (como sempre), trajando apenas uma bermuda branca e um top, segurando alguma coisa que não consegui identificar. Ergui-me.

– Bom dia, vizinha – murmurei em um muxoxo. A vergonha completa esbofeteando a minha ex-

cara de pau.

Não dava. Sério, estou sendo muito sincera quando digo: não dava para observá-la sem desejá- lo. Era impossível. ela era linda demais. Sorrindo daquele jeito, então, fazia qualquer mulher sensata (como eu) mudar de ideia em menos de um segundo.

– Bom dia, vizinha – saudou toda contente. – Desculpa a demora, estava procurando isso. 

–Ergueu uma maleta preta e grande em uma mão.

– O que é isso?

– Ferramentas. Você nunca vai conseguir montar isso sem uma furadeira. – Aproximou-se da bagunça que eu tinha feito. Havia pedaços infindáveis de madeira e pregos de toda a qualidade espalhados pelo chão. O manual estava todo amassado, jogado em um canto. 

– E a minha furadeira trabalha que é uma beleza! – Piscou um olho.

3, 2, 1... Começou o primeiro round. Daquela vez, eu só ficaria na retaguarda. Ela não ia me atingir. Não ia.

Soltei um suspiro enquanto ela se ajoelhava no chão e abria a tal maleta. Havia de tudo um pouco ali dentro.

– Belas ferramentas – comentei sem querer, esquecendo-me de que tudo o que eu falasse seria usado contra mim.

Calvin ergueu a cabeça e sorriu com malícia, mostrando seus dentes maravilhosos e a curva perfeita da sua boca carnuda, que, por sinal, estava me chamando aos berros. Quase tampei meus ouvidos, só não o fiz porque não adiantaria.

Ela tocou no espaço bem ao seu lado, indicando para que eu ficasse ali. Obedeci, pois foi o que me restou. Sentei-me no chão enquanto ela me analisava de cima a baixo. Encarei-a de volta. Cada partícula de mim implorava por alguma coisa que eu nem sabia o que era, ou, talvez por saber bem, eu tentava ignorar.

– Mon? – murmurou o meu nome de um jeito impressionante. Fechei os olhos, mas os reabri depressa. Droga. Não estava funcionando.

– Hã?

A safada Mora ao LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora