Capítulo 11

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         Um balde de água fria só é frio se agente estiver colocando fé no aquecedor


Só entendi que havia adormecido quando acordei bem devagar. O meu quarto estava escuro e, como a porta estava aberta, percebi que na verdade a casa inteira tinha ficado imersa na escuridão total. Meio desnorteada ,procurei o meu celular na cabeceira da cama. Eram oito e meia da noite. Ainda era sábado .Partes bem sugestivas do meu corpo começaram a latejar. O clima era frio, e a minha pele estava grudenta .Estranhei a minha nudez completa.

Lembranças dos momentos com a minha vizinha invadiram a minha mente com efeito retardado (isso para não dizer que a retardada fui eu). Com o coração iniciando uma série de batidas frenéticas, procurei-a pela minha cama. 

Só constatei o que já sabia: eu estava sozinha.– Calvin? – chamei. Não obtive respostas. 

Soltei um longo suspiro. Não era para estar admirada. 

A minha vizinha era uma safada, certamente tinha mais o que fazer em uma noite de sábado. Mesmo assim, ainda me levantei da cama e a procurei pela casa. Nada. A porta de saída estava fechada, mas não trancada. 

Suspirei novamente. Tudo bem, eu tinha caído nas garras da safada do 105. A mágica havia acabado, bem como o interesse dela. O meu também foi saciado. Sabia como ela era na cama (incrível) e como seria senti-la em mim (incrível), agora podia ficar em paz. Aquele momento foi necessário para ambos. Calvin me queria, e eu também, não havia motivos para arrependimentos. Transar com a minha vizinha tinha sido uma experiência e tanto. Pensava nisso enquanto tomava um banho esperto, tocando as partes do meu corpo que foram tocadas por ela mais cedo. A sensação de suas mãos me apertando ainda circulava pelo meu corpo como se fosse o meu sangue. Pudera,  a mulher era avassaladora. Eu não podia esperar nada diferente de uma foda deliciosa vindo dela. E bem, a minha carência havia diminuído bastante (podia sentir que as teias de aranha já não estavam mais na minha "aranha"), coisa que também não podia ser diferente. Não depois de vivenciar aquelas emoções intensas e aqueles orgasmos profundos. No fim, senti-me na vantagem. O momento com a vizinha safada-magia só me proporcionou o bem. 

Coloquei um pijama confortável e parti para a cozinha, na intenção de assaltar a geladeira. Morria de fome. A vizinha tinha me saciado de um jeito que nenhum alimento seria capaz de fazer, mas me deixou com o estômago vazio e roncando alto (parecia que tinha um alien dentro de mim).Abri a porta da geladeira e tive uma surpresa logo de cara. Havia um item que não devia estar lá: uma travessa com um delicioso pudim de morango. Aquilo estava uma beleza! Sério, havia morangos, chantilly e muita calda escorrendo. O alien quis abrir um buraco no meu estômago para deixar passar uma mão, assim ele pegaria aquela delícia para devorá-la. Acabei fazendo isso por ele. Um bilhete caiu nos meus pés, fazendo-me gritar de susto. Pensei que tinha sido uma barata. Odeio baratas. Você não tem noção do quanto. Já cheguei a quebrar o dedo mindinho do meu pé esquerdo tentando fugir de uma. Foi o maior pavor pelo qual já passei. Deixei o pudim em cima da minha mesa (novinha em folha!) e peguei o bilhete, que na verdade era um pedaço de papel arrancado de um caderno de brochura. A letra era feia pra burro, quase ilegível. Tentei traduzir para o português: "Fiz ontem. Ainda não provei, mas tudo que reúne chantilly e morango fica uma delícia. Só não mais que a sua "feijoada", claro. Amei cada partícula dela, Mon. 

Queria estar sentindo o seu cheiro de mulher gostosa neste instante, mas precisei ir trabalhar. Maior saco! Pode ter certeza de que estou pensando em você agora. Quero que pense em mim enquanto come esses morangos. Hummm...  Na verdade quero te comer com esses morangos. Guarde um pra mim. Calvin. "Safada! Ri sozinha durante muito tempo, parecia uma maluca. Peguei um prato rindo, encontrei uma colher rindo e me servi do pudim rindo. Comi o primeiro morango e ri até chorar. Depois eu acho que chorei de verdade quando o sabor do pudim se misturou na minha boca, e então percebi que a sobremesa da sujeita estava para algo além da escalada perfeição.– No quê que ela é ruim, meu Deus? – perguntei para o nada, e, percebendo que não receberia uma resposta, desatei a rir. Liguei as luzes da casa, admirando-a completa pela primeira vez. Não havia tido tempo de curtir aminha sala nova. Observei o tapete felpudo e sorri. Depois, senti-me esquisita. Não era legal ficar com ele. Sei lá, era estranho. Ser responsável, mesmo que provisoriamente, pelo tapete da mãe do Calvin não me parecia uma boa ideia. Vai que ela estivesse assistindo àquilo tudo do além e não tivesse gostando nada? Acabei me sentando nele e pegando uma almofada em cima do sofá. 

A safada Mora ao LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora