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MELINA GARCÍA

Acordo com várias batidas na porta do meu quarto e apenas me viro pro outro lado da cama agarrando um travesseiro.

- MELINA! - A voz que provavelmente era de Charles gritava do outro lado do cômodo fazendo batidas mais e mais fortes.

Começo a fazer um zumbido me espreguiçando ainda deitada e bocejando na esperança que ele desistisse.

Negativo.

Eu odeio acordar cedo, odeio quem me acorda.

Me sento na cama e gemo baixo de dor ao ver meu pé visivelmente inchado por baixo da faixa.

Nem penso duas vezes antes de me cobrir novamente e me deitar na cama até eu me assustar com o barulho da minha porta ser aberta com força.

- Qual é o seu problema!? - Grito de olhos arregalados.

- Eu tô berrando na porta a 5 minutos e você não levanta. A gente tem que sentar pra conversar, daqui a uma hora eu saio pra trabalhar.

- Você não era piloto?

- Não é porque eu sou piloto que só dirigo carros.

- Olha, não te dá direito de entrar no meu quarto sem eu deixar.

- Agora já é seu quarto? - Ele pergunta sorrindo e eu passo as mãos no rosto começando a me irritar.

- Eu poderia estar sem roupa.

- Não seria uma opção ruim.

- O que?

- Nada. - Charles responde cínico e reviro os olhos negando. - Como está o pé?

- Ótimo. - Minto.

- Tá esperando eu te dar a mãozinha?

- Saí! Eu vou tomar um banho e já vou.

- Mas e o seu-

- Vaza Charles!

🏁


- De onde você tirou essa intimidade toda pra falar comigo? - Pergunto dando mais um gole no meu café.

- Te pergunto o mesmo.

Nós dois sentamos na mesa moderna da cozinha do apartamento.

Uma folha.

Uma caneta.

Um contrato.

Meu café.

Percebia como Charles está inquieto pela força que ele tremia sua perna no chão e então mudo a postura tentando começar a discussão.

- Eu comprei esse apartamento já a um tempo com Joris. Gastei 90% do meu dinheiro nele na esperança de conseguir um emprego aqui.

- Ok, porque veio pra cá?

- Digamos que tive problemas com minha família no Brasil. - Falo cruzando os braços.

Charles estala os dedos apontando pra mim. - Perfeito! Você se resolve com eles. Se pedir com educação eu te arranjo uma passagem de volta.

- Você não entendeu, eu não vou voltar. Joris disse que morava aqui a uns anos e não chegou a vender o apartamento.

- Isso é verdade. Ele já morou aqui comigo por um tempo mas se mudou.

- Por que você não compra um apartamento novo pra mim? Eu pego todas as minha caixas bagunçadas daqui e levo pra lá, BOOM! Vida feliz pra nós dois.

sure thing - charles leclerc Onde histórias criam vida. Descubra agora