CAPÍTULO Γ.

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Eu escuto os cachorros doidos uivando o dia todo
Quando eu caio na provocação que cruza a linha, minha carne é arrancada
As duas mãos, escondidas no escuro e dançando com espadas”

Rosario — Epik High.

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O ruído estridente da corrente contra o teto era contínuo e propiciamente irritante, como numa sinfonia, punhos fechados sem nenhum tipo de bandagem atacavam de forma impiedosa um saco de pancadas suspenso, os músculos levados ao extremo queimavam e o suor tomava conta da pele branca bronzeada.

O chão de uma cor cinza queimada, da espaçosa academia subterrânea — com espaço suficiente para ser um estacionamento comercial, estava salpicado de suor, as paredes de cor preta e a quase inexistência de janelas, não considerando as duas que estavam aos lados da escadaria do lado de fora, apenas aumentavam uma sensação sufocante de se estar encarcerado, ainda que sem grades ou cordas.

Era algo a que se acostumara, ainda que não por vontade própria, algo inerente a personalidade forjada naquela sala de tortura, então não haviam motivos para ser mudado, ainda que lhe causasse tanta angústia quanto possível.

Era sua zona de conforto, ao mesmo tempo que o motivo de várias recordações horrendas, que a perturbavam quase tanto quanto as sequelas físicas que carregava. Como seus pulsos e tornozelos, doendo como se algo constantemente acertasse o osso e irradiasse a dor através da pele.

Com arfadas contidas, a mulher com um cabelo castanho escuro preso em um rabo de cavalo, que chegava a altura de sua cintura ao estar solto, levantou os punhos — que tinham os nós dos dedos sujos de sangue — na altura do rosto, balançou o corpo sobre os pés num movimento rápido e se esquivou, rondando o saco como se o objeto fosse um oponente vivo.

O ar carecia do preenchimento de notas musicais ou o som de vozes de outras pessoas, tudo o que a acompanhava eram o bater de seu coração, tão alto e ritmado que mais parecia estar sentindo as batidas de um tambor em seu peito, e os assovios dos tênis de solas gastas contra o chão, a cada esquiva.

O movimento firme e a respiração pesada empregados em um jab de direita, estavam prestes a lhe render a finalização de sua “luta”, quando o barulho de batidas na porta chegou a seus ouvidos. Seu corpo tensionou, o estresse voltou com todo o vapor e a mulher grunhiu baixo, ao sentir um arrepio em sua espinha.

Respira, respira, respira, respira!

Foco, não pensa, não pensa!

Arfando, piscou repetidas vezes e apertou as mãos — que pulsavam por conta dos cortes nas juntas, causados pela falta do uso de luvas, uma na outra, lutando contra a sensação de estar anormalmente atenta; o que estava lhe deixando eufórica, causando um formigamento em sua derme, de forma que não conseguia dizer se o que estava em sua frente, era uma pessoa ou sua própria sombra.

Cicatrizes de Kallisto.Onde histórias criam vida. Descubra agora