"Não tenho sorte, não tenho salvação (não tenho salvação)
Ninguém curará, ninguém aliviará minha dor
Para comover por meio de lágrimas, para me entregar"Džanum — Teya Dora.
• 𝙕𝙀𝙋𝙃𝙔𝙍𝘼 𝘼𝙀𝙇𝙇𝘼 𝙆𝘼𝙇𝙇𝙄𝙎𝙏𝙊 𝙇𝘼𝙎𝙆𝘼𝙍𝙄𝙎 •
Um burburinho — tão contente que chegava a ser estranho, crescia, o choro copioso e os murmúrios de uma voz estridente, cortavam o silêncio e se infiltravam pelas pequenas saídas de ar da sala abafada, fazendo o caminho de volta com urgência, para entrar nos ouvidos da menina de olhos verdes arregalados, amarrada pelos pulsos a uma cadeira de ferro, parafusada ao chão de concreto.
Os únicos móveis que decoravam o cômodo estavam perto das paredes frias, eram mesas de madeira polida, repletas de coisas e utensílios que não sabia a origem ou para o que iriam servir — apenas lembrava de ter visto alguns deles, nas mãos dos homens que andavam com seu pai — porém pareciam perigosos, com suas lâminas e serras, pontas curvas e espinhosas.
As paredes de concreto, com uma pintura cinza e doente, exibiam algumas rachaduras profundas, seus alicerces aguentando bravamente, apesar da aparência do lugar, que parecia estar perto de ruir. Assim como o controle de sua Acompanhante, um termo sobre o qual costumava comentar com sua mãe, achar adulto demais para alguém que apenas fazia o papel de uma babá.
A garota se engasgou com saliva e, com dificuldade, puxou o ar pela boca, seus lábios secos lhe incomodavam, mas não tinha coragem de pedir por água, não quando homens armados, com mais que o dobro de seu tamanho, estavam ao seu redor.
Não só estavam, como pareciam lhe medir de cima a baixo, alguns tinham passado as mãos em seus cabelos castanho-escuros longos e ondulados, outros comentado sobre como parecia ser bagunceira — naquele momento, se lembrou de sua mãe pela manhã, dizendo que precisava se aquietar, e desejou desesperadamente ter coragem para gritar por ela.
Ainda que, no fundo, soubesse que ela não iria lhe ouvir.
Um dos homens, com um físico esguio e olhar cansado, barba longa e um cabelo ralo que era constantemente penteado por seus dedos calejados e cheios de pequenas cicatrizes, suspirou e aproximou um telefone da orelha, desabotoando as mangas de sua camisa.
Ele nem ao menos teve tempo para abrir a boca, pois com um desespero que conseguia lhe assustar ainda mais, sua Acompanhante começou a gritar e se jogou para perto do homem, fazendo com que a menina tremesse na cadeira, por medo do que a fariam, ainda que a mais velha agisse como se tivesse esperança, que quem estava do outro lado da linha, fosse lhe oferecer alguma ajuda.
— Senhor, precisamos dela? — Um dos homens perguntou, a agarrando pelos cabelos.
Com uma expressão horrorizada, Zephyra assistiu estática enquanto o homem ao telefone fazia um sinal de negativo, parecendo desinteressado ao que o homem que estava agarrando sua Acompanhante fazia, ao sacar uma arma e disparar contra a cabeça dela, diretamente em sua testa, enviando pedaços avermelhados de massa encefálica pelo chão.
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Cicatrizes de Kallisto.
RomanceComo primogênita da Família Laskaris, Zephyra nasceu com seu destino já traçado, crescer sendo ensinada sobre seu papel de futura esposa, de um dos aliados da Organização. Porém, anos após um sequestro que resultou em sua destruição, Zephyra, agora...