CAPÍTULO Ε.

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“Todas as luzes estão brilhando para você, ao que parece
Nos cenários do centro da cidade, azul sombrio
Fazendo beatbox e rimando sob a chuva de verão
Como um mandachuva, você cantou”

Salvatore — Lana Del Rey.

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A música clássica, que mesmo não sendo um assíduo ouvinte ainda lhe era interessante, pelo ressoar agressivo de violinos e o toque pesado das teclas de um piano, ecoava em volume baixo pelo amplo espaço da cobertura.

Não prestava atenção na melodia, mas de alguma maneira, ela combinava com o que via do outro lado dos vidros das janelas. A cidade que poucas vezes aproveitara verdadeiramente, continuava tão viva quanto bela, com as luzes dos prédios vizinhos, os carros e pessoas fazendo de modo superficial, o que muitas vezes não lhes dava uma razão de viver, apenas os distraia daquelas vidas monótonas, até que lhes chegasse a morte.

Belo assunto para uma mudança, hein.

Umedeceu os lábios, exalou pesado e se concentrou em um possível detalhe que pudesse ser suspeito, ou que havia lhe passado desapercebido em uma vistoria superficial feita ao chegar. Uma câmera escondida às pressas, um espelho falso trocado recentemente ou escutas nos abajures sobre os criados-mudos, ao lado do par de longos sofás de couro marrom claro.

Talvez até mesmo uma pessoa houvesse entrado ali ao ver que tinham saído pelo elevador privativo, para buscar suas caixas no depósito. Não ficaria realmente surpreso, visto que seus novos vizinhos do andar de baixo, não eram bem o casal de idosos que Hansol imaginava.

Muita coisa poderia passar desapercebida, principalmente se tivesse ajuda de alguém que sabia que ele estaria ali.

Ou melhor, que estariam.

Por falar no diabo…

O odor do perfume masculino sofisticado, chegou as suas narinas, assim como um sorriso pequeno, torceu os cantos de seus lábios. Virou o corpo para a direção onde o homem jovem, vestindo um terno bem ajustado de cor cinza, estava com uma caixa de papelão em mãos, o óculos de leitura, caindo pela ponte de seu nariz alongado com base redonda e mais larga.

Após passarem a tarde levando caixas e mais caixas para o lugar, os dois sentiam seus corpos cansados, e o frio da noite estava perfeitamente propício para que se deitassem e dormissem até o dia seguinte. Talvez se fosse para um vinho com uma boa tábua de frios, pudessem fazer uma concessão.

Era seu plano número um, e torcia para que não aparecesse nenhum impedimento. O plano número dois, era ter que se colocar às ordens de seu noivo perfeccionista e organizar tudo o que estava nas caixas, ainda naquela madrugada.

— Então, encontrou alguma coisa, querido? — Exalando, deixou a caixa no chão e tirou o óculos, o guardou no bolso interno de seu terno, ajustando as mangas ao se endireitar.

Cicatrizes de Kallisto.Onde histórias criam vida. Descubra agora