Como primogênita da Família Laskaris, Zephyra nasceu com seu destino já traçado, crescer sendo ensinada sobre seu papel de futura esposa, de um dos aliados da Organização. Porém, anos após um sequestro que resultou em sua destruição, Zephyra, agora...
“Meus olhos estão revirando, eu finjo não ver Nunca deixei uma pista, nenhuma pegada Despeje a bebida no copo e eu digo mais, mais, mais”
At Night — Simon Dominic.
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Sua manhã havia sido tão monótona, quanto suas corridas matinais naquela praia exuberante, frente a Mansão dos Laskaris — na verdade, as corridas eram mais interessantes e lhe exigiam mais do que apenas se manter como uma estátua.
Para alguém que estava trabalhando para uma Ceifeira, aquela vida às vezes tinha até que muita calmaria.
Sua função fora em maior parte, permanecer no carro, olhando se alguém se aproximava inesperadamente ou se um policial estava nas redondezas, tedioso, mas daria os créditos a Zephyra, já que as coisas tomaram um bom rumo com aquela correria após a execução.
Acelerar a velocidade com uma chance de potenciais tiroteios no caminho de volta para sua cidade era, ao menos, uma dose de adrenalina bastante excitante.
Agora, a adrenalina — de que sentia falta quase que diariamente, por ser constante em seu anterior ‘trabalho braçal’ como soldado da Família; não existia mais, apenas uma surpreendente tarde de folga que Zephyra havia lhe dado após tomarem um reforçado café da manhã no Banana Moon Garden, e uma sensação de alegria e bastante saudade, por poder rever seus pais e, como bônus, fazer uma visita para sua irmã e sua nova sobrinha.
Iria estragar aquela garotinha tão rápido, que sua primeira palavra seria “Lys” ao invés de “Mãe”.
Deu uma tragada e descansou o braço estendido pela janela aberta, baforando para o lado de fora, em uma tentativa de não permitir que o odor da fumaça impregnasse em si e em suas roupas, tentou se lembrar de sua última visita. Provável qua já houvesse se passado um mês ou dois, era até estranho para alguém que ia fazer companhia para a mãe todos os domingos.
Só Deus sabia, como sentia falta da comida dela.
O bairro de seus pais era tão tradicional quanto poderia ser, as grandes casas antigas, com uma pintura meio escurecida e tetos de telhas alaranjadas, continuavam tão bem cuidadas que algumas delas, mais pareciam terem sido recém-construídas.
Cada uma, tinha ao menos uma árvore ou canteiro em sua calçada, e as mais ousadas, mais pareciam um viveiro em que as trepadeiras e alguns vinhedos tomavam conta de pequenas áreas feitas com madeira, onde por sua vez repousavam bancos espaçosos também feitos de uma madeira escura.
Se despediu do cigarro e o apagou em um pequeno cinzeiro que havia levado, para não jogar a bituca no asfalto — caso o fizesse, tinha suas dúvidas de que conseguiria sair dali com vida; e continuou em velocidade baixa até o fim da rua, se dando tempo de se livrar da fumaça que havia restado em seus pulmões.
