Desconfiança

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— Não podem fazer isso comigo, vocês sabem muito bem que eu não terminei o fundamental eu nem sei ler.

— Desculpa querida mas foi por decisão sua, aqui no orfanato damos a mesma oportunidade a todos vocês e você não quis estudar.

— E só por isso agora que fiz vinte e um vão me jogar em um abrigo? Eu tô nesse lugar desde que eu nasci.

— Sinto muito Sky são as regras.

—....Vão pro inferno vocês e suas malditas regras... eu não vou pro abrigo tá me ouvindo sua filha da puta?! Eu não vou pra porra de abrigo nenhum!

As vezes nem mesmo as pessoas que você conhece a vida toda não são confiáveis e eu aprendi isso hoje.

Fui abandonada no orfanato no mesmo dia em que nasci, eu ainda estava com o cordão umbilical quando me encontraram na porta. A pessoa que me gerou não me quis e tudo bem ela fez o certo, afinal melhor crescer em um orfanato do que crescer com pessoas que não gostam de você.

Mas eu nunca fui adotada, sei muito bem que é pelo meu jeito e não me importo isso não dói mais apesar de um dia ter doido bastante.

Eles dizem que são as regras, a menor idade nesse estado vai até os vinte e um e hoje eu acabei de fazer, meu presente? Ser expulsa da minha casa, a única que tenho e a única que conheço.

Já ouvi histórias sobre o abrigo e são péssimas, muita comida estragada, pessoas viciadas e mulheres estupradas. Eu não vou pra lá, sempre tive o sonho de explorar o mundo em que vivo e é exatamente isso que vou fazer. Eu sei me virar não vou morrer de fome pelo menos é o que espero.

Peguei uma mochila e minhas poucas roupas rasgadas, sem olhar pra trás eu apenas sai dos muros em que sempre estive. Eu não tenho amigos aqui, as mulheres que considerava como mães me expulsaram então eu também não iria me despedir delas.

Eu estava no mundo agora e era apenas eu..

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Acordei em uma estação de metrô, Nova York é exatamente como eu imaginava, suja e cheia de ratos. Nem mesmo sei como cheguei aqui, pedi esmola até juntar o dinheiro da passagem e com o que eu tinha só dava pra vir até aqui.

— Ei garota! Não pode dormir aqui.

— Porque não? É uma estação pública.

— Não aceitamos mendigos aqui, vai embora antes que eu chame a polícia.

Estava pronta pra retrucar e dizer que não sou uma mendiga até notar meu estado, porra eu sou mesmo uma mendiga agora...

Eu estava morrendo de fome e não tinha mais dinheiro, comecei a andar pelas ruas pedindo as pessoas enquanto elas me ignoravam. Juntei algumas moedas o suficiente para um café, entrei em uma lanchonete no centro e as pessoas me olharam com nojo.

Eu deveria me acostumar afinal agora eu raramente poderia tomar banho e já estava suja. Pedi por um café no balcão e felizmente dessa vez me atenderam e não me expulsaram, quando me trouxeram o café eu bebi com a maior satisfação do mundo sentindo ainda meu estômago roncar, eu estava tremendo nunca imaginei chegar a esse nível de fome.

— Você quer comer alguma coisa?.- Um homem estranho me perguntou e eu apenas assenti.— Pode escolher o que quiser eu pago.

— Tá falando sério?

— Claro você parece estar com fome, pode pegar o que quiser.

Eu estava desconfiada mas mesmo assim escolhi o maior hambúrguer que eles tinham, eu estava faminta e se esse cara me pedisse pra dar um boquete a ele no banco de trás do carro pra pagar hambúrguer eu aceitaria sem problemas.

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