Julgamento: Parte III

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— E depois o que acontece?

— Já me perguntou isso querida..

— Mas ele vai voltar pra casa mamãe?

— Meu amor eu não sei ainda só tenha paciência..

— Tá bom... mas e se o juiz não voltar mamãe?

— Aurora! Minha filha você está muito nervosa porfavor se acalme! Olha só, eu sei que você tem muitas perguntas e eu juro que se pudesse responderia todas elas mas a verdade é que eu não sei responder.. eu estou tão ansiosa quanto você meu amor mas infelizmente só vamos saber se o papai vai voltar pra casa no final do julgamento.

Eu sei que era muito pra uma criança assimilar e exatamente por isso não queria trazê-la ao julgamento, mas Aurora está demonstrando um controle absurdo dos seus sentimentos e não sei se isso é bom ou ruim.

Ela ficou quieta e pareceu pensativa, ia perguntar o que ela estava sentindo mas então novamente o juiz entrou na sala juntamente com os outros e tivemos que nos levantar.

— Bem já ouvimos duas testemunhas hoje e ainda temos mais uma.

Zayan respirou fundo e olhou para mim com um sorriso fraco claramente com medo, sei que ele não acredita que possa sair daqui hoje mas me dediquei ao caso durante meses, o advogado e eu fizemos de tudo e eu só espero que ele possa voltar pra casa comigo e com nossa filha.

— Que entre a terceira testemunha.

Não sabia o que ou quem esperar desta vez, pensei que seria mais alguém do passado dos meninos mas estava errada... era alguém do meu passado, bom, não tão passado assim...

— Senhora Margareth, diretora do orfanato Royal à... 30 anos?

— 37 para ser exata..

— Quis depor no caso por vontade própria, o que tem a nos dizer?

Vi a senhora Margareth pela última vez no dia em que saí do orfanato, bom, no dia em que ela me expulsou por fazer 21 anos e isso já faz mais de um ano..

Ela me criou, para todos os efeitos ela foi a mãe que eu tive e a mulher que me decepcionou ao me dizer que me mandaria pra um abrigo. Do banco dos réus ela me olhou já sabendo que eu estava ali mas pude ver sua surpresa quando desceu os olhos até minha barriga, não sei o que pensou sobre minha gravidez mas estava claro que ela não sabia.

— Tenho muitas coisas a dizer sobre toda essa história... conheci o falecido Nolan e sua esposa Erica, bem no início de tudo.

— O que seria tudo?

— Tráfico infantil... Nolan estava procurando orfanatos pra acobertar tudo, o esquema já durava anos mas Nolan se envolveu bem depois quando notou que isso dava dinheiro.

— Seja mais clara.

— Nolan me procurou, ele queria que eu aceitasse crianças traficadas no meu orfanato para que fosse mais fácil vendê-las. Ele me ofereceu um salário de 10% de tudo que ele ganhava com isso, eu obviamente não aceitei.

— Então, como explica as crianças traficadas no seu orfanato?

— Ele me ameaçou quando eu disse que não faria... ele era um homem muito rico e poderoso, acabaria com minha vida em segundos e depois o que seria daquelas crianças? Eu precisava me manter perto e foi assim que consegui salvar mais de 100 mil crianças que passaram por mim.

Margareth sempre me disse que não sabia nada sobre meus pais, disse que havia me encontrado na porta do orfanato e essa parte eu já sabia que não era verdade mas não imaginava que ela tinha tanto haver com minha história.

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