Não somos iguais

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Bruno

Flashback on

21 anos atrás...

O quão traumático pode ser a vida de uma pessoa que nasceu em um lar conturbado? Suponho que em tudo pode se encontrar traumas e problemas que nos afetem na vida adulta mas eu também me pergunto o quão normal poderia ser a vida de alguém que nasceu sem o fardo de ter uma família conturbada?

Crescer sem família deve ser ruim mas por outro lado antes não ter ninguém do que ter pessoas que fazem de você um objeto.

— Encontrei ela na rua, está com dores.

— Eu disse pra não deixar ela sair! Seu moleque miserável!

— Não foi minha culpa pai! Foi sua! Sabe bem como ela tem ficado desde que engravidou e mesmo assim não quis internar ela numa clínica.... e agora... ela tá...

— Isso é tudo culpa daquele desgraçado do ex dela, não tem haver comigo.

— Então é porisso?... vai deixar ela sofrer porque ela te traiu anos atrás? Pai ela tá em trabalho de parto precisa fazer alguma coisa!

Ele me deu um soco forte no rosto e me arrastou pra fora do quarto, fiquei desesperado em ver minha mãe naquela situação, ela estava enlouquecendo e agora em trabalho de parto sozinha.

Meu pai nunca aceitou o fato dela ter tido uma filha com o ex namorado e embora Sarah ainda seja uma criança de 9 anos ele a odeia por ser a cópia exata do pai.

Meu pai Nolan tem certeza de que o bebê que minha mãe espera é do ex namorado o pai da Sarah e pra ser honesto eu também acho... sei que tenho apenas quinze anos mas já sei como tudo isso funciona. Minha mãe não é nenhuma santa mas isso não significa que devemos deixá-la dar a luz sozinha.

— O que está fazendo?

— Que ela e essa bastarda morram logo de uma vez.

— Não... pai não faz isso!

Ele trancou a porta com a chave pelo lado de fora deixando minha mãe completamente sozinha no quarto. No mesmo instante por instinto dei um soco no seu rosto, ele me devolveu me batendo muito mais forte e mesmo não estando acostumado a revisar suas agressões dessa vez eu precisava pegar a chave.

Começamos a brigar ali no meio do corredor e por sorte ou raiva eu consegui o dominar. Revirei com vários socos por seu rosto sem me importar se estava sendo demais, eu estava pela primeira vez na vida deixando minha raiva sair de mim e isso fazia eu me sentir ótimo.

Quando notei meu pai já estava desmaiado no chão coberto por sangue, levei minha mão ao seu pescoço e logo percebi que ele ainda estava vivo.

Ainda trêmulo peguei a chave do seu bolso e abri a porta, o choro alto do bebê invadiu meus ouvidos, pensei que levaria um tempo pra o bebê nascer mas foi tão rápido que eu mal pude pensar no que fazer.

Minha mãe estava jogada no chão e o bebê ainda preso a ela entre suas pernas chorando alto.

—...mãe?...

Eu não conseguia conter o maldito choro, ela estava com os olhos abertos e podia ver que já não respirava. Fui até ela com minhas pernas bambas tentando saber o que devia fazer nessa situação. Eu sempre perguntava a ela sobre minhas dúvidas mas agora eu já não podia fazer isso

Ela estava morta...

Notei o cofre aberto e logo ao lado dela vários papéis, ela estava em trabalho de parto e não estava lúcida o que podia ter feito ela se preocupar em pegar os papéis que estavam no cofre?

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