Confio em você

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Eu não queria dar esperanças ao Zayan mas queria tranquiliza-lo porque não sei como tudo isso vai terminar. Eu não o perdoei pelo que me fez na verdade ainda penso nisso e sinto raiva todas as vezes mas tenho que pensar no futuro.

Estou aqui pela menina e quando ela for resgatada o que vai acontecer? Max foi claro ao dizer que Bruno não deixará o Zayan vivo mas isso não é justo. Ele ficou longe da filha desde que nasceu e merece tempo com ela.

— Vocês foram bem, agora precisam completar o restante do plano.

— Estamos treinando pra isso.

— Espero que estejam mesmo, não quero precisar ter outra conversa com sua namorada. Se eu a matar vai ser difícil encontrar alguém pra substituir a essa altura.

Bruno falava em me matar como se fosse algo normal, ele não se importava com isso só estava preocupado em precisar me substituir. Vi Zayan apertar com força o celular em sua mão, ele estava cheio de raiva e se pudesse ele mesmo acabaria com o Bruno.

— Me dá o cheque que recebeu dele.

— Seria melhor deixar na nossa conta pessoal pra caso tenha gastos no plano.

— Eu decido quanto vocês vão receber e com o que vão gastar.

Ele entregou o cheque e Bruno apenas sorriu o dando as costas voltando ao seu escritório. Zayan não disse como tinha sido a ele , nem falou sobre o cheque o que significa que ele estava mesmo observando o tempo todo mas como ele fazia isso?

Esperei que ele fechasse a porta do escritório e segurei a mão do Zayan o levando pro meu quarto. Eu tinha que saber o restante da história e dessa vez precisava mesmo perguntar.

— Que foi?

— O que tinha no chip que você roubou do Bruno?

— Sky...

— Eu preciso saber Zayan.

Ele parecia incomodado com a pergunta, olhava para todos os lados não querendo dizer já havia aprendido a reparar cada detalhe achando que alguém estava vigiando o tempo todo.

— Anos atrás havia uma organização em Nova York que cuidava de crianças em abrigos e em orfanatos. Se chamava Stone.

— Eu conheço, faziam doações pro meu orfanato.

— Não só para o seu mas para quase todos do país. Arrecadava muito dinheiro, gente do mundo todo doava.

— E o que tem isso?

— Bruno era o gerente geral da empresa Stone, cuidava das finanças e das doações, mas também.... da transferência...

— Transferência? Como assim?

— No seu orfanato quiseram transferir crianças pra algum abrigo?

— Sim, todos os meninos... lembra que eu disse que eu fui responsável pela transferência deles? Mas porque a pergunta?

—....não era um abrigo...

— Então o que era?

Zayan ficou ainda mais inquieto, ele começou a olhar os objetos no quarto, atrás dos quadros e na cama. Quando viu que não havia nada ele sussurrou no meu ouvido

— Tráfico infantil.

Eu fiquei paralisada com o que ouvi, mal tinha assimilado o que Zayan me disse quando Bruno bateu na porta do quarto de forma grosseira gritando do outro lado

— Abram a porta!

Zayan tinha razão em estar paranoico, Bruno sempre sabia quando estávamos falando dele e não sei como ele faz isso. Zayan tirou a camisa e abriu o fecho da calça e sem hesitar ele rasgou meu vestido e me beijou com agressividade me deixando sem fôlego.

Não fazia ideia do porquê ele tinha feito isso mas então ainda ofegante ele abriu a porta, ainda tentava me cobrir pelo meu vestido rasgado e Bruno nos encarava com raiva.

— Achei que já... que já tinha dito tudo.

— Faltou dizer algo a você, se veste e desce até meu escritório.

Ele disse ao Zayan ainda desconfiado e então saiu, ele me olhou e veio até mim me beijando sussurrando contra minha boca

— Me espera aqui...

Meu coração batia acelerado, Bruno estava outra vez na porta nos observando e quando Zayan se afastou de mim senti um medo absurdo, isso era bem pior do que eu poderia imaginar. Bruno trafica crianças que tipo de monstro ele é?

Naquele chip haviam informações e haviam provas, Zayan me falou que deve ter uma cópia no cofre em que vamos roubar. Não sei como mas precisamos copiar isso mas como vamos fazer se Bruno parece estar nos observando o tempo todo?

Ele notou que estávamos falando dele hoje aqui em portas fechadas, como ele notou? Não tem câmeras no meu quarto eu procurei assim que me trouxeram pra cá, mas talvez tenham escutas.

Procurei em lugares escondidos como debaixo da cama ou dentro das gavetas mas não encontrei nada, procurei na penteadeira e no guarda roupa mas também não achei até que pensei...

Um lugar que não fosse óbvio nem visível...

Olhei para o teto e próximo a lâmpada bem ao lado lá estava, uma pequena escuta... quase imperceptível, e no mesmo instante Zayan entrou pela porta

— Acho que.... o que foi?

Fechei a porta novamente fazendo o sinal pra que ele se calasse e apontei para o teto, ele olhou notando no mesmo instante o que eu estava dizendo. Não podíamos tirar dali Bruno notaria, então continuei a fingir o que Bruno pensou que estávamos fazendo.

— Porque a gente não continua de onde a gente parou?

Fui até ele o beijei deixando claro meus ofegos pra que ele ouvisse, levei Zayan até a cama e peguei o caderno das minhas aulas e um lápis. Tentei me concentrar em escrever mesmo ainda não sabendo como fazer isso

— Me toca Zayan...

Ele entendeu o que eu quis dizer e segurou minha mão me ajudando a escrever.

— Me diz o que você quer...

Apenas movi meus lábios sussurrando a palavra "chip" e Zayan me ajudou a escrever, C-O-P-I-A-R.

— Não podemos Sky..

— Eu já disse que tá tudo bem... podemos fazer isso..

Ele estava com medo, temia que o Bruno descobrisse e eu entendia mas essa era a única chance que teríamos pra acabar com esse filho da puta e não podíamos desperdiçar assim. Segurei seu rosto fazendo me encarar, e pude ver o medo que sentia pela menina.

Não contariam a ninguém sobre isso nem mesmo aos caras, ficaria entre nós.

— É só nós dois agora amor... porfavor...

— Sky...

O beijei mas dessa vez de verdade, não é justo Zayan passar por tudo isso sem ter sua vingança. Eu ajudaria a recuperar a filha dele mas não permitiria que ele morresse depois não era justo.

Ele entendeu sem que eu precisasse explicar em palavras, suas mãos me puxaram pra mais perto e ele apenas assentiu ainda devorando minha boca envolvendo sua língua na minha.

—...confio em você...

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