Entre irmãos

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— Bom, hora de voltar pra prisão... da um beijo na pequena por nós Sky.

— É uma pena que não vão poder se despedir, espero que a sentença de vocês saiam em breve. Onde está o Bruno?

— Disse que ia fazer uma coisa..

— Que coisa?

Antes que Max pudesse me responder Bruno entrou em casa na presença do advogado, aquilo era estranho porque ele deveria estar se preparando para voltar até o presídio mas não parecia preocupado.

— Temos uma hora antes de voltar Sky preciso que venha comigo resolver um assunto.

— Bruno vai chegar atrasado e isso pode complicar a sentença.

— Não se preocupe vai ser rápido.

— O que está aprontando?

Meu irmão não é um homem que age por impulsos, ele sabe que tem que estar de volta ao presídio logo e se estava se arriscando assim é porque tinha algo acontecendo.

Sem questionar eu o segui enquanto os outros foram até a viatura, me aproximei do Zayan que estava pensativo pela Aurora e o beijei sem hesitar desta vez e ele retribuiu no mesmo instante.

— Vou te visitar na próxima semana..

— Vou contar os segundos amor.

Me despedi dos outros e então fui com o Bruno até o carro do advogado, ele estava tenso podia sentir que algo grande estava prestes a acontecer. O advogado dirigiu durante todo o caminho sem dizer nada até que chegamos ao hospital em que estive internada meses atrás.

— Bruno, o que estamos fazendo aqui?

— Tem uma questão mal resolvida, vem comigo.

O advogado ficou no carro e juntos nós entramos no hospital, não estava entendendo nada porque Bruno passou pela recepção e a enfermeira já parecia o conhecer. Ela nos guiou até um quarto afastado e quando chegamos na porta ela se afastou quase correndo.

Bruno abriu a porta e quando vi quem estava sobre a cama meu coração acelerou, ele devia ter morrido mas ainda estava vivo ali em cima da cama cheio de tubos e uma máquina de batimentos cardíacos.

— Nolan...

— Dizem que vaso ruim não quebra fácil, acho que é verdade..

— Bruno, porque estamos aqui? Zayan atirou nele como ele ainda está vivo?

— Eu não sei, soube disso depois que saiu do hospital mas como não tive tempo pra cuidar do assunto esperei o momento oportuno.

— Tempo? Como assim? O que estamos fazendo aqui?

Ele me fez entrar no quarto e logo Nolan abriu os olhos em meio aos tubos que estavam em sua boca e nariz, Bruno fechou a porta e pela máquina pude notar os batimentos do Nolan acelerados.

— Que bom que está acordado, precisamos ter uma conversinha pai.

Bruno estava tenso e nervoso, aquilo era raiva e ódio podia sentir. Ele segurou minha mão e nos aproximamos da cama, Nolan nos encarou ofegante e com os olhos arregalados nos olhando mutuamente.

— Mais de 20 anos atrás você matou minha mãe, ela estava grávida lembra? Queria te apresentar minha irmã que você nunca quis conhecer.

Nolan me encarou assustado provavelmente não sabia que eu sou a criança que ele tentou matar anos atrás, seu coração estava disparado e suas mãos estavam tremendo.

— Mesmo sem a conhecer depois de anos você voltou a causar mal a ela... foi capaz de estuprar minha irmã assim como fez com minha mãe.

Pensei que Bruno não tinha se importado com o que me aconteceu mas ele só estava reprimindo isso como fez com tudo durante todos esses anos. Ele sentia minha dor e isso me fez ficar emotiva, ele realmente se importou com cada coisa que me aconteceu.

— Levou anos mas eu finalmente consegui me desvencilhar da sua memória Nolan, você foi um desgraçado e por sua culpa eu quase perdi todas as pessoas que eu amo... felizmente Sky ainda está aqui do meu lado e é por isso que me sinto na obrigação de fazer isso junto a ela.

Bruno tirou do rosto dele o tubo de oxigênio e Nolan começou a respirar com dificuldade, Bruno olhou pra mim e naquele instante eu entendi o que ele queria aqui e apesar de nunca pensar fazer isso com Nolan eu estava disposta.

Peguei um travesseiro no armário e Bruno sorriu pra mim aliviado por eu ter concordado sem ele precisar me pedir. Entreguei o travesseiro a ele e juntos o colocamos contra o rosto do Nolan o fazendo sufocar.

Bruno e eu apretavamos o travesseiro contra o rosto dele juntos e Nolan comecava a se debater, seus batimentos acelerados mostravam que ele estava sem ar e comecava a desmaiar mas não paramos...

Não paramos até que ouvimos um único som vindo da maquina... ele havia morrido por nossas mãos e eu não me sentia culpada.

Ouvi a respiração pesada do Bruno ao meu lado e quando o encarei ele estava trêmulo e chorando. Não era choro de culpa aquilo era alívio..

Eu o abracei deixando que chorasse tudo que estava sentindo e assim ele fez, tremendo e suspirando a cada choro sentido. Eu o consolei porque sabia exatamente o que ele estava sentindo, e pela primeira vez senti nossa conexão...

— Obrigado Sky... obrigado...

— Somos um pelo outro irmão... sempre..

Eu nunca imaginei que algum dia teria coragem de matar alguém por mais ruim que essa pessoa fosse mas ver o desespero do Bruno em meio a tudo isso me fez reconsiderar.

Ele era apenas um menino, tinha 15 anos quando precisou se tornar um homem e cuidar das duas irmãs sozinho. Eu nunca o conheci mas ele sempre esteve lá por mim, Bruno sempre me protegeu e ainda está fazendo isso, aprendi a amar seus detalhes porque diferente do que eu pensei ele é um bom homem e acima de tudo é meu irmão.

Esperei um tempo até que ele se recuperasse do que tínhamos feito, meu coração também estava disparado mas eu não sentia remorso porque Nolan mereceu isso.

— O advogado vai cuidar disso, Sky volte pra casa.. cuide bem da Aurora e espere até a sentença, vai ficar tudo bem.

— Bruno eu te amo, espero que saiba disso.

Ele me encarou com os olhos vermelhos ainda chorando e sorriu, apesar de tudo que já passou ele é uma pessoa sensível demais e isso com certeza o acalmou, eu não o odeio por tudo que me fez pelo contrário eu agradeço.

— Também te amo irmã...

Ele me deu um beijo na testa e acariciou meu rosto uma última vez até se afastar e sair do quarto. Encarei Nolan sobre a cama respirando aliviada por ele estar finalmente morto até que a enfermeira apareceu.

— O senhor Bruno já foi?

— Já... o Nolan... ele está...

— Não se preocupe, está tudo bem.. ele teve uma parada respiratória só isso. Vá pra casa.

Claro que Bruno tinha cuidado de tudo aqui, a enfermeira já sabia o que tínhamos feito e compactuava com isso. Eu apenas saí do quarto e decidi esquecer o que aconteceu, ninguém nunca saberia disso seria nosso segredo.

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