Karma

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- Segura a frente do seu corpo e separa as pernas.

- Assim?

- Isso, tá indo bem...

Max a ensinava a apontar com a arma, ela parecia uma criança assustada e eu adorava ver isso. Estava anotando os detalhes do plano e os observando no jardim, ela mirava nos bonecos de plástico fazendo exatamente como Max a orientava.

- Engatilha a arma como te ensinei, sem tirar o dedo daí.

- Consegui.

- Quando você disparar ela vai fazer uma pressão pra trás, precisa estar pronta pra isso.

- Posso?

- Vai lá.

Ela disparou a arma e no mesmo instante se contorceu de dor pela pressão que fez no braço, fui até ela pra ver se tinha se machucado de verdade e Ângelo apareceu também preocupado o que me fazia pensar que ele também a estava observando.

- Machucou?

- Acho que torci o punho...

- Eu disse que ia fazer uma pressão.

- Eu não pensei que fosse ser tão forte assim.

- Me deixa ver.

Ia tocar sua mão mas ela puxou ainda com raiva de mim tentando manter distância, Ângelo se aproximou e ela permitiu que ele visse seu punho. Aquilo me deixou incomodado ao extremo mas me segurei para não dizer nada.

- Acho que só torceu, vai parar de doer em dois dias...

- Vou continuar tentando.

- Não, por hoje chegar... porque não treina a leitura? Precisa melhorar nisso.- ele a disse com paciência e a mesma acatou suas palavras sem questionar.

Quando eles saíram dali ela nem mesmo olhou na minha cara me deixando com aquele sentimento ruim do desprezo. Sei que Dimas me disse pra ter paciência mas isso estava me matando por dentro.

- Isso dói não é?.- Max disse me tirando do transe.- Como se sente sabendo que você causou isso?

- Quanto tempo mais vocês vão me condenar pelo meu pecado?.... eu sei que vocês tem raiva de mim pelo que eu fiz mas eu também sofri e ainda estou sofrendo.

Eu sei que eles gostavam de me ver recebendo o que merecia, praticamente obriguei eles a me ajudar na época com a Sarah depois de roubar o Bruno. Mas eu disse a eles que não tinham nenhuma obrigação de me ajudar a recuperar minha filha e mesmo assim eles ainda estão aqui.

- É bom que sofra, nunca vou esquecer que você trocou nossa amizade e nossos planos por uma mulher Zayan... acho bom que uma mulher te faça sofrer agora.

- Vocês também gostavam da Sarah não podem me culpar por ter sido tão cego.

- Ah posso sim... gostávamos dela mas jamais abandonariamos você por ela ou por qualquer outra pessoa, confiamos em você Zayan e você quebrou a gente.

Flashback on

5 anos atrás...

- O que tinha no chip?

- Eu não sei, eu não vi... eu juro que não vi...

- Sarah você não disse pra ele olhar?

- Disse pai mas esse imbecil nunca faz o que eu peço.

Eu ainda não podia acreditar que Sarah e seu pai eram os chefes da gague em que estávamos, ela me fez achar que era outra pessoa e que apenas estava cumprindo ordens quando na verdade quem queria roubar o Bruno era ela mesma.

Alguns agentes apontavam a arma pra cabeça dos caras enquanto o pai dela me questionava. Sim eu olhei o que tinha no chip mas seria mais fácil pra eles acharem que não era nada ou que eu não sabia, foi o que eu pensei.

- Tudo bem, você não é mais útil então.

Pensei que ele estava falando comigo mas ao invés disso ele apontou a arma para a Sarah que estava no bar atrás de mim. Olhei para ela e a mesma parecia tão confusa quanto eu.

- O que é isso?

- Não quero uma filha inútil e ainda por cima grávida de um vagabundo.

- Pai... o que você tá fazendo?

- Eu mandei você manipular ele e não transar com ele. Zayan é bom aqui apenas porque sabe roubar e é inteligente mas se você não pode controlar ele então....

- Ela tá grávida! O que pensa que tá fazendo?!

- Ah... reagiu... então se preocupa com ela? O que tinha no chip?

Eu via nos olhos dele que não se importava em matar Sarah e minha filha, ela já estava no final do oitavo mês e se ele atirasse nela mataria as duas.

- Eu não sei, fugi da mansão antes de ver o que tinha... eu ainda posso descobrir me da uma oportunidade mas não faz nada com ela.

-... tudo bem... escolhe então, a Sarah ou seus amigos.

Ele não podia estar falando sério, era impossível escolher entre eles. Mesmo que Sarah não estivesse grávida ela é o amor da minha vida e eu jamais escolheria ela.

Mas os caras são meus melhores amigos, os únicos... passaram fome comigo na rua apenas pra que eu não fosse para outro abrigo sem eles, são meus irmãos....

- Eu não.... não posso escolher eu não....

- Sarah então...

- Não! Não atira nela! Eu tô implorando não atira nela!

Como um perfeito idiota eu comecei a chorar, Sarah não faria um terço disso por mim mas eu precisava dela. Os caras me olharam indignados sabendo que aquilo não era pela minha filha apenas. Claro eu estava preocupado com o bebê mas não podia viver sem a Sarah por mais que agora saiba tudo que ela fez comigo.

-...eu... eu escolho....eles...

-....Que belo amigo você é Zayan.... estou realmente surpreso mas a questão aqui é te punir por não ter feito o trabalho direito...

-...não... não! NÃO FAZ ISSO!

Ele disparou contra Sarah no mesmo instante a fazendo cair no chão, a marca em sua barriga era clara ele havia atirado no bebê. Mesmo assim era visível como a barriga dela se mexia enquanto o sangue escorria. Eu estava desesperado não sabia o que fazer e estava tremendo, minha filha não podia morrer.

Flashback off

- Escolheu ela, não escolheu sua filha...

- Foi a cinco anos...

- Que se foda quanto tempo se passou, tem sorte por ainda estar falando com a gente. Mas saiba que a primeira coisa que vamos fazer quando recuperarmos a menina é nos afastar de você.

- Não vai ser necessário, não vou estar vivo, lembra?

Eles não querem que eu morra, sim eles estão chateados e com razão mas ainda sim não querem me ver morto... mas eu sinto que devo morrer pra pagar tudo que fiz e se no final disso Bruno quiser me matar então vou estar pronto.

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