Sinto-me abandonado
Separado de mim mesmo
A solidão sendo o meu mal
Sozinho, andando a esmo
Quando afastam-se de mim
A dor se torna latente
Como um triste abandono
Repleto de precedentes
Ser invisível é uma dor crônica
Tal qual a pior dor física
Não escolhi estar sozinho
É como uma coisa intrínseca
Queria poder amar a solidão
A ponto de transformá-la em solitude
Reconhecê-la e acolhê-la
Curtir os aspectos de sua amplitude
Queria sentir amor por mim mesmo
Da forma que sinto pelos outros
Saber que é bom estar comigo
Querer curtir-me mais um pouco
Me parece um desejo utópico
Essa sublime sensação de inteireza
Me preencher com minha companhia
Substituir as dúvidas por certezas
Procurar companhia por escolha
E não por necessidade
Adquirir minha independência
Ser feliz de verdade
Não mais ser refém das pessoas
Conseguir me amar livremente
Aprender a ficar bem sozinho
Sentir-me como um todo, finalmente
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POEMAS DE UM BORDERLINE
PoetryPoemas de um borderline escritos enquanto internado em uma clínica psiquiátrica.