Se sou bom ou ruim, não sei
Não sou provido de senso
Sou abastado de ira e fúria
Tempestuosamente intenso
Por vezes um ser insosso
Falta vontade, falta vida
Mas às vezes sobra tudo
Nunca ofereço na medida
Completa falta de controle
Com um quê de finesse
Excesso de apreço e apego
Ou total desinteresse
Com um vazio imprescindível
Pratico o auto flagelo
Das formas mais absurdas
Pedido de socorro nada singelo
Por vezes uma onça ímpia
Por outras um dócil felino
Um oito ou um oitocentos
Um ser afável, um cretino
Uma avalanche mental
Tempestade de sentimentos
Arrisco-me de forma letal
Para acabar com o sofrimento
A mente ama demais
E padece na mesma medida
O cérebro não sabe o que faz
Com tantas atitudes adventícias
Rodeado de terceiros
Ainda sinto-me eremítico
Não tenho uma identidade
Muito menos espírito crítico
Se nem eu meu compreendo
Como me entenderiam?
Se nem eu me suporto
Como me amariam?
Fadado ao desespero eterno
Parece que não há remédio
Para aliviar o gramar interno
Ninguém faz qualquer intermédio
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POEMAS DE UM BORDERLINE
PoesíaPoemas de um borderline escritos enquanto internado em uma clínica psiquiátrica.