Capítulo Dezenove

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Pov Enid

Me sentia fraca, sem saber por quanto tempo fiquei desacordada. Meus pulsos ardiam, e o suor escorria pelo meu corpo. Ao olhar ao redor, consigo analisar melhor o cômodo em que estou. Estava repleto de velas, sua estrutura era feita de pedras, me lembrava um calabouço medieval. No canto de uma parede, consigo ver a luz da lua, certamente tinha algum buraco ali. Tentei me mexer e soltei um grito de dor ao sentir a agonia em meus pulsos.

Suspirei pesadamente; precisava sair dali o mais rápido possível. Escuto a porta ser aberta, e quando olhei era uma mulher. Sua pele era negra, seus olhos castanhos, e ela não tinha cabelo. Segurava uma bandeja cheia de comida e curativos, enquanto me analisava com seu olhar. Observo-a colocar a bandeja em uma mesinha que tinha perto de mim. Ela tenta se aproximar, mas eu rosno em desaprovação. Então a ouço dizer:

— Não irei machucar você, apenas quero ver o sangramento em sua testa — Bianca diz, me olhando nos olhos. Deixo-a tocar em minha testa e solto um grunhido sofrido. — Você vai precisar de pontos.

— Quem é você? — Pergunto.

— Me chamo Bianca, vou cuidar de você por enquanto.

— Você vai me soltar?

— Só se você me prometer que não irá fugir — Ela me olhava avaliativa.

— Eu prometo — Menti.

Ela estalou os dedos e se levantou, soltando as correntes dos meus pés e mãos. Caio de joelhos no chão, então me ergo rapidamente correndo para a porta, mas uma dor imensurável percorre por todo meu corpo, fazendo-me cair novamente. Olho para trás e vejo a Bianca fazer uns movimentos com as mãos, e a porta se tranca. Ela me olha com gentileza, sua calma já estava me irritando. Eu precisava fugir.

— O que você é? — Pergunto enquanto me levantava com dificuldade.

— Uma bruxa, gracinha. — Bianca responde, sorrindo.

— O que o tal do Klaus quer comigo? — Vou até a cadeira e me sento.

— Achei que ele tivesse falado. — Bianca pega uma cadeira para se sentar, ficando de frente para mim.

— Ele falou, e isso é loucura, além de ser cruel — Toco em minha testa, vendo meu sangue.

— Você é um lobisomem de linhagem forte, e Klaus um híbrido que vive há séculos. Ele vem tentando criar híbridos há anos, mas sempre falha, pois são fracos demais para resistirem — Bianca me explicava enquanto molhava um pano na água.

— Não entendo, ele acha que eu vou sobreviver?

— Você ter se transformado em uma lua de sangue não é coincidência, Enid. Lobisomens transformados em luas de sangues tendem a ser raros. Seu lobo não é nada fraco, e luas de sangues não ocorrem em qualquer noite; apenas de mil em mil anos elas podem ocorrer. — Sinto ela passar o pano molhado em minha testa.

— E se eu sobreviver? O que acontece? — Faço uma careta devido ao machucado.

— Ele vai querer que você transforme outros vampiros em híbridos, e os lobisomens também. — Bianca termina de limpar meu corte.

— E se eu não aceitar?

— Ele vai matar todos que você ama, então não acho que queira isso. Isso aqui vai doer — Ela aproxima agulha com um fio, começando a costurar o corte.

— Merda — Dou um gemido de dor e fecho meus punhos.

— Fique quieta.

Fechei meus olhos enquanto ela dava os pontos no corte. Não demora muita e ela terminou, me ofereceu comida e água. Bianca limpou os machucados dos meus pulsos e colocou curativos neles. Quando terminei de comer, percebi que ela me olhava esquisito.

— Algo de errado? — Pergunto.

— Não, você só me lembra alguém. — Bianca coloca uma mexe dos meus cabelos para trás — Você é idêntica a ela.

— Ela quem? — Olho para ela confusa.

— A namorada de...

— Vejo que já fizeram amizade, ótimo — Bianca é interrompida pela entrada de Klaus.

— Já resolveu o que tinha de resolver? — Bianca olhava para Klaus.

— Já, pequena Enid. A lua cheia será daqui a um dia. Você irá se transformar junto a mim, e então lhe testarei — Ele se aproxima de mim, se agachando em minha frente.

— E se eu fugir? — O encaro.

— Não vai fazer isso. Você vai me obedecer — Ele toca em minha mão, dizendo as palavras olhando no fundo dos meus olhos, me senti imersa ao que ele disse e apenas concordo positivamente. — Que bom que concorda, Bianca vai levar você para um quarto.

Sou guiada por Bianca até um quarto. Lá dentro, vejo roupas limpas e toalhas limpas, o quarto tinha uma cama de casal enorme, uma sacada pequena, e é razoavelmente grande. Olho para Bianca, que me dá um sorrisinho antes de me deixar sozinha. Sento-me na cama, e meus pensamentos são direcionados a uma garota dos olhos castanhos.

Queria estar com ela, sentindo o seu abraço, seu cheiro, seus lábios nos meus. Não posso sair, não quero que ela ou minha família se machuquem. Talvez, se eu conseguir me transformar em uma hibrida, possa viver a eternidade com Wednesday. Vou fazer isso dá certo e me livrar dele o mais rápido possível.

[...]

Pov Wednesday

Haviam se passado dois dias desde o ocorrido, sentia-me incapaz de salvar ela. Eu ainda usava o mesmo moletom quando tinha me encontrado com ela; ele ainda tinha seu cheiro. Eu queria poder estar com ela, protegê-la de todo mal. Isabel era a mais abalada emocionalmente, acabou não participando mais das trilhas. Há algumas horas, me envolvi em uma discussão com Ajax. Ele insistia que a culpa era minha, então acabei socando-o diversas vezes.

Eu me encontrava nesse momento com Seth e Stiles, andando pela floresta mais uma vez, em busca de Enid. Refizemos o caminho da lanchonete até aqui. No começo, encontramos algumas pegadas, mas depois disso não tinha mais nada. Nem mesmo o cheiro dela dava para sentir. Vejo Stiles parar de andar, o que me fez olhar confusa para ele. Seth se agacha também para ver o que Stiles está pegando. Ele se levanta e vem até mim, mostrando o colar que eu tinha dado a Enid e entregando-o em minha mão.

— Deve ter caído enquanto ela era levada — Stiles diz.

— Merda, será que ela está por perto? — Seth fala, olhando ao redor.

— Wednesday? — Stiles me chama, mas meus olhos estavam vidrados no colar. Eu apertei com força e sinto as lágrimas descerem pelo meu rosto.

— Melhor darmos um descanso — Seth fala e se senta em uma pedra.

Senti Stiles me abraçar, mesmo sabendo que eu não gosto de toques, mas naquele momento eu retribui o abraço. Pensava em Enid, questionando se ela estava bem, se estava machucada ou assustada. Eu mesma estava assustada pela primeira vez em anos. Não quero perdê-la. Stiles me apertava com força, sussurrando que íamos encontrá-la. Seu abraço era acolhedor, lembrava-me dela. Tudo me lembrava ela.







Então? Temos teorias? 

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