8 - Atire no Relógio

36 5 1
                                    

Nayeon havia surrupiado o MP3 que Jihyo ganhara. "Porque eu preciso mais", ela alegou para a mais nova, que riu e não se importara. Naquele momento, ouvia a playlist feita por Jinyoung. Não sabia se o homem havia feito algo nele, mas mesmo após todo aquele tempo, a bateria não tinha acabado. Que bom. Elas não tinham muito tempo para ir à casa mais avançada entre todas apenas para carregá-lo.

Em seus ouvidos, Everlong da banda Foo Fighters tocava, enquanto ela olhava para o teto do quarto que os pais de Mina permitiram que ela ficasse. Era engraçado, elas chegaram quase ao mesmo tempo que a carruagem, mas foram completamente ignoradas a não ser pelos empregados que a levaram para os quartos em que cada uma ficaria.

Enquanto If everything could ever be this real forever, if anything could ever be this good again ecoava em seus ouvidos, lembrou-se do que Mina e Tzuyu tinham dito sobre o fio que ligava ela e Jeongyeon. Nayeon já tinha entendido que não havia futuro romântico para elas, mas não precisavam e nem mesmo podiam se dar o luxo de se afastar. Elas tinham algo importante a cumprir... mesmo que ainda estivessem descobrindo o quê. Por isso, anotou mentalmente que se reaproximaria de Jeongyeon e tentaria descobrir o que acontecia entre Dahyun e Momo "porque quero ajudá-las, não porque eu sou fofoqueira".

Mas isso tudo poderia ficar para depois. Nayeon precisava treinar, aprimorar ainda mais suas habilidades em combate. Apesar de Matsumoto e o Condado sofrerem mais com os monstros por causa da Floresta, o resto do Japão também era afetado pela epidemia, fazendo com que às vezes elas tivessem que se deslocar da Cidade para outras partes, como Edo ou mesmo Heian. Claro que mesmo já tendo estado em Heian, ela nunca esteve no Palácio. Então a experiência era nova de qualquer forma.

Sentiu o sono se apoderando de si, talvez pelo tédio, e pensou que, agora que as 9 estavam fora, o povo do Condado poderia estar passando por umas poucas e boas. Alguém tinha que voltar e checar. "Vou ver com Sana se ela vai comigo", pensou antes de se entregar ao sono.

Nayeon sonhava. Olhou ao redor. Estava num casebre onde tudo era feito de madeira. O próprio lugar e diversas esculturas, móveis, bonecos, um caldeirão. Tudo de madeira. Deu um pulo quando percebeu que não estava sozinha no local. Uma mulher loira e alta, com uma máscara em toda a face fazia alguns experimentos, pelo que parecia, com líquidos coloridos, causando pequenas explosões quando misturava um com outro. A mulher se virou e a encarou. O problema era que Nayeon estava tão acostumada a não ser vista em seus sonhos, que não pensava que dessa vez seria diferente, então continuou inerte, como uma espécie de narrador - observador.

- Isso não vai funcionar, querida - a mulher falou, e só então Nayeon entendeu que sua presença era mais que percebida. - Traga o apanhador de sonhos com você da próxima vez. Vou te enviar de volta.

Nayeon ficara incorformada de ouvir aquilo.

- Me diga ao menos seu nome, já que vai aparecer nos meus sonhos e me dar uma ordem.

- Melhor não. Agora não. Pode ser perigoso. Mas estou aqui para ajudar e tenho algo para te dar. Em breve estaremos juntas no mesmo plano, vocês têm de vir pra cá. Sei que sua cabecinha deve estar borbulhando de dúvidas, mas não adianta você vir pra cá sem o apanhador. Traga-o de novo mais tarde! Tchau!

E Nayeon acordou. Simples assim. O sonho foi tão curto que não diria que dormiu mais que cinco minutos, mas a julgar pela baixa luz do sol vinda da janela do quarto em que estava, já estava perto de anoitecer, talvez entre as quatro e cinco horas da tarde. Era só um cochilo, pensou consigo mesma. Tenho que falar com Jihyo.

Procurou a amiga e, além de falar do sonho, relatou suas preocupações em relação ao Condado.

- Bem, - Jihyo falou - é verdade que vocês não podem ficar aqui mofando enquanto Chaeyoung e Mina brincam de casinha. Amanhã nos separarei em grupos. Mina começou o treino para Magia de Sacerdote e não vai sair daqui tão cedo, mas Chaeyoung pode fazer parte em nossas expedições. Aí veremos quem irá ao Condado ou a outras partes que precisem de nossa ajuda. Muito bem pensado, Nayeon. Quanto ao sonho, só nos resta esperar, não é mesmo? Durma com o apanhador esta noite.

Não Posso Me Parar (Ato 2) - TWICE AUOnde histórias criam vida. Descubra agora