[Taegi] Dimidium ABO

Capítulo XXIX

Yoongi passava a maior parte do dia deitado, eles ainda não haviam ido para seu apartamento, o ômega sentia que desabaria mais se entrasse no ambiente então Taehyung ficava responsável por buscar roupas, por lhe alimentar, Yoongi parecia um boneco de pano sendo cuidado pelo seu parceiro. O alfa já havia marcado uma consulta com psicólogo para o ômega, explicou a situação delicada e a clínica designou um profissional especialista na área, o Kim entrou no quarto encarando o parceiro se sentando ao lado dele e acariciou os cabelos do ômega.

— Querido, precisamos ir, temos consulta hoje — falou delicadamente, o Min concordou fraco sentando com ajuda de Taehyung.

— Isso tudo parece um pesadelo, eu só queria acordar e ver que ela ainda estava com a gente — disse simples levantando e indo em direção ao banheiro, Taehyung concordou com a cabeça.

— Dói em mim também querido, mas infelizmente é a realidade, temos que aprender a viver, por mais que doa — falou sincero pegando a roupa e entregando ao menor, Yoongi encarou as peças e logo se trocou, o alfa suspirou levemente agradecendo pelo ômega reagir pelo menos um pouco.

— Podemos tomar café fora? Sei lá, quero morango — pediu baixinho e o Kim concordou, quando ambos terminaram saíram do hotel, Taehyung tratou de dirigir até a cafeteria que o mais novo gostava.

Pela primeira vez em duas semanas o casal teve um momento leve, até conseguiram sorrir um pouco, conversaram baixinho e tomaram um bom café da manhã, Yoongi riu de algumas bobeiras de Taehyung, esse que sorria satisfeito sempre que ouvia e via o namorado feliz, aquele momento, apesar de ser doloroso, serviu para unir mais os dois, eram tudo um pro outro e naquele momento deram suas mãos fortemente, não desistindo de ir atrás da felicidade, mesmo com o contratempo que passaram. Após o café da manhã o casal foi até a clínica na qual o alfa marcou a consulta de ambos, ele também precisava daquilo tanto quanto o Min, ele tentava se manter forte por que o parceiro era muito sensível, o casal entrou na clínica e deu seus nomes, por ser primeira consulta preencheram suas fichas pessoais e logo devolveram, se sentando e esperando, Yoongi foi o primeiro a ser chamado e logo em seguida Taehyung já que os profissionais eram diferentes.

Yoongi ficou a princípio em silêncio sem saber como começar ou o que falar, talvez ele não achasse que aquilo pudesse lhe ajudar de fato, nada parecia lhe ajudar, o profissional quem começou as falas, quantos anos você tem? Você faz faculdade? Como é seu relacionamento? Com isso, pouco a pouco Yoongi foi se abrindo até chegar ao ponto principal da consulta, aí o ômega desabou, chorando baixinho se culpando pela perda filha, despejando todos seus medos, frustrações, era tanta coisa guardada, um poço tão profundo de sofrimento.

Taehyung sempre teve mais facilidade de falar, então não foi difícil entrar no tópico principal da consulta, a culpa, raiva, frustração com si mesmo por não ter ouvido seu lado lupino, diariamente ele pensava que se tivesse ido buscar o companheiro, isso não teria acontecido, era um peso tão grande que lhe sufocava lentamente, se sentia morto mesmo respirando e aquilo era um verdadeiro inferno, foi sincero em não se achar no direito de sofrer por que o ômega quem havia gerado, havia sentido mais, então obviamente ele sofreria mais, parecia bobo, mas assolava constantemente o Kim o deixando a beira de um colapso.

Apesar de consultas separadas o casal recebeu muitas orientações parecidas, ambos os profissionais de forma calma, explicaram que a culpa não era deles, nunca foi e nunca seria, independente das ações que tiveram naquele dia, tudo poderia acontecer, eles não tinham como prever o que aconteceria, não tinham como imaginar que um maluco beberia tão cedo no meio de semana, não era culpa deles a perda da filha.

Foi um tempo necessário, foi reconfortante, foi tudo que o casal precisava para darem seus primeiros passos, conversar com alguém que limpasse a mente deles e deixassem mais claro a verdade, Taehyung saiu pensativo, tudo dito na consulta lhe acertou em cheio, sua mente ainda estava nublada e ele pouco a pouco organizava sua mente, Yoongi estava da mesma forma, encarou o namorado quando saiu da sala, andando até o alfa e abraçando seu corpo com força, fechando os olhos.

— Eu amo você Tae — sussurrou sincero.

— Eu também te amo Gi, mais do que você possa imaginar.

O tempo parecia voar, o casal fazia duas consultas por semana e nessa rotina dois meses se passaram, na terceira semana ambos deram o primeiro passo voltando ao apartamento deles, arrumando tudo, mudaram algumas coisas de lugar, jogaram coisas fora, compraram coisas novas, deixando a casa aconchegante, apesar disso, um cômodo ainda não havia sido tocado, ainda não haviam conseguido entrar no quarto da filha, mas não forçaram, estavam dando seus passinhos de bebe e no momento certo eles entraram ali, naquela época parecia um passo grande demais para eles.

— Ainda não mexemos no quartinho — falou para terapeuta que o encarou, Yoongi suspirou suavemente — Eu sei que é um ponto importante para continuarmos, mas só de passar pela frente da porta me embola o estômago e eu sinto vontade de chorar.

— Está tudo bem se sentir assim, fazem pouco mais de três meses que você perdeu sua filha, você evoluiu muito nesse tempo Min, eu estou muito orgulhosa de você, se vocês não se sentem preparados, não façam, não forcem algo que possa gatilhar vocês — a psicóloga orientou calmamente.

— Os avós de Taehyung tem uma casa no litoral perto do clube deles, estamos pensando em passar uns dias lá só para descansar, sabe? Curtir um mar, só nós dois sem trabalho — falou suavemente sorrindo.

— É uma ótima ideia, deveriam ir, conversem, descansem, olha Yoongi, quanto mais vocês demorarem para tirar o quartinho, mas vão entrar na zona de conforto, isso querendo ou não, não é agradável, para continuar de fato, vocês precisam desapegar — o ômega a encarou mais concordou sabendo que ela tinha razão.

Logo a consulta acabou, o casal se encontrou na saída indo em direção ao carro, ambos conversaram um pouco, combinando os detalhes da viagem e prometendo que assim que voltassem entrariam no quarto da filha e finalmente iriam arrumar tudo, desapegando do necessário para seguirem em frente apenas com as memórias de uma gravidez feliz e saudável.