(HIATOS) Bad Romance | 2SON|

Capítulo 12

-- Son Heungmin –

Tentei ligar para Richarlisson várias vezes, mas ele não atendia. O que é estranho por que foi ele quem insistiu para ir junto. Comecei a achar estranho, mas essa ideia logo se dispersou, Richarlisson e Eloá saíram cedo do bar ontem, não devia incomodar.

Tinha que subir a montanha e ir para alguns locais onde o pessoal gostava de acampar para levar suprimentos para os turistas não terem que descer a montanha apenas pra isso e Richarlisson se ofereceu para ajudar. Dou a partida no carro, quando ouço uma batida no vidro.

- Abre aí. - Ele fala e então caminha até o lado do carona.

- Achei que não viria mais. - Digo rápido. - Que cara é essa? Quem ficou de ressaca fui eu e você aparece com olheira? - Brinco com a situação, Richarlisson realmente estava acabado, vestia um conjunto moletom preto e usava um boné que falhava em cobrir sua cara amassada, seus olhos que sempre brilhavam agora estavam escuros e distantes. Não falei mais nada, talvez tivesse acontecido algo com Eloá, por que ele não a trouxe seria um bom passeio, nas montanhas.

À medida que o carro avançava pela estrada, havia um silêncio pesado entre nós. Eu dirigia, mantendo meus olhos na estrada à frente, mas parecia que os pensamentos de Richarlisson soavam alto. Richarlisson não gostava de falar sobre o que sentia, apesar de às vezes ser bastante transparente com isso, mas parecia que tinha algo o incomodando. Continuei o caminho por mais alguns quilômetros.

- Você tá bem? - Pergunto não querendo mais aquele silêncio. - Parece que não dormiu bem.

Richarlisson desvia o olhar para mim, sua expressão parecia hesitante.

- Sim. - Ele responde.

- Achei que Eloá viria, seria um bom passeio pra ela. - Tento continuar. - A vista das montanhas é muito boa, aposto que ela gostaria.

- Ela bebeu demais ontem. Ai hoje não estava bem. - De novo entramos no silêncio.

Resolvo não insistir e ficamos assim por um longo caminho, até chegarmos na primeira parada. Um casal de idosos que haviam esquecido algumas encomendas, eles sempre acampavam no mesmo lugar todo ano no mesmo feriado, corajosos.

Desci do carro para pegar a caixa com a encomenda na parte de trás, ajudei a colocar dentro do trailler e recebi algumas jujubas por isso. Quando voltei para o carro, Richarlisson estava me olhando cabisbaixo, como se estivesse entediado.

- Droga, se era pra vir sem vontade, porque veio? - Digo ao entrar no carro. - Por que essa cara, até parece que alguém morreu.

- Vai por mim, se eu não quisesse vir, não teria vindo. - Ele diz sério, se arrumando no banco e pegando um pouco das jujubas que deixei no painel.

- Devo ser grato por sua presença e cara de bosta? - Respondo em coreano. - E você não está merecendo minhas jujubas, me devolve.

- Não, eu não tomei café da manhã.

- Não fez nada pra ganhar jujubas. - Digo pegando de volta a embalagem.

- Na próxima eu entrego. - Ele pega o pacote comendo algumas.

Desisto, e o silêncio se instala novamente entre nós, mas dessa vez menos pesado, mais suportável ele até ligou o rádio que tocava uma música aleatória da Adele.

O que era estranho por que ele geralmente não gostava de músicas assim, talvez ele estivesse se identificando, Adele é sempre certeira, em suas canetadas.

Richarlisson me olhava como se quisesse falar alguma coisa, seus olhos distantes de antes, agora eram como agulhas perfurando minha cabeça.

- O que foi? - Pergunto quando nossos olhos se cruzam. - Por que tá me encarando?