Capítulo 8

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Os dias no majestoso castelo transcorriam velozmente, cada momento parecendo um borrão enquanto meu pai, incansável, se dedicava incessantemente a suas viagens de suma importância. Eu, por outro lado, me via aprisionado pela voragem de sua agenda, sem o espaço que ansiava para simplesmente caminhar pelas ruas da cidade ao lado dele. A saudade da vida que levávamos antes me consumia, apesar de seus desafios, pois nela eu tinha a dádiva do tempo compartilhado com meu pai, algo que agora parecia um luxo distante, mas apesar de tudo, fico feliz em não morar mais lá, eu sinto falta de alguns coisas, mas outras...
Caminho em direção à biblioteca do castelo, meu passo firme, mas minha mente mergulhada em lembranças dolorosas que teimam em assombrar meu caminho. Enquanto avanço pelos corredores silenciosos, cujas paredes de pedra guardam séculos de conhecimento e sabedoria, não posso deixar de me transportar de volta à minha antiga vida na cidade onde cresci.

— Que ironia cruel — murmuro para mim mesma, as palavras carregadas de tristeza. — Naquela cidade, eu tinha uma vida que pensava ser perfeita, ao lado de alguém que jurava ser meu porto seguro.

Recordo os dias de sol e as noites estreladas que compartilhávamos, envoltos em uma bolha de felicidade que parecia impenetrável. — Eu o amava mais do que tudo, confiava nele com meu coração, minha alma... E então ele quebrou tudo, com uma traição que dilacerou minha confiança e deixou cicatrizes que nunca se curarão completamente.

Suspiro, sentindo o peso do passado sobre meus ombros. — A dor da traição foi insuportável, a sensação de ter sido enganada e traída por alguém em quem depositava toda minha confiança... é uma ferida que nunca realmente cicatriza.

Chego à porta da biblioteca e a empurro suavemente, adentrando o santuário de livros que sempre me trouxe conforto nos momentos mais sombrios. Fecho os olhos por um momento, deixando-me envolver pela tristeza que me consome. — Às vezes me pergunto se algum dia conseguirei perdoá-lo, se algum dia conseguirei deixar para trás o peso do passado e seguir em frente. Mas então... então vejo Edward, e tudo parece mudar.

Abro os olhos, uma chama de esperança brilhando em meu olhar. — Com ele, é diferente. Não há bagagem do passado, não há ressentimento ou rancor. Há apenas... possibilidades. E por mais assustador que seja deixar para trás o que conheço, também é emocionante imaginar o que o futuro pode nos reservar.

Edward entrou na biblioteca com passos desinteressados, seu semblante revelando uma clara falta de entusiasmo pela aula iminente.

— Sophia, honestamente, estou pensando seriamente em matar a aula hoje. Não estou com vontade de estudar — admitiu, com um leve suspiro de frustração.

Sorri, compreendendo sua falta de interesse na matéria.

— Entendo perfeitamente, Edward. Confesso que também não estou muito animada para a aula hoje. Que tal darmos uma pausa e fazermos algo mais divertido? — sugeri, sentindo uma pontada de aventura se infiltrar em meus pensamentos.

Ele pareceu considerar a ideia por um momento, seus olhos azuis brilhando com uma pitada de travessura.

— Concordo totalmente. O que acha de irmos explorar os jardins do castelo? Sempre há algo interessante para descobrir por lá — propôs, com um sorriso travesso dançando em seus lábios.

Assenti animadamente, sentindo-me revigorada pela ideia de escapar da monotonia da aula.

— Parece perfeito. Vamos lá, antes que mudemos de ideia — respondi, levantando-me da mesa com um entusiasmo renovado.

Sombras do tronoOnde histórias criam vida. Descubra agora