Quando o amor bate à porta

Capitulo 4 - Bar

Os dias que se passaram continuavam na mesma, Alegra fazia questão de entrar no banheiro cedo da manhã e só saia quando Malu batia na porta, porém agora ela pelo menos saia vestida o que não deixava Malu tão constrangida, mas era óbvio que ela fazia por gosto.

Malu estava amando o emprego e ser colega de Charlotte, elas se entendiam e por terem entrado juntas se ajudavam sempre que possível.

Malu estava irritada com o harém de Alegra e tentava cada vez chegar mais tarde em casa, tinha dias que ela chegava e não havia sinal de Alegra, em outros ela não tinha tanta sorte e sempre tinha alguém com ela.

Naquele dia era sexta, Charlote estava tentando convencer Malu a irem depois do fim do expediente para um bar com a equipe.

- Vamos Malu, todo mundo vai. - disse Charlote.

- Eu não bebo, não faz sentido eu ir nesses lugares. - disse Malu.

- Não precisa beber, é só comer umas batatas sei lá. - disse Charlote.

- Não sei Charlote. - disse Malu.

- Pelo que eu descobri, todo final do mês eles fazem isso, é uma forma de confraternização, você recém entrou e já vai recusar? Além disso, é a oportunidade de conhecer outras pessoas. - disse Charlote.

Malu ficou pensativa, Charlote tinha razão, era uma maneira dela conhecer outras pessoas, não deixava de ser um trabalho interagir com os demais.

- Tá, eu vou. - disse Malu.

- Ótimo.  - disse Charlote.

No final do expediente, todos foram para o bar que segundo Charlote era o mais badalada da cidade. O lugar era bem arejado e tinha dois andares. Eles pegaram várias mesas e juntaram.

Todos pediram bebidas, menos Malu que quis uma água. Estavam sentados conversando quando ouviram burburinhos vindo de uma mesa do lado oposto.

Malu achou que conhecia aquela risada, mas resolveu ignorar, com aquela cidade daquele tamanho, seria muito azar se fosse ela.

- Aqueles sabem se divertir. - disse Charlote apontando para mesa.

Todos davam altas risadas.

Malu olhou de novo e era impossível não reconhecer aqueles cabelos e olhos, era Alegra com outros amigos que Malu ainda não conhecia e nem queria. Eles estavam fazendo rodadas de tequila, bebendo e rindo.

Malu resolveu ignorar e tentar focar no que ela tinha ido fazer ali que era conhecer novas pessoas.

Falou com uma repórter que ficou 10 anos esperando até ir para rua e outro demorou apenas 1 ano e já estava fazendo reportagens. Era complicado, mas Malu esperava que fosse rápido e não demorada a sua carreira.

O mesmo repórter riu quando ela disse que gostaria da área esportiva, o que a deixou irritada.

- Quem disse isso? - perguntou Charlote.

Malu mostrou.

- Ele é o principal repórter da emissora, todos os eventos importantes ele é o primeiro a ir, o nome dele é Maurício. - disse Charlote.

- E pelo jeito ele é um idiota não entendi a risada. - disse Malu.

- Você por acaso já pesquisou quantas mulheres tem no meio esportivo? - perguntou Charlote.

- Poucas eu sei, mas tá melhorando, eu acho. A supervisora da area esportiva é mulher. - disse Malu.

- Poucas é eufemismo, nessa emissora que nós estamos alem da supervisora, tem uma mulher na área esportiva e a maioria diz que é porque ela namora o diretor e executivo da empresa. - disse Charlote.

- Mas isso é um absurdo. - disse Malu.

- Bem-vinda ao mundo do machismo. - disse Charlote.

- Eu sempre achei que isso era bobagem, que as mulheres e os homens sempre tiveram os mesmos direitos e tem coisas que os homens são melhores que nós e tá tudo bem. - disse Malu.

- Então você deveria trocar de sonho, porque seguindo a sua ideia os homens são melhores que nós no jornalismo esportivo e nós nunca vamos trabalhar nisso. - disse Charlote.

- Não, não é isso, é só que eu...ah deixa pra lá eu tô falando merda. - disse Malu confusa.

- Eu vou te sugerir duas pesquisas, feminismo e equidade salarial. Depois você me conta o que descobriu. - disse Charlote e Malu assentiu.

A cidade grande estava fazendo Malu questionar várias coisas. Sua irmã sempre falava que ela precisava abrir a mente, mas ela não dava muita importância para aquilo.

Já estava ficando tarde e ela resolveu ir embora, mas primeiro foi ao banheiro. Tinha fila e ela ficou esperando.

- Tem uma passado mal no banheiro, uma nojeira. - disse uma menina saindo do banheiro.

A fila continuou andando lentamente até finalmente chegar a vez de Malu. Haviam dois banheiros e um estava ocupado com a tal menina vomitando. Malu usou o banheiro e resolveu ajudar a menina, embora não devesse porque ninguém deveria beber daquele jeito.

Foi olhar e a menina estava abraçada no vaso, depois de ter vomitado. Era difícil não conhecer a menina ajoelhada naquele chão, Alegra.

- O que você tá fazendo aí? - Malu perguntou.

Alegra não respondeu.

- Ei. - disse Malu levantando a cabeça de Alegra.

- Só me deixa aqui, daqui a pouco eu melhoro. - disse Alegra deitando a cabeça de novo.

- Eu não vou te deixar aqui, levanta. - disse Malu segurando Alegra e puxando-o para levantar.

- Consegui caminhar? - perguntou Malu.

Alegra assentiu.

- Bota o braço no meu pescoço, vamos pra casa. - disse Malu, as duas foram caminhando e saíram do bar.

Malu não queria gastar dinheiro com aplicativo, mas era inevitável naquela situação.

- Por que você tinha que beber tanto? Não tem vergonha na cara? - disse Malu.

- Pra quem é madre Teresa você é bem cheirosa. - disse Alegra.

Malu virou os olhos e sentou Alegra na calçada, até o carro de aplicativo chegar.

Subiram no carro com dificuldade e foram até em casa. Malu abriu e ajudou Alegra a entrar.

- Você precisa de um banho. - disse Malu.

- Eu preciso de 5 minutos no sofá e depois eu vou. - disse Alegra se jogando no sofá.

- Não, agora. - disse Malu puxando Alegra e a levando até seu quarto.

Era a primeira vez que Malu entrava no quarto de Alegra. O lugar tinha cores neutras e um mega guarda-roupa. Malu abriu e pegou um roupão.

- Vai servir você nunca usa nada mesmo. - disse Malu alcançando para Alegra que pegou.

- Consegue tomar banho agora? Tá melhor? - perguntou Malu.

- Eu tô sempre bem. - disse Alegra pegando as coisas e indo pro banheiro.