Capítulo 13 - Jogo

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A semana para Malu tinha sido corrida, estava com a sua pesquisa quase finalizada, estava pronta para escrever a matéria. Era domingo e ela estava tomando café da manhã com Alegra. Elas iriam fazer o tour no estádio e depois iriam assistir o jogo.

Alegra tinha entrado em contato com Tom e iria fazer umas rápidas perguntas a ele, ela estava empolgada com aquilo e não podia deixar de agradecer Alegra por estar lhe ajudando tanto.

- Pegou protetor? - disse Alegra.

- Pra que? - perguntou Malu.

- Nós vamos ficar praticamente o dia inteiro no sol, você vai se queimar. - disse Alegra.

- Não tinha pensado nisso. - disse Malu pegando e colocando na bolsa.

- Acho que agora sim, estou pronta. - disse Malu.

As duas foram no carro de Alegra e chegaram no estádio. O lugar era bem diferente do jogo de basquete não havia lotação de pessoas, isso que era um clássico.

- Pouquíssima gente. - disse Malu.

- A galera não curte muito o futebol americano. - disse Alegra.

- O que é uma pena. - disse Malu.

As duas entraram e logo foram direcionadas para um tour pelo estádio, vestiário, e o campo.

Malu estava fascinada e não entendia como alguém podia não gostar de esportes. Aquilo era sensacional.

- Eles nunca ganharam a liga nacional. Mas agora são os líderes. - disse Alegra.

- Talvez seja o empurrão que eles precisam pra aumentar o público. - disse Malu.

- Acho que isso está nas suas mãos. - disse Alegra.

Malu sorriu, não era um peso ao contrário, ela achava que tinha um propósito e que poderia ajudar de alguma forma.

Tom fez um jogo impecável e o time ganhou tranquilamente. Malu e Alegra estavam no camarote assistindo ao jogo com direito a comida e bebida.

Assim que acabou o jogo, as duas foram direcionados para a parte de entrevista. Assim que chegaram lá, a assistente avisou que era pra elas esperarem a coletiva acabar.

Assim que acabou a coletiva, Tom foi atender as duas. Chegou abraçando Alegra e depois Malu.

Alegra notou que ele demorou mais do que deveria abraçando Malu, o que Alegra já não gostou muito.

- Então vão fazer matéria sobre o esporte? - perguntou Tom.

- Ainda não sabemos ao certo, mas eu descobri algumas coisas e queria que você me explicasse como funciona. - disse Malu

- Pode perguntar, eu respondo todas as suas perguntas. Sem dúvidas. - disse Tom.

Alegra observava de longe e pensou eu não acredito que ele meteu essa.

- Eu gostaria de saber como funciona o seu projeto de social e quantas crianças são atendidas nele. - perguntou Malu.

- O projeto tem capacidade para 100 crianças, mas no momento só temos 10. As famílias não tem interesse no esporte e consequentemente não trazem e os que a gente consegue captar dizem não gostar do esporte e vem em dias esporádicos para a alimentação. - disse Tom.

- É uma pena, já pensaram em algo para chamar essas crianças? - perguntou Malu.

- Já andamos pelo bairro fizemos campanha, mas o que ouvimos é que o esporte é elitista demais para eles. - disse Tom.

- É uma pena. - falou Malu.

- Talvez se tivéssemos uma figura feminina forte, talvez conseguíssemos mudar um pouco isso. - ele disse.

- Acredito que teria que ser uma iniciativa de todos. - disse Malu.

- Com certeza. - disse Tom.

Malu fez mais algumas perguntas sobre a localização do projeto e a estrutura.

- Obrigada Tom pelo seu tempo. - disse Malu.

- Meu tempo sempre vai estar a sua disposição. - disse ele.

- Obrigada. - disse ela.

- Você não quer tomar um café ou comer qualquer coisa? - perguntou ele.

Antes que pudesse responder Malu olhou para Alegra.

- Vocês duas claro. - corrigiu-se Tom.

- Agradecemos, mas temos que ir. - disse Alegra do outro lado da sala.

- Ela é alguma coisa sua? - perguntou Tom baixinho.

- Amiga, minha melhor amiga. - disse Malu.

- Achei que vocês fossem um casal- disse Tom.

- Não, apenas amigas, ela me ajuda muito. - disse Malu.

- Que bom. Precisando de mim só ligar. - disse Tom dando outro abraço em Malu.

Alegra queria trucidar aquele cara nem ela abraçava Malu, quem ele achava que era?

- O que ele queria falando no seu ouvido? - perguntou Alegra.

- Ele não falou no meu ouvido, ele queria saber se tínhamos algo? - disse Malu.

- Como assim? Ele enlouqueceu? Além de dar em cima de você escancaradamente. - disse Alegra visivelmente irritada.

- Eu disse que você é só uma amiga e eu sou hetero, não tem fundamento ele pensar uma coisa dessas isso jamais aconteceria. - disse Malu.

- Jamais aconteceria a frase que ficou repetindo na cabeça de Alegra.

- Vamos comer? - disse Malu e Alegra assentiu.

Pegaram um cachorro quente no próprio estádio e voltaram para casa. O caminho do retorno foi em silêncio, Alegra ainda estava pensativa com o que tinha escutado.

O problema de viver no mundo das possibilidades, é que todas as alternativas são possíveis. Mas quando você sai do mundo das possibilidades para o mundo real, o baque é grande.

Alegra sabia que Malu tinha namorado e que era hetero? Óbvio. Sabia que não deveria começar a gostar dela? Óbvio. Mas no mundo das possibilidades sempre existe aquele 1% de ilusão, e se? E se? Sempre existia algum tipo de esperança mesmo que mínima.

Mas quando Alegra escuta que aquilo jamais aconteceria, é o mundo real, dizendo para Alegra. Querida acorda, isso não vai rolar. Reage. Ela te considera apenas como uma amiga. E era isso que Alegra era uma amiga para Malu. Ela precisava sair do mundo das possibilidades para aceitar o mundo real.

Elas chegaram em casa e entraram.

- Quer assistir um filme? Minha vez de escolher. - disse Malu.

- Acho que vou ter que recusar, preciso de um banho e um remédio, tô morrendo de dor de cabeça. - disse Alegra.

Malu achou estranho, mas assentiu.

Alegra encheu a banheira com água e entrou ali. Precisa se reconhecer e principalmente reconhecer o lugar que lhe cabia que nada mais era do que uma amiga.

Ficou na banheira por um tempo. Só depois de se sentir tão cansada e sem forças que saiu da banheira e foi deitar. Amanhã seria um novo dia e ela precisava reagir.

Quando o amor bate à portaOnde histórias criam vida. Descubra agora