Capítulo 17 - Revelações

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A semana passou corrida, Alegra esperou Malu todos os dias e elas assistiram algum filme no sofá e comeram besteiras ou ficavam até altas horas conversando banalidades. O harém que Malu tanto detestava não tinha aparecido nenhum dia da semana.

No sábado, Alegra convidou Malu para fazerem um piquenique no parque e Malu aceitou.

Alegra preparou as coisas e foram a tarde para aproveitar o sol. Alegra abriu a coberta e as duas sentaram. Ao lado dela, duas crianças brincavam.

- Meu sonho é ter um filho. - disse Malu.

- Sério? - disse Alegra.

- Sim. Casar, ter filhos, casamento eu sou clichê nesse nível. - disse Malu.

- Eu acho que você ia adorar assistir dorama. - disse Alegra.

- As séries coreanas? - disse Malu fazendo cara feia.

- Primeiro você vai olhar para depois julgar. - disse Alegra.

- Mas se eu não gostar eu não vou assistir toda. - disse Malu.

- Fechado, a partir de segunda temos uma missão. Eu escolho o dorama. - disse Alegra e Malu assentiu.

Alegra estava feliz, resolveu não criar expectativa e aproveitar a companhia de Malu e aquilo que ela podia lhe dar.

- Alegra? - disse uma mulher se aproximando.

- Sandra. - disse Alegra se levantando e indo cumprimenta-los.

- Quanto tempo querida, como você tá? - disse Sandra.

- Bem e vocês? - perguntou Alegra.

- Bem na medida do possível. Saudades querida, apareça para nos visitar. - disse Sandra.

- Eu vou, saudades de você também. - disse Alegra.

- Que bom que você seguiu em frente, querida. - disse Sandra.

- Ah não, é só uma amiga, Malu. - disse Alegra.

- Prazer Malu. - disse Sandra.

- Prazer. - disse Malu.

- Bom já vou indo hoje o dia esta ensolarado. Vim correr. - disse Sandra.

- E nós aproveitar o sol. - disse Alegra.

Se despediram e Sandra se foi.

Alegra sentou na grama e ficou pensativa, encontrar Sandra era sempre um misto se sentimentos principalmente porque ela lembrava muito Laura. Um dos motivos dela evitar visitar Sandra era justamente esse.

- Quer compartilhar? - perguntou Malu.

- Laura, era minha melhor amiga, mas as coisas começaram a mudar e um dia ela se declarou pra mim dizendo que o que estava sentindo ia além da amizade. Saímos para jantar no mesmo dia e estávamos voltando quando um carro bateu em nós. Ela não resistiu. - disse Alegra.

- Sinto muito. - disse Malu.

- O mais difícil é que ela não fazia nada errado sabe? A desvirtuada era eu, ela não tinha defeitos, não fazia mal a ninguém, não bebia quando dirigia, respeitava as leis, respeitava as pessoas e por causa de um imprudente ela se foi. - disse Alegra com lágrimas nos olhos.

Malu foi até Alegra e segurou sua mão.

- Sinto muito de verdade. - disse Malu.

- Sandra era a mãe dela, elas se pareciam muito. Um dos motivos de eu não conseguir visitar a Sandra. - disse Alegra.

- Eu acho que você deveria ir visita-la, se dói em você, dói ainda mais nela, uma mãe que perdeu uma filha.Faz muito tempo isso? - perguntou Malu.

- 4 anos. - disse Alegra.

Malu segurou ainda mais forte a mão de Alegra.

- Tudo bem sentir saudade, é uma forma de lembrar dela. - disse Malu e Alegra deixou algumas lágrimas caírem.

- As vezes eu fico pensando se a gente não perdeu tempo demais e justamente quando iríamos começar ela se foi. - disse Alegra.

- Eu acredito que as coisas são como tem que ser. E a gente tem um propósito na vida. - disse Malu.

- O meu propósito só pode ser sofrer. - disse Alegra.

- Não fala essas coisas, você é uma mulher incrível, inteligente, bondosa, cuidadosa, alegre, sempre disposta a ajudar, cuidar. O seu propósito é maior do que você imagina. - disse Malu.

- Você não pode me dizer essas coisas, se não é capaz que eu acredite. - disse Alegra.

- Pois pode acreditar porque é verdade. Além disso quem receberia a irmã de uma conhecida em sua casa? Só uma pessoa com um grande coração. - disse Malu.

- Eu jamais recusaria qualquer pedido da Giovanna ela me salvou uma vez e eu nunca esqueço das pessoas que me ajudam. - disse Alegra.

- E como foi isso exatamente? Ela nunca me contou. - disse Malu.

- Basicamente eu ia ser expulsa da faculdade. Me acusaram de esconder maconha no quarto e fumar no campus.

- Meu Deus. - disse Malu apavorada.

- E dessa vez eu não era culpada. Enfim, uma amiga conhecia uma amiga que disse que uma estudante de Direito poderia me ajudar. Sua irmã estava fazendo intercâmbio ou visitando não lembro direito e ela sem nem me conhecer conseguiu provar minha inocência. - disse Alegra.

- Sério? Eu não sabia disso. - disse Malu.

- Sim, ela e a Beth eram ótimas juntas. Depois ela voltou pra cidade de vocês, mas eu sempre tive essa dívida com ela. - disse Alegra.

- Beth, a Elizabeth? Não sabia que ela já se conheciam nessa época. - disse Malu.

- Sim, elas se conhecerem aqui, e depois que sua irmã voltou pra cidade de vocês, ela foi junto. - disse Alegra.

- Eu não fazia ideia disso. - disse Malu.

- Foi mal, eu achei que fosse algo aberto pra família. - disse Alegra.

- Você ta dizendo que a Giovana é a Beth são um casal? - disse Malu.

- Eu não quero ser a pessoa que tira a sua irmã do armário. Eu acho que cada pessoa tem o direito de escolher que momento ela acha oportuno pra sair do armário. - disse Alegra.

- Agora as coisas tão fazendo sentido. Final de semana ela nunca dormia em casa. As vezes não aparecia para jantar. - disse Malu.

- Quando eu falar com a sua irmã vou pedir desculpas. - disse Alegra.

- Não precisa, eu não vou falar nada. Ela que conte para nossos pais no momento que achar melhor. - disse Malu.

- Eu achei que elas morassem juntas. - disse Alegra.

- Beth trabalha dando consultoria para as empresas da região então viaja bastante e a Gio tem o escritório dela, mas os pagamentos geralmente são animais e presentes raramente é dinheiro. - disse Malu.

- Eu não fazia ideia. - disse Alegra.

- Mas agora várias coisas fazem sentido. - disse Malu.

- Vamos pra casa? Eu sinto que já falei demais por hoje. - disse Alegra e as duas juntaram as coisas para irem embora.

Quando o amor bate à portaOnde histórias criam vida. Descubra agora