Capítulo 22 - Realidade

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- Ele fez o pedido, vamos no casar assim que ele for promovido. - disse Malu.

Alegra sentia facadas sendo cravadas por todo o seu corpo, teve vontade de vomitar e chorar descontroladamente.

- Por que você vai casar? - Alegra perguntou.

- Por que é isso que as pessoas fazem namoram, casam,tem filhos. - disse Malu.

- Isso é o que a sociedade diz que é a ordem, mas não precisa ser assim. - disse Alegra.

- Eu sei, mas você sabe que eu sempre quis isso. - disse Malu.

Alegra olhava para ela sem acreditar.

- Vou perguntar de novo por que você vai casar com ele? - disse Alegra.

- Por que ele é o homem da minha vida. - disse Malu.

- Uau. - disse Alegra sem qualquer tipo de filtro.

- Eu achei que você ia ficar feliz por mim. - disse Malu.

- Nós não somos crianças Malu, não é óbvio porque eu não tô feliz? - disse Alegra.

- Amigas ficam felizes pelas conquistas da outra. - disse Malu ficando nervosa.

- O que você espera de um casamento e porque ele? - perguntou Alegra.

- Casamento vai além de apenas amor, é companheirismo, é ter alguém para cuidar de você quando você fica doente. Alguém que te espera para jantar, que fica feliz com as tuas conquistas, que comemora junto contigo. Que te leva pra jantar, que te faz surpresas, que quer sempre te ver bem. - disse Malu.

Alegra não podia acreditar no que estava escutando.

- Tudo isso que você acabou de dizer, ele faz isso por você? Você tem certeza? - disse Alegra.

- Fará quando formos morar juntos. - disse Malu.

- Tudo que você citou a gente, eu e você vivemos juntas, simplesmente tudo. Você não achou estranho que nos últimos meses nenhuma menina ou menino tem vindo aqui? - disse Alegra.

- Eu reparei, mas.. achei que...- tentou dizer Malu.

- Eu te amo Maria Luiza, amo o jeito que você sorri, o jeito que quase quebra o chão quando tá brava. Eu amo cuidar de você, amo como você se indigna com um filme ou quando chora emocionada. Amo levar você pra jantar, pra conhecer a cidade. Sinto muito orgulho de tudo que você conquistou e vai conquistar ainda mais. Amo quando você coloca os fones e fica desfilando ao cozinhar. Amo a maneira como você cuida dos seus pais e trata eles. Eu amo você. - disse Alegra.

Malu ficou atônita.

- Você não pode simplesmente jogar isso em cima de mim assim. Eu acabei de ser pedida em casamento. - disse Malu.

- E eu deveria esperar o que? Quando o padre perguntasse se alguém tinha algo contra? - disse Alegra.

- Você é minha amiga, somos melhores amigas não tem nada demais nisso. - disse Malu.

- Malu olha pra mim e me diz se em momento nenhum você nunca sentiu nada diferente? Sempre achou que era apenas amizade? Porque se a resposta for sim, esqueça tudo o que eu falei foi um delírio da minha parte. - disse Alegra.

- Eu estou noiva do Anderson e eu vou me casar com ele. Eu sempre achei que éramos boas amigas eu nunca tive maldade sobre a gente. - disse Malu.

De novo Malu transmitindo em palavras o que Alegra não queria ouvir, mas infelizmente era a realidade. Malu não gostava dela, não tinha como obrigar a alguém a nos amar. Aquilo tinha sido um delírio.

Alegra limpou duas lágrimas que insistiram em cair.

- Desculpa, foi mal. Péssimo momento, eu enxerguei coisas onde não tinha. Eu não deveria ter dito nada, como você disse é o seu momento eu não tinha direito. - disse Alegra.

- Eu não quero que você se sinta assim, eu..- tentou dizer Malu.

- Não se preocupe, só esquece o que eu falei, daqui uns meses você vai estar casada e longe daqui, só vamos manter a boa convivência e fingir que esse dia não aconteceu. - pediu Alegra se levantando.

- Eu sinto muito. - disse Malu.

- Não precisa, sério. O erro foi meu. Você não precisa se desculpar de nada. Anderson tem muita sorte de ter encontrado você. - disse Alegra.

- Eu nunca tive intenção de machucar você. - disse Malu.

- As pessoas nunca têm Malu, mas elas machucam. - disse Alegra.

Malu não disse mais nada. Alegra subiu as escadas e se trancou no quarto. Assim que entrou desabou no chão, suas lágrimas brotavam sem parar.

Ela tinha prometido a si mesma que não iria sofrer mais depois de Laura, mas então ela conheceu Malu e agora lá estava ela, chorando por um amor não correspondido.

Malu foi até a porta do quarto de Alegra queria falar com ela, explicar, dizer alguma coisa. Mas quando tocou na maçaneta da porta, desistiu. O que ela poderia falar? Que estava confusa com tudo aquilo? Mas que no fundo sabia que o certo era casar com Anderson?

Ela não queria decepcionar os pais. Giovanna sempre foi a filha rebelde, cheia de opiniões, Malu sempre foi a princesa da família, ela fazia tudo que sua mãe pedia e agora lá estava ela, realizando mais um desejo da mãe, mas será que era isso mesmo que ela queria?

Ela não tinha resposta, a única coisa que ela sabia é que era de cortar o coração ver Alegra chorando daquele jeito, justo Alegra que sempre teve uma alegria própria, apesar de ter perdido seu amor em um acidente.

Na porta do quarto, Malu podia ouvir o choro baixinho de Alegra, nada podia ser mais triste que aquilo e pior ainda saber que ela tinha sido o motivo daquele choro.

Desistiu de entrar no quarto de Alegra e voltou para o seu. Tinha ligações de sua mãe e de Giovana. Provavelmente sua mãe parabenizando-a e Giovana perguntando o que ela tinha na cabeça, ela conhecia a família o suficiente para saber o que cada um diria para ela. Mas naquele momento ela só queria um pouco de paz, sem opiniões, apenas ela em silêncio tentando entender os seus próprios sentimentos.

Quando o amor bate à portaOnde histórias criam vida. Descubra agora