Capítulo 26 - Verdades

338 54 18
                                    

- Como a mamãe reagiu quando você contou? - perguntou Giovana levando Malu até o aeroporto no dia seguinte.

- Na verdade eu não contei, não tava com ânimo pra explicar e ela com certeza ia tentar me convencer do contrário. - disse Malu.

- Se serve de consolo eu acho que você fez a coisa certa. - disse Giovana.

- Eu acho também. - disse Malu.

As duas se despediram e antes de entrar no avião, Malu mandou uma mensagem para Alegra.

- Estou voltando para casa, podemos conversar? - enviou Malu.

Malu sentia que tinha tirado um peso das costas. Aquela situação toda com Anderson estava insustentável. Tinha adorado o tempo que tinha passado com Beth e Giovana. As duas tinham uma dinâmica só delas, as vezes elas entravam numa bolha numa coisa impenetrável que só elas entendiam que eram tão lindo.

Malu não tinha aquilo com Anderson e ela não queria passar a vida toda sem ter aquela sensação. Estava bastante pensativa sobre a questão do cinema. Será que Alegra seria tão maluca a ponto de alugar um cinema só para elas assistirem?

Naquela época elas mal se conheciam, será que isso era possível? Ficou pensando no que ela ficou fazendo durante o final de semana. Imaginou Alegra cercada de mulheres e teve vontade de vomitar.

Esse era o problema de Alegra ela nunca sabia o que esperar dela, mas ao mesmo tempo que aquilo deixava Malu insegura, era também emocionante. Alegra era uma caixinha de surpresa e aquilo era sensacional. Ela nunca sabia o que podia esperar de Alegra.

O dia que foram jantar e maneira como Alegra a olhou, um olhar que penetrava em cada parte do seu corpo. Um olhar de quem podia deixa-la nua, sem sequer tirar-lhe a roupa.

Ela tinha mentido para Alegra quando disse que nunca imaginou nada além de amizade. Era uma grandíssima mentira, mas naquele momento ela não sabia como lidar com tudo aquilo. Alegra tinha sido direta e Malu não estava preparada para tanta sinceridade de uma vez.

A verdade era que Malu se sentia confortável perto de Alegra, e adorava ser mimada. E só o fato de imaginar alguém tocando em Alegra ela ficava doente. Mas ela não estava em posição de impor nada.

Alegra era livre, espontânea, sem estigmas sociais. Já Malu se sentia presa a tantas coisas e principalmente a sua família. Ela queria o que Giovana e Beth tinham, aquele mundo próprio só delas que ninguém tinha a capacidade de entrar além delas.

Verificou o celular mais uma vez e Alegra ainda não tinha respondido. Sentia seu coração apertado, será que Alegra estava com alguém? E o pior será que ela aproveitou a casa vazia para voltar com o seu harém? Ela não tinha resposta para aquilo, só quando chegasse.

Assim que desembarcou ligou o celular e viu a mensagem de Alegra.

- Quer que te busque no aeroporto? - era a mensagem

Talvez as coisas não estivessem tão ruins. - pensou Malu.

- Acabei de desembarcar. - enviou Malu.

- Chego em 10 muitos. - enviou Alegra.

Malu comprou um café e ficou sentada esperando por Alegra.

10 minutos depois, Alegra apareceu. Estava vestindo uma calça jeans e uma camisa social branca.

- Linda. - pensou Malu.

- Oi. - disse Alegra.

- Oi. - disse Malu.

- Precisamos conversar. - disse Alegra.

As duas foram no carro de Alegra até uma confeitaria que havia perto do aeroporto e fizeram seus pedidos.

- Eu vou começar, primeiro quero pedir desculpas por ter jogado aquilo tudo em cima de você. Meu feeling foi péssimo. - disse Alegra.

- Na verdade...- tentou dizer Malu.

- Deixa eu terminar por favor. - pediu Alegra e Malu assentiu.

- Então eu criei expectativas que não faziam sentido, e em breve você vai casar, se mudar, enfim. Não quero que fique um clima ruim entre nós. No fim das contas nos tornamos amigas e eu desejo a sua felicidade. - disse Alegra.

- Então tudo bem eu estar noiva e me casar? - disse Malu.

- Sim, você é hetero, gosta do príncipe lá, eu so quero que você seja feliz. - disse Alegra.

- Pra sua informação eu não tô mais noiva. Mas pelo que você tá falando você não se importa tanto assim. - disse Malu irritada.

- Pera aí é o que? Por que você não tá mais noiva? - quis saber Alegra.

- Por que éramos incompatíveis, por vários motivos ele queria que eu voltasse pra morar com ele e isso não vai acontecer. Tenho meu emprego aqui. - disse Malu.

- Então acabou mesmo? Não tem chance de volta? - insistiu Alegra.

- Zero chance. - disse Malu.

- Isso é uma excelente notícia. Era isso que voce queria me dizer?- disse Alegra.

- Na verdade tem mais coisa vamos pra casa? - disse Malu.

Alegra assentiu e as duas foram para a casa.

Alegra chegou e ficou observando o lugar.

- O que aconteceu aqui um terremoto? - disse Malu.

- Uns amigos acharam que era uma boa ideia, dar uma festa para me animar. - disse Alegra e Malu bufou.

- Posso sentar no sofá ou você comeu alguém aqui? Ou será que foi na cozinha? Ou no seu quarto? Ah o quarto é um lugar manjado você quer nossos lugares. - disse Malu irritada.

- E que diferença isso faz? - perguntou Alegra.

- Toda? - disse Malu com as mãos na cintura encarando Alegra.

- Não que faça diferença mas pra sua informação eu não peguei ninguém. - disse Alegra.

- E você quer que eu acredite, justo você que tem um harém? - disse Malu.

- Eu não posso obrigar você a confiar em mim, mas é a verdade. Eu só ainda não entendi porque isso faz tanta diferença? - disse Alegra.

- Por que eu me importo com você, você tinha razão o que a gente fazia não era coisa apenas de amigas. - disse Malu.

Alegra ficou petrificada sem saber o que falar.

- Eu não sei direito o que eu tô sentindo, isso é bem confuso pra mim, eu só preciso de um tempo para entender o que é tudo isso. - disse Malu.

- Você tá querendo me dizer que mesmo que exista uma chance mínima de no futuro acontecer algo entre a gente, essa chance existe? - perguntou Alegra.

- Existia até eu chegar aqui e ver que você continua com esse seu harém. - disse Malu.

- Não aconteceu nada nessa festa, eu fiquei bêbada e chorei por você como sempre, foi um fiasco. - disse Alegra.

- Você chorou por mim? - perguntou Malu.

- É só o que eu faço nas últimas semanas. - disse Alegra.

- Eu não quero perder o que nós temos, eu senti falta de você todos os dias desde que a gente brigou. - disse Malu.

- Eu também e se você quiser eu espero o tempo que for até você entender o que tá sentindo. - disse Alegra.

- Tem certeza? E o seu harém? - disse Malu.

- Nada é mais importante que você. - disse Alegra.

Malu abriu um sorriso e sentiu seus olhos lacrimejarem.

Alegra foi até ela e abriu os braços, recebendo Malu em seus braços.

Malu se sentiu em casa, os braços de Alegra e o cheiro dela, eram como um lar, e ficou se perguntando porque ela tinha demorado tanto tempo para entender isso.

Quando o amor bate à portaOnde histórias criam vida. Descubra agora