*A lua guardará nossas memórias.*

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     São 17:00 horas e o sol é escaldante

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     São 17:00 horas e o sol é escaldante.

  Eu estou do lado de fora. Ao me lembrar da noite passada, o meu rosto cora.

  Estou sentado vendo o meu Lar ser queimado.

   Queimado por mim mesmo. Mas é melhor do que deixá-lo ser encontrado, ou pior, ser amado.

  Eu o vejo morrer. dói, mas conseguirei sobreviver.

   Onde viverei, eu não sei. Mas devo viver como um andarilho, pois provavelmente o meu olhar perderá o brilho.

    "Não, não... Não!!"

   Vejo o vampiro a correr e chorar. O vejo se despedaçar ao olhar para o meu Lar.

  

"O que você fez?! Por que desististes de vez?"

   "Acalme-se, velho amigo." Respiro fundo. "Desisti pois ninguém quis ficar comigo."

 "Você não devia destruir o seu Lar! Poderia concertar!"

   Rio.

  "Não há mais concerto."

  "Levante-se! Precisamos apagar o fogo! Vamos, acabe com essa besteira de jogo!"

   "Você deveria se sentar." 

   "Você deveria me ajudar a concertar!"

   "Acredite, eu tentei."

  Ele se senta ao meu lado.

  "Não tentastes o suficiente. Vamos, pode ser que agora seja diferente..."

   "Não será."

   "Onde tu irá morar?"

   "Não terá mais nenhum Lar."

    "Mas..."

   "Como me encontrou?"

  "Nunca deixei de tentar te agradar."

    Penso que ele fugiu da minha pergunta, mas continuo.

   "Como assim?"

   "Eu estava disposto a concertar o seu Lar." Ele não parava de chorar.

  "Perda de tempo."

   "Eu iria te ajudar a regenerar o sangue do seu Lar."

    Olho curioso para ele.

   "Como?"

   "Não me importava seriamente se teria sangue para fim. Eu teria por nós dois até o fim.

   "Talvez para sempre seja exagero, mas até que você conseguisse um pouco, espero. Mas VOCÊ SÓ SE IMPORTAVA COM AQUELE MALDITO GIRASSOL! MESMO AMANDO O FRIO, DEIXOU O CALOR SE INSTALAR AI, POR ELE PEDIU O SOL!"

  "Eu não sabia..."

   "Eu sempre estive aqui, esperando você se lembrar de mim, para eu lhe mostrar como viver, enfim."

    Ele seca as lágrimas.

   "Nunca teve nada de errado com o seu Lar, foi apenas aquele maldito girassol que não soube cuidar."

   Choro, assim como a lua naquela noite em que me lembrei do girassol no fim da rua.

  "Eu... eu não sabia."

   "Estava ocupado chorando por uma despedida." 

    Ele está tão arrasado, por minha culpa...

  "Ele era especial."

   "Só soube quebrar o seu Lar e sumir no final."

 "Mas o meu Lar sempre teve rachaduras na parede."

   "Você viveu tanto tempo preso na realidade dele que se esqueceu de como era o seu Lar. Nunca ouve nada com ele, ao menos antes do girassol chegar.

  "Mas isso não importa, pois eu sabia fechar. Sabia como fazer voltar a sangrar. Como fazer parar de chover. Mas você nunca quis saber."

  "Eu fui tão tolo! Esse jogo só serviu para nos machucar, enquanto nossas almas se procuravam em busca de consolo. Ou, talvez, depois de todo esse cansaço, desejavam apenas um abraço."

    "O ombro um do outro, eu diria. Mas ainda há esperança, solte-se desta ira."

   "Não posso. Não tenho nada para oferecer a feiticeira em troca de um novo lar. E esse daí,  já não há mais como salvar."

  "E se começarmos do zero?"

  "Você não merece viver sem sangue."

  "Posso suportar até você poder me dar."

  "Suportar não é gostar."

   "Faço este sacrifício se for preciso para te amar."

     Engasgo nas lágrimas ao dizer:

   "Eu nunca irei conseguir. Você merece viver, não apenas existir."

      "Maldito..."

    "... girassol." Completo.

      Ficamos alguns minutos em silêncio até ele voltar a falar.

     "Te amar será um fardo que terei que aguentar."

     "Me esqueça, ou esse fardo irá te matar, assim como matou o meu Lar."

     "Como?"

   "Como esquecer? Também gostaria de saber." Suspiro. "Vá, e não volte nunca mais.  Encontrará algo melhor neste mudo que não lhe faça sofrer, jamais."

   "eu te amo." 

  "Algum dia, mesmo distante, irei conseguir te amar. E se por acaso de um andarilho você ouvir falar,  saiba que voltei para te encontrar. Mas se apenas ver as estrelas e de mim se lembrar, não desabe a chorar, pois as nossas memórias a lua irá guardar."

      Ele assente e vai embora, ainda olhando para trás a chorar.

 FIM!

   
















  

Os Monstros do meu LarOnde histórias criam vida. Descubra agora